Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar um paciente com sintomas sugestivos de delirium;
- diferenciar os diferentes tipos de delirium;
- descrever os fatores de risco para o desenvolvimento de delirium;
- listar os fatores precipitantes do delirium;
- verificar se a confusão do paciente se deve à demência, a delirium ou a ambos;
- realizar a prevenção do delirium;
- tratar o delirium conforme as evidências científicas mais atuais.
Esquema conceitual
Introdução
O delirium é um dos distúrbios mentais mais comuns em pacientes idosos com comorbidades. Muitas vezes, o seu diagnóstico é difícil, sendo fundamental estabelecer uma anamnese detalhada com uma pessoa confiável, a fim de estabelecer o nível cognitivo basal do paciente.1
O termo delirium deriva do latim delirare, cujo significado é literalmente “estar fora do lugar”. Trata-se de uma encefalopatia aguda,2 caracterizada por alteração flutuante do estado cognitivo cursando com desatenção, pensamentos desorganizados e redução do nível de consciência, com duração de horas a dias.
O manejo do delirium é baseado principalmente no consenso de especialistas e em estudos observacionais. Existem poucos ensaios clínicos controlados, pois são difíceis de serem realizados em pacientes com deficiência cognitiva. As evidências mais robustas são encontradas na prevenção primária do delirium, usando abordagens não farmacológicas e multidisciplinares, dirigidas a pacientes de alto risco.1,3,4
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Uma mulher de 81 anos comparece à consulta apresentando discreto comprometimento cognitivo, atribuível à doença de Alzheimer em fase inicial recentemente diagnosticada. Mora com sua filha. É independente em todas as atividades básicas da vida diária (ABVDs), mas é dependente da filha para as atividades instrumentais da vida diária (AIVDs), como fazer compras, organizar as finanças e utilizar o transporte. Durante a entrevista médica, a paciente diz que está bem.
A filha, porém, relata que a mãe, há 2 semanas, vem falando que seus vizinhos estão roubando sua correspondência e envenenando sua comida, sintomas que se manifestam prioritariamente no período noturno. Além disso, observou que a mãe se encontra muito desatenta e vem confundindo, de forma mais expressiva, os dias da semana. Também observou dispneia aos esforços e perda de peso, sendo que atualmente não consegue mais se levantar da cadeira sozinha. O exame físico, porém, é normal.
Terapêutica
A seguir, será apresentada a terapêutica para a paciente do caso clínico.
Objetivos do tratamento
Para a paciente do caso clínico, a abordagem terapêutica é um desafio, pois será fundamental determinar se os sintomas da paciente são relacionados exclusivamente à evolução da demência de Alzheimer ou à instalação recente de delirium.
Condutas
Os exames realizados para avaliação inicial da paciente — como parcial de urina, perfil metabólico e radiografia de tórax — foram normais.
A paciente recebeu a prescrição de risperidona 0,5mg à noite, e a filha foi orientada sobre a evolução da doença de Alzheimer e a necessidade de controlar os sintomas comportamentais do momento. Mesmo com o novo medicamento, entretanto, a paciente tem passado o dia em casa reclamando de falta de ar, afirmando que os vizinhos continuam roubando e tentando envenená-la.
Passados alguns dias, a paciente “foge” de casa, e a polícia a encontra vagando pela vizinhança. Ela é levada ao pronto-socorro para avaliação, onde são realizadas tomografia computadorizada de crânio e nova radiografia de tórax, ambas normais. A oximetria de pulso mostrou saturação de oxigênio de 92% em ar ambiente, que foi rapidamente corrigida com oxigênio sob cateter nasal.
O médico da emergência então orienta a filha da paciente para que aumente a dose da risperidona 0,5mg para 2x/dia, acrescentando trazodona 50mg na hora de dormir. É também prescrita codeína, se necessário, para uma queixa de tosse irritativa persistente e seca. A paciente é liberada para casa e orientada a voltar ao ambulatório.
Acertos e erros no caso
Nesse caso, a paciente possuía um quadro cognitivo basal bem estabelecido, conforme relatado pela filha, porém, nas últimas 2 semanas, ocorreram modificações comportamentais na paciente associadas a ideias delirantes (os vizinhos estão roubando a correspondência e envenenando a comida).
Nesse ponto, não houve um julgamento correto por parte do médico atendente, interpretando-se o quadro clínico da paciente como sendo decorrente da evolução da doença de Alzheimer e não como delirium em uma paciente predisposta a essa situação.
A doença de Alzheimer é um dos fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de delirium.
