Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- conduzir uma consulta completa e de forma segura com um adolescente;
- identificar quando o sigilo médico deve ser mantido ou pode ser quebrado;
- reconhecer as doenças mais prevalentes da adolescência, seu diagnóstico e tratamento;
- caracterizar sexualidade e identidade de gênero;
- explicar os tipos de imunização apropriados para adolescentes;
- reconhecer os efeitos nocivos das novas formas de os jovens usarem o tabaco, como narguilé e vaporizadores.
Esquema conceitual
Introdução
Qual seria a razão de o homem adulto escutar tantas brincadeiras e até mesmo piadas, muitas vezes jocosas e de mau gosto, sobre a ida ao urologista? O exame de toque retal para avaliação da próstata, na cultura machista da sociedade brasileira, é o pano de fundo ideal para que elas ocorram. Todavia, quando se pensa e se reflete um pouco mais sobre essa questão, certamente se encontram muitas mais razões para que esse cenário, em pleno século XXI e à luz de tanta informação disponível, continue existindo.
Para que entender melhor o cenário descrito, convida-se o leitor a fazer uma reflexão sobre o cuidado da saúde feminina. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, atualmente, no Brasil, as mulheres vivem, em média, 7 anos a mais do que os homens, o que representa uma significativa diferença de tempo. Múltiplas razões podem ser elencadas para explicar essa constatação, mas neste capítulo gostariam se destaca um fato bastante importante: a cultura feminina do cuidado à saúde desde a adolescência. Dados recentes divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que o acesso das meninas entre 16 e 19 anos ao Sistema Único de Saúde (SUS) foi três vezes maior do que o dos meninos no ano de 2020: 6,9 milhões de meninas contra 2,1 milhões de meninos.
Esse dado relevante e impactante demonstra uma questão cultural no Brasil com relação a cuidados à saúde feminina desde a adolescência, promovendo, desde cedo, a rotina da ida frequente aos médicos, não apenas nos casos de doença aguda, mas principalmente para a prevenção de doenças e para a promoção de saúde.
Uma pesquisa recente realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) para a campanha de conscientização da saúde do adolescente masculino denominada #VemProUro, de 2020, mostra que menos de 4% dos adolescentes do sexo masculino frequentam consultórios médicos de urologistas de forma rotineira.
Chegou a hora de mudar a maneira de olhar para a saúde dos meninos adolescentes e equipará-la com os cuidados que são promovidos à saúde das meninas. É preciso incutir nos meninos a cultura de cuidados à própria saúde e de ida ao médico com regularidade desde a adolescência.
Este capítulo tem como objetivo principal mostrar como se pode atender o menino adolescente no consultório médico. Para isso serão explicadas as etapas principais de uma consulta e serão abordadas as doenças e as situações urológicas mais frequentes e importantes.