Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- citar as novidades introduzidas pela nova classificação dos tumores hipofisários, publicada pela OMS em 2017;
- explicar os fundamentos da nova classificação de tumores hipofisários;
- identificar as dificuldades da aplicação da nova classificação no diagnóstico e de suas implicações no tratamento dos pacientes portadores de adenomas hipofisários.
Esquema conceitual
Introdução
Até 2017, os adenomas eram divididos de acordo com a classificação de 2004 da Organização Mundial da Saúde (OMS),1 a partir dos achados morfológicos e de reações imuno-histoquímicas (IHQ) para os hormônios hipofisários e para a subunidade α como produtores de prolactina (PRL), hormônio do crescimento (em inglês, growth hormone [GH]), hormônio adrenocorticotrófico (em inglês, adrenocorticotropic hormone [ACTH]), hormônio luteinizante (em inglês, luteinizing hormone [LH]), hormônio folículo estimulante (em inglês, follicle-stimulating hormone [FSH]), hormônio estimulador da tiroide (em inglês, thyroid-stimulating hormone [TSH]) ou como null cell, quando as células do adenoma não apresentavam positividade para nenhum hormônio.
Em 2017, a OMS publicou uma nova classificação de tumores endócrinos — a WHO Classification of Tumours of Endocrine Organs (4th Edition) —,2 cujo primeiro capítulo descreve os tumores da hipófise. Nessa nova classificação, a nomenclatura segue a linhagem que deu origem ao tumor, recebendo o nome de tumores lactotróficos, somatotróficos, corticotróficos, gonadotróficos, tirotróficos, se confirmada a sua origem por meio de IHQ feita tanto para os hormônios hipofisários como para os fatores de transcrição ligados a cada linhagem celular naqueles tumores negativos para todos os hormônios. Também foi excluída a denominação adenoma atípico, usada na presença de índice mitótico e proliferativo elevado.2
A IHQ para a citoqueratina de baixo peso molecular também permite classificar os tumores como densamente ou esparsamente granulares e os adenomas produtores de ACTH do tipo de células de Crooke, substituindo a microscopia eletrônica na maioria dos casos.
Depois da publicação da nova classificação de tumores endócrinos, vários autores, patologistas, endocrinologistas e neurocirurgiões se manifestaram por meio de conferências e de publicações científicas discutindo seus avanços e controvérsias.2 Assim, algumas considerações devem ser feitas, como a dificuldade na utilização de alguns anticorpos para a IHQ, em especial para o fator de transcrição TPIT, e a falta de dados de literatura que demonstrem o uso da nova classificação no prognóstico e na orientação terapêutica.
Este capítulo apresenta uma análise crítica com base na literatura e as dificuldades na aplicação da nova classificação na prática clínica de seguimento dos pacientes no meio endocrinológico.