Nesse caso, também foram negligenciadas a dispneia e a hipoxia, que, muito embora tenham sido corrigidas prontamente com oxigênio, não foram adequadamente exploradas.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de delirium são os seguintes:5
- idade maior que 65 anos;
- história prévia de delirium;
- comprometimento cognitivo ou demência;
- comprometimento sensorial (visual ou auditivo);
- imobilidade;
- limitação nas atividades da vida diária (AVDs);
- cirurgia recente;
- história de uso de álcool;
- deficiência visual ou auditiva;
- cateterismo urinário;
- desidratação e desnutrição;
- polifarmácia;
- múltiplas comorbidades.
A combinação entre um fator de risco com um fator precipitante é necessária para o desenvolvimento do delirium. Não raramente, mais de um fator precipitante pode estar presente, sendo necessária a correção de todos os fatores.
Os fatores precipitantes para delirium podem ser resumidos no Quadro 1, utilizando-se o acrônimo DELIRIUM.
Quadro 1
FATORES PRECIPITANTES DE DELIRIUM |
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Causas |
Considerar checar |
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D |
Drogas |
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Desidratação |
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E |
Eletrólitos |
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L |
“Level” de dor |
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I |
Infecção |
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R |
Respiratória insuficiência |
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REM (privação do sono) |
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I |
Impactação fecal |
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U |
Urinária retenção |
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M |
Metabólico |
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Miocárdio infarto |
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Morbidades |
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// Fonte: Cooley e colaboradores (2022).6
Um outro ponto importante a ser considerado nesse caso clínico é o fato de a paciente se mostrar lúcida durante a entrevista, sendo que o relato da filha sobre piora cognitiva, desatenção e sintomas delirantes noturnos deveria ter alertado o médico a formar um melhor juízo quanto à possibilidade de delirium.
Para auxiliar no diagnóstico de delirium, existem muitas ferramentas validadas. Uma das mais utilizadas na prática clínica e de fácil aplicabilidade é o The Confusion Assessment Method (CAM), mostrado no Quadro 2. A sensibilidade é de 94 a 100% e a especificidade é de 90 a 95%.7,8
Quadro 2
THE CONFUSION ASSESSMENT METHOD |
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Características diagnósticas |
Definições e características |
Como avaliar? |
1. Início agudo e curso flutuante |
Pelo menos ≥1:
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No dia anterior, o paciente:*
Apresentou flutuações em:**
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2. Desatenção |
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O paciente consegue:*
O paciente se distraiu facilmente ou teve dificuldade para acompanhar a avaliação?** |
3. Pensamento desorganizado |
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O paciente consegue dizer:*
O fluxo de ideias era pouco claro ou ilógico?** |
4. Nível de consciência alterado |
A presença é indicada por qualquer resposta que não seja alerta para a seguinte pergunta:
|
Nenhuma.* O paciente estava comatoso, torporoso, sonolento ou hipervigilante?** |
O diagnóstico de delirium exige a presença das características 1 e 2 e 3 ou 4. * Respostas do paciente (qualquer critério isolado ou incapacidade de responder indica que a característica está presente). ** Observações do entrevistador (qualquer critério indica que a característica está presente).8,9 // Fonte: Cooley e colaboradores (2022).6
Uma outra incorreção nesse caso ocorreu após a primeira abordagem no pronto-socorro, quando o médico orientou o aumento da dose da risperidona, além de prescrever a trazodona e codeína. Essas medicações aumentam a carga anticolinérgica da paciente e podem contribuir para o surgimento ou a piora do quadro de delirium, aumentando também o risco de sedação e depressão respiratória.
Os medicamentos são responsáveis por até 40% das causas precipitantes de delirium. O conceito de carga anticolinérgica total reflete as atividades anticolinérgicas cumulativas de todos os medicamentos tomados por um mesmo paciente. Assim, tanto um único medicamento com fortes propriedades anticolinérgicas como uma combinação de vários medicamentos com efeito anticolinérgico relativamente pequeno podem contribuir para o desenvolvimento de delirium em idosos.10,11
Cada fármaco anticolinérgico aumenta o risco de comprometimento cognitivo em 46% ao longo de 6 anos. Da mesma forma, cada aumento de 1 ponto na pontuação da carga anticolinérgica acarreta queda de 0,33 pontos no Mini-Mental State Examination (MMSE) e aumento de 26% no risco de morte ao longo de 2 anos.12
O Quadro 3 mostra os principais medicamentos utilizados nos idosos, com sua respectiva atividade anticolinérgica.
Quadro 3
MEDICAMENTOS ANTICOLINÉRGICOS DE AÇÃO CENTRAL |
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Escore 3 = alta atividade anticolinérgica |
Escore 2 = moderada atividade anticolinérgica |
Escore 1 = leve atividade anticolinérgica |
Trimipramina |
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// Fonte: Cooley e colaboradores (2022).6
Evolução da paciente
Uma semana depois, o médico recebe uma ligação da filha da paciente relatando que a mãe agora está muito letárgica, com dificuldade em se manter acordada. Ele então orienta que a paciente seja levada ao pronto-socorro para nova avaliação.
