Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- definir agitação na demência;
- realizar a avaliação estruturada do paciente agitado com demência;
- reconhecer as abordagens não farmacológicas;
- identificar quando e como iniciar o tratamento farmacológico, os riscos e os benefícios.
Esquema conceitual
Introdução
Os déficits cognitivos são a característica marcante e definidora dos quadros demenciais. Entretanto, os aspectos não cognitivos, comumente chamados sintomas psicológicos e comportamentais das demências (em inglês, Behavioraland Psychological Symptoms of Dementia [BPSD]) ou sintomas neuropsiquiátricos da demência, são bastante frequentes e muitas vezes constituem o aspecto dominante no quadro clínico. Entre essas manifestações está a agitação, que é bastante frequente em todos os quadros demenciais, com grande impacto negativo.1,2
Quando presente em um paciente com demência, a agitação impacta negativamente na qualidade de vida do paciente e do cuidador, pode precipitar institucionalização e muitas vezes aumenta o uso de medicações. A agitação é responsável por até 30% dos gastos diretos e indiretos no cuidado de pacientes com demências.1,2
A agitação em si não é um sintoma, e sim um sinal observado por familiares, cuidadores, ou pelo profissional que atende o paciente. Nos estudos e na prática clínica, agitação é um conceito ainda mal definido, difícil de avaliar por escalas.
Profissionais de saúde e cuidadores usam diferentes termos para se referir aos mesmos comportamentos, e muitas vezes o termo agitação é usado para diferentes comportamentos. Esses fatores dificultam a comparação entre estudos, sendo, portanto, difícil estabelecer sua prevalência, tanto geral como por tipo de demência, bem como avaliar e comparar estudos sobre o tratamento.
Em relação ao tratamento dos comportamentos como a agitação, tanto farmacológico quanto não farmacológico, existem limitadas evidências na literatura sobre as melhores medidas a serem adotadas. Não existem medicações aprovadas para o tratamento específico das manifestações, e há alguma evidência para o uso de abordagens não farmacológicas.
Neste capítulo, a partir dos dados disponíveis na literatura, somada à experiência prática do autor, serão discutidas as definições da agitação nas demências, sua avaliação e seu manejo, em particular medidas não farmacológicas, mas também o tratamento farmacológico, quando indicado.