Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar e classificar as crises convulsivas em recém-nascidos (RNs) a termo;
- compreender o papel do eletroencefalograma (EEG) no diagnóstico das convulsões neonatais;
- identificar as principais causas das crises convulsivas em RNs a termo;
- estabelecer o tratamento mais eficaz baseado nas características e na etiologia das crises convulsivas em RNs a termo.
Esquema conceitual
Introdução
As convulsões representam a principal emergência neurológica durante o período neonatal. Diferentemente das outras faixas etárias, durante a infância, são provocadas por alguma causa aguda na maior parte das vezes e podem se apresentar somente com anormalidades eletroencefalográficas, sem nenhuma manifestação clínica.1 A incidência de crises convulsivas neonatais varia entre 1 a 5 casos em cada 1.000 nascidos vivos a termo.2
A Liga Internacional Contra Epilepsia (do inglês, Internacional League Against Epilepsy [ILAE]) publicou recentemente a nova classificação das crises convulsivas e epilepsias durante o período neonatal1 e define a convulsão neonatal como um evento eletrográfico com padrão súbito, repetitivo e estereotipado de ondas, sem duração definida, mas suficientemente prolongado para o reconhecimento do início, da evolução e da resolução da descarga eletroencefalográfica anormal. De forma prática, a ILAE classifica as convulsões neonatais em dois principais tipos — as eletroclínicas, quando ocorrem manifestações clínicas simultaneamente à crise eletrográfica, e as somente eletrográficas, quando há presença de crise eletrográfica no EEG sem sinal clínico associado, também denominadas crises clinicamente silenciosas ou crises subclínicas.
O diagnóstico clínico das crises convulsivas, no período neonatal, é desafiador, particularmente em crianças enfermas, pois elas podem apresentar manifestações clínicas convulsivas ou não convulsivas, mas que podem ser confundidas com convulsões durante todo o período de internação em uma unidade neonatal.
Como na maior parte das vezes são provocadas por causas agudas neonatais, o conhecimento das etiologias mais frequentes das crises convulsivas neonatais permitirá ao pediatra e ao neonatologista o diagnóstico mais preciso e a intervenção terapêutica mais efetiva e específica.