Ela chega na emergência obnubilada, com saturação de oxigênio de 90% em ar ambiente, pulso de 110bpm e frequência respiratória (FR) de 26mpm. Decide-se realizar uma angiotomografia de tórax, que evidencia uma grande embolia pulmonar do lado direito com vários pequenos êmbolos crônicos no pulmão esquerdo.
Recursos terapêuticos
Orientações terapêuticas
O delirium impacta a saúde das pessoas idosas, que sofrem internações prolongadas, declínio funcional e cognitivo, maior mortalidade e maior risco de institucionalização. Os pacientes hospitalizados com delirium têm maior probabilidade de desenvolver problemas cognitivos a longo prazo quando comparados aos pacientes hospitalizados sem delirium.13
Embora o delirium seja considerado potencialmente reversível, as deficiências podem ser prolongadas e talvez permanentes em alguns casos, em especial, em pacientes frágeis e mais idosos. O objetivo principal do clínico, portanto, deve ser prevenir o delirium.13
Nessa direção, algumas intervenções para prevenir o delirium em pacientes internados foram publicadas, as quais podem levar a uma redução de sua incidência em até 11,5%.14 Entre elas, podem ser citados:
- atividades de orientação para pessoas com deterioração cognitiva;
- mobilização precoce;
- prevenção na privação do sono;
- diminuição do uso de fármacos psicoativos;
- tratamento da desidratação;
- garantia do uso de óculos e aparelhos auditivos se necessário.
Para colocar em prática essas recomendações, são adotadas algumas medidas gerenciadas tanto pela equipe de enfermagem como pela equipe médica, como mostrado no Quadro 4.15,16
Quadro 4
MEDIDAS PARA PREVENIR DELIRIUM |
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Fator |
Intervenção |
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Intervenção gerenciada pela equipe de enfermagem |
Sono |
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Orientação |
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Ambiente |
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Atividade |
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Amarras |
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Dor |
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Constipação |
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Intervenção gerenciada pela equipe médica |
Comprometimento cognitivo |
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Anticolinérgicos |
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Benzodiazepínicos |
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Dor |
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Constipação |
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Insônia |
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Mobilidade |
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Alto risco de abstinência alcóolica |
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Desidratação |
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// Fonte: Adaptado de Khan e colaboradores (2012);15 Bush e colaboradores (2018).16
Após instalado o delirium, o tratamento é um desafio. O mais importante é buscar a etiologia para poder elaborar um plano de tratamento sólido preferencialmente não farmacológico, mas também farmacológico se houver necessidade. São importantes, nesse processo, o acesso a um cuidador capacitado e a participação da família.17
Uma abordagem simples na avaliação e no tratamento do delirium em um paciente hospitalizado é resumida no Quadro 5.15,16
Quadro 5
IDENTIFICAÇÃO E GERENCIAMENTO DAS CAUSAS E DOS FATORES CONTRIBUINTES PARA O DELIRIUM EM UM PACIENTE HOSPITALIZADO |
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Avaliação |
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Tratamento |
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PA: pressão arterial; IV: intravenosa; FR: frequência respiratória; T: temperatura; IM: intramuscular; VO: via oral. // Fonte: Adaptado de Khan e colaboradores (2012);15 Bush e colaboradores (2018).16
Farmacoterapia
No manejo do delirium, os antipsicóticos têm um papel controverso. Podem ser utilizados somente após analisar os riscos e benefícios e quando a segurança pessoal do paciente se encontrar em risco devido à agitação.18 As medidas não farmacológicas devem ser priorizadas. Foi observado que o uso de medicação psicotrópica para gerenciar o delirium parece se correlacionar mais fortemente com o sofrimento do cuidador do que com a gravidade real dos sintomas do delirium.19
Devido à experiência clínica mais longa, o antipsicótico típico haloperidol continua sendo o de primeira escolha no delirium hiperativo.20 De preferência, deve ser utilizado em baixa dose (ideal <3mg/dia; máxima 5mg/dia). Não deve ser prescrito na doença de Parkinson nem na demência por corpúsculos de Lewy, pois pode piorar os sintomas.21,22
Apesar de o haloperidol ser um dos antipsicóticos mais seguros e com maior evidência de eficácia, devem ser monitorados alguns efeitos adversos imediatos, como sedação excessiva, sintomas extrapiramidais e prolongamento do intervalo QTc. Já os efeitos a longo prazo podem incluir síndrome metabólica, discinesia tardia e aumento do risco de mortalidade por todas as causas. O seu uso, portanto, deverá ser feito de forma judiciosa, suspendendo-o assim que possível.21,22
A Tabela 1 mostra os antipsicóticos mais estudados, as suas doses recomendadas e