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COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO ENFERMEIRO FRENTE ÀS EMERGÊNCIAS OBSTÉTRICAS

Claudia Valeria Cunha Figueiredo

Thais Aline Lourenço Lauria

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer a mortalidade materna no Brasil;
  • analisar as principais causas da mortalidade materna no Brasil;
  • identificar o impacto das emergências obstétricas na saúde do binômio mãe–bebê durante a gestação e o parto;
  • reconhecer as competências e habilidades necessárias para a atuação da enfermagem nas emergências obstétricas;
  • indicar os principais diagnósticos de enfermagem para pacientes nas principais emergências obstétricas hipertensivas e hemorrágicas.

Esquema conceitual

Introdução

Na evolução da história obstétrica, percebe-se que, em dado momento da humanidade, o óbito durante a gestação era considerado um fator natural e inerente à condição feminina. Felizmente, na sociedade contemporânea, a gestação é um fenômeno considerado fisiológico, e sua evolução deve transcorrer sem anormalidades. Contudo, ainda existem algumas mulheres que podem apresentar agravos ou doenças específicas da gestação, desenvolvendo as chamadas emergências obstétricas, que trazem riscos de morte para a gestante e para o feto.

Entre as emergências obstétricas mais comuns que aumentam o risco de mortalidade materna, estão as intercorrências relacionadas a hipertensão e hemorragias, como primeira e segunda causas, respectivamente, de óbitos maternos por causa obstétrica direta.

Embora o Brasil tenha investido em políticas de saúde pública na área da mulher, ainda existem fragilidades na atenção à saúde que permeiam o acesso e a qualidade da assistência ao pré-natal, ao parto e ao nascimento, influenciando diretamente as taxas de mortalidade materna e infantil. No entanto, cerca de 98% desses óbitos seriam evitáveis caso fossem asseguradas condições dignas de vida e de saúde à população.1,2

A redução da mortalidade materna no Brasil é ainda um desafio para os serviços de saúde e para a sociedade como um todo. As altas taxas configuram um problema de saúde pública, violando os direitos humanos das mulheres, por serem, na maioria das vezes, uma tragédia evitável.3

A morte materna, segundo a 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID),4 é a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela; porém, não devida a causas acidentais ou incidentais.4

As mortes maternas por causas obstétricas podem ser classificadas por causas obstétricas diretas ou causas obstétricas indiretas, que serão apresentadas a seguir.4,5

A morte materna por causa obstétrica direta é diretamente relacionada com as complicações da gestação. Ocorre durante gravidez, parto ou puerpério devida a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou uma cadeia de eventos resultantes de qualquer dessas causas. Corresponde aos óbitos codificados na CID 10 como:4

  • gravidez ectópica;
  • mola hidatiforme (doença trofoblástica gestacional benigna);
  • aborto e as complicações desse agravo (infecções, hemorragias, entre outras);
  • hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, tromboses, infecções por outras causas;
  • diabetes melito gestacional;
  • ruptura prematura de membranas, descolamento prematuro de placenta (DPPdescolamento prematuro de placenta), hemorragias, obstrução do trabalho de parto (TP), ruptura de útero, complicações pulmonares ou cardíacas devidas ao TP, complicações da anestesia, infecção puerperal;
  • neoplasia de placenta;
  • transtornos mentais associados ao puerpério;
  • osteomalácia puerperal.

A morte materna por causa obstétrica indireta é relacionada diretamente às condições clínicas da mulher antes da gestação, pois é aquela resultante de doenças que existiam antes da gestação ou que se desenvolveram durante esse período, não provocadas por causas obstétricas diretas, mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez. Corresponde aos óbitos codificados na CID 10 como:4

  • hipertensão pré-existente, doenças cardíacas e renais pré-existentes ou adquiridas;
  • diabetes melito pré-existente;
  • desnutrição na gravidez;
  • doenças infecciosas e parasitárias complicando a gravidez, anemia, doenças endócrinas, tétano;
  • aids.

Neste capítulo, serão abordadas as habilidades e competências necessárias ao enfermeiro na atuação frente a gestantes em emergências obstétricas hipertensivas e hemorrágicas, que são consideradas as principais causas de morte materna no Brasil e podem ser concebidas como causas evitáveis diante de uma assistência ao pré-natal e ao puerpério adequada, considerando-se que 95% dos óbitos maternos no mundo poderiam ser evitados.3,6

É fundamental que o enfermeiro obstetra desenvolva competências e habilidades para atuação nas emergências obstétricas por meio do exercício da profissão com embasamento teórico, destrezas psicomotoras e atitudes de tomada de decisões, garantindo uma assistência ao binômio mãe–bebê de qualidade, individualizada e livre de riscos.

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