- Introdução
Com o avanço da idade, surgem doenças que podem gerar modificações funcionais e estruturais no organismo, comprometendo a vitalidade. Em razão disso, considerando o aumento da longevidade, a preocupação com o envelhecimento ativo, saudável, independente e autônomo vem ganhando destaque.1
No sistema neuromusculoesquelético, percebe-se, por exemplo, redução de massa muscular, o que pode prejudicar a postura, o equilíbrio, a agilidade e o desempenho funcional do idoso, dificultando até mesmo a realização das atividades da vida diária (AVDatividades da vida diária). Ainda, há declínio dos sistemas sensoriais importantes para promoção do controle do equilíbrio e da postura corporal, uma vez que sua regulação estabelece uma relação adequada e harmoniosa entre o corpo e o ambiente.2 A integração dos sistemas sensoriais com o sistema neuromusculoesquelético é responsável pela manutenção do equilíbrio do corpo,3 e qualquer irregularidade de um ou de ambos pode comprometer a estabilidade corporal, levando o idoso a quedas.
A crescente diminuição de massa muscular e da reserva funcional dos sistemas sensório-motores envolvidos no mecanismo do controle postural (sistemas vestibular, visual e somatossensorial, função muscular, amplitude de movimento, alinhamento biomecânico e flexibilidade), bem como dos processos centrais (sistema nervoso central [SNCsistema nervoso central]), predispõe o idoso a quedas4 e suas consequências (escoriações no tecido cutâneo, fraturas, imobilização prolongada ou até mesmo óbito). Kasahara e colaboradores5 salientam que as quedas são a causa mais frequente de fraturas de quadril e punho em idosos, o que indica a importância de serem evitadas.
No cenário descrito, é possível verificar que o desequilíbrio no idoso dificilmente pode ser atribuído a uma causa específica, mas a um conjunto de comprometimentos do sistema de manutenção de equilíbrio como um todo. Considerando esses aspectos, uma avaliação precoce pode auxiliar na independência funcional do indivíduo que está envelhecendo. Geralmente, as queixas de desequilíbrio na população geriátrica surgem em torno dos 65 aos 75 anos de idade (aproximadamente 30% dos idosos nessa faixa etária a apresentam). As manifestações dos distúrbios de equilíbrio corporal nos idosos podem reduzir sua autonomia social, gerar sofrimento, medo de cair novamente e altos custos com o tratamento de saúde.3
A necessidade de identificar as principais causas do desequilíbrio no idoso para evitar suas consequências desastrosas fez surgir uma gama de testes funcionais e clínicos para avaliar a estabilidade corporal, como o uso da posturografia dinâmica computadorizada (PDCposturografia dinâmica computadorizada).6 Trata-se de um sistema computadorizado que permite isolar e quantificar a participação das informações sensoriais responsáveis pela manutenção do equilíbrio corporal.
Os dois principais testes realizados pela PDCposturografia dinâmica computadorizada são o Teste de Organização Sensorial (em inglês, Sensory Organization Test [SOTTeste de Organização Sensorial]) e o Teste de Controle Motor (em inglês, Motor Control Test [MCTTeste de Controle Motor]), que permitem avaliar a intensidade e a coordenação da resposta motora aos estímulos recebidos na postura ortostática. A PDCposturografia dinâmica computadorizada é uma medida da oscilação corporal que pode ser útil não só para qualificar e quantificar o desequilíbrio em idosos, mas também para identificar aqueles com risco de queda.7 A avaliação do equilíbrio corporal em idosos serve como medida preventiva de acidentes e promove a autonomia e a funcionalidade dessa população.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar a relação entre postura e equilíbrio corporal;
- reconhecer as principais influências no controle da estabilidade do corpo;
- identificar as alterações do equilíbrio corporal em idosos;
- interpretar as variáveis que acometem a estabilidade do corpo em idosos avaliados nos testes de equilíbrio aplicados.
- Esquema conceitual