Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- identificar as competências necessárias para uma abordagem adequada ao luto;
- reconhecer as pessoas com maior necessidade de acompanhamento durante o luto;
- realizar intervenções breves em relação ao cuidado à pessoa enlutada a cada atendimento na atenção primária à saúde (APS).
Esquema conceitual
Introdução
A APS é a porta principal de entrada ao serviço de saúde para toda população1 e tem o compromisso de acolher, avaliar, diagnosticar e encaminhar aos serviços especializados, além de acompanhar o usuário no que tange à sua integralidade, totalidade e equidade em saúde. Porém, é importante ressaltar que nem sempre a APS é o serviço escolhido pelo usuário que busca alívio para a dor do luto, pois ele é livre para escolher democraticamente o local onde quer ser atendido, podendo não ter clareza do papel da APS em sua comunidade.
O paciente, quando chega ao serviço de saúde, traz consigo toda sua história de vida, sua dinâmica de enfrentamento e sua forma de se relacionar com o mundo interno e externo, bem como suas dúvidas, angústias, fantasias e expectativas, buscando alívio e soluções para seu sofrimento.
Compreender a complexidade desse sofrimento e o significado que o paciente atribui a esse momento de sua vida é olhar e cuidar dessa dor que, muitas vezes, se apresenta no corpo, no modo como ele verbaliza, no silêncio no qual ele se encontra e pelo qual se expressa.2
Falar com o paciente sobre suas perdas possibilita a ele transbordar grande solidão e dores que não podem ser partilhadas e reparadas, pois existem graus de desespero que se apresentam tão profundos e inexpressivos. Esses são os objetivos dos profissionais que atuam na APS, os quais, muitas vezes, se sentem despreparados por falta de treinamento, apesar de reconhecerem a importância do tema.2