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A PRÁTICA DA PSICOLOGIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS E A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Tamara Melnik

Carmem Beatriz Neufeld

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Introdução

A avaliação criteriosa e sistemática da qualidade da informação científica na psicologia se constitui em um elemento fundamental para a tomada de decisão no âmbito clínico e, também, para as diversas esferas da implementação de políticas de saúde mental no Brasil. Ela traz evidências relevantes para a elucidação de pontos essenciais à ação.1

É inegável o aumento da ênfase mundial em condutas baseadas em evidências em diversas especialidades na saúde. Esse movimento chega também às intervenções psicoterápicas, constituindo uma importante alternativa para o tratamento dos transtornos mentais. Nesse sentido, a habilidade de mapeamento das fontes de informação disponíveis e o esclarecimento dos principais fundamentos do que significa psicoterapia baseada em evidências se tornam prementes tanto para estudantes quanto para acadêmicos e clínicos.1

Conforme apontado por Oliveira,2 a área de saúde mental passou por algumas décadas de forte produção dos estudos de psicofarmacologia e psiquiatria biológica. Medicamentos indicados para intervenções em transtornos mentais ganharam espaço, e sua ação se tornou mais segura e eficaz. No entanto, o autor afirma que, nos últimos anos, pôde-se observar uma estabilidade ou até um decréscimo no desenvolvimento de novos fármacos. Isso sugere a necessidade de que as intervenções psicoterápicas ganhem espaço e desenvolvam seu pleno potencial de ação na atenção à saúde mental.

Obviamente, os estudos bem conduzidos de intervenções psicológicas existem em menor número do que aqueles envolvendo psicofármacos. Portanto, é fundamental avaliar a efetividade e a segurança da psicoterapia, considerando as diferentes técnicas, para embasar seu uso na prevenção e no tratamento dos transtornos mentais, seja como intervenção de escolha, alternativa ou adjuvante.

Cabe ressaltar que a evidência científica não exclui, de todo, as incertezas. Intervenções psicoterápicas são passíveis de sofrer influências de diversas variáveis, nem sempre considerados a priori nos estudos, como:

 

  • características do terapeuta:
    • tempo de formação;
    • especialização;
    • supervisão;
  • características do paciente:
    • comorbidades orgânicas e psíquicas;
    • nível socioeconômico;
    • motivação.

Nesse sentido, ainda que as tomadas de decisão de programas de intervenção e políticas de saúde mental venham a ser baseadas em evidências, elas devem ser um alvo permanente de processos de monitoramento e avaliação sistemáticos. Com isso, visa-se à correção e ao aprimoramento desses programas e políticas de acordo com seus resultados.3

A prática da psicologia baseada em evidências (PPBEprática da psicologia baseada em evidências) demanda do psicólogo constante atualização e conhecimento dos princípios metodológicos envolvidos na pesquisa.4,5

A partir da década de 1990, existe um consenso de que as melhores fontes de evidências sobre tratamento e prevenção em saúde mental são as revisões sistemáticas (RSrevisão sistemáticas).6 Tais estudos vêm sendo utilizados na base de elaboração de guidelines, de avaliações tecnológicas em saúde. Esse desenho de estudo também tem se mostrado extremamente útil no direcionamento de recursos para pesquisas e na proposição de programas de intervenção em saúde pública.3

Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer a PPBEprática da psicologia baseada em evidências;
  • identificar os conceitos fundamentais envolvidos na aplicação da PPBEprática da psicologia baseada em evidências;
  • reconhecer os níveis de evidências para a tomada de decisão na psicologia;
  • relacionar os critérios da PPBEprática da psicologia baseada em evidências com os dados encontrados na literatura em terapia cognitivo-comportamental (TCCterapia cognitivo-comportamental).

Esquema conceitual

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