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AS LESÕES E A FISIOTERAPIA ESPORTIVA EM UM TRIATLO IRONMAN

Fábio Sprada de Menezes

Felipe Moreira Campos

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • identificar as principais lesões com suas causas, tratamento e principais vias de prevenção;
  • reconhecer as implicações do gestual do triatleta e da sobrecarga repetitiva no aparecimento de lesões, sob a óptica da fisioterapia esportiva;
  • identificar as principais lesões crônicas e traumáticas associadas à prática do triatlo a ao ironman, bem como as principais formas de tratamento e prevenção;
  • reconhecer as principais queixas álgicas dos atletas após uma prova de ironman;
  • indicar as principais técnicas de recuperação no setor de fisioterapia do Ironman Brasil.

Esquema conceitual

Introdução

O aparecimento de lesões nos esportes pode ocorrer por inúmeros fatores e consiste em respostas corporais à agressão sofrida pelo corpo do atleta durante sua prática esportiva. Várias dessas causas são citadas na literatura como, entre outras:1,2

  • idade;
  • sobrecarga de treinos e jogos;
  • contato físico;
  • desequilíbrios musculares;
  • inabilidade na execução do gesto esportivo;
  • audácia excessiva;
  • vulnerabilidade estrutural;
  • desigualdade física entre os praticantes;
  • desrespeito às regras do jogo.

Nesse campo, aparece a fisioterapia esportiva, que é uma das áreas de atuação mais procuradas pelo profissional fisioterapeuta brasileiro na atualidade e cuja prática e métodos são aplicados no caso de lesões causadas por esportes, com o propósito de recuperar, sanar e prevenir as lesões. O fisioterapeuta atuante nessa área deve considerar e reconhecer esses e outros fatores em uma proposta de tratar mais eficientemente, precocemente e, principalmente, prevenir o aparecimento de lesões nos atletas.

A alternância de três modalidades, as diferentes distâncias de corrida, as condições climáticas de algumas competições, as técnicas de treinamento e o melhor equilíbrio muscular são as causas pelas quais o triatlo pode ser considerado a “fronteira” dos esportes de resistência para estudos envolvendo fisiologia, traumatologia, biomecânica e treinamento.3

A compreensão das lesões sofridas durante a competição e o treinamento de triatlo permite o melhor planejamento para:4

  • a cobertura da equipe de saúde no dia da competição;
  • o programa de acompanhamento durante o treinamento;
  • a identificação de fatores de risco;
  • o desenvolvimento de estratégias de intervenção apropriadas específicas para o triatlo.

O tratamento do triatleta, após lesão, tem, como objetivo principal, devolver o indivíduo o mais rápido possível para a prática esportiva. Ao mesmo tempo, ele visa a potencializar as funções humanas para a execução do movimento com alto desempenho após a retomada dos treinamentos e das competições.

Recuperar um atleta não é somente curá-lo do ponto de vista patológico, é também prepará-lo melhor para enfrentar tudo aquilo que provocou a lesão outrora.

No caso do ironman, especificamente o objeto de estudo deste artigo, há a necessidade de um olhar especial. Os atletas extremos exigem o máximo de suas capacidades fisiológicas e psicológicas, tornando a participação em uma prova desse porte um desafio quase que de vida ou morte. Não são infrequentes, durante a prova, os traumas graves, como fraturas e luxações, e os abandonos por conta da incapacidade orgânica de completá-la. Após a prova, as queixas variam desde dores intensas no corpo e câimbras até casos graves, como convulsões, hipotensão postural, quadros hiperglicêmicos e hiponatrêmicos, choques hipovolêmicos, distúrbios respiratórios e de circulação, desmaios, entre outras, muitas vezes exigindo atenção e internação imediata.5

Dallam e colaboradores6 dissertam sobre o aparecimento de lesões musculoesqueléticas e afirmam que ele pode ocorrer tanto no treinamento de preparação para a prova, quanto na fase competitiva em si. As lesões são mais frequentes durante as provas do que nos treinos.7,8 O segundo autor relata uma taxa de 17,4 lesões para cada 1.000 horas de competição e 5,4 lesões para cada 1.000 horas de treino.8 Durante a Olimpíada de Londres, em 2012, 14,5% dos triatletas que competiram referiram o aparecimento de lesões durante os Jogos.9

Boa parte das lesões associada à prática do triatlo é crônica, ou seja, por excesso de uso (overuse). Faz-se necessária então, a análise das diferenças gestuais entre os três esportes que compõem a modalidade e entender o desgaste cumulativo sofrido pelos atletas durante a prova e, principalmente, os treinamentos. Assim, os motores para a execução da prova com sucesso também são os principais agentes causais das lesões.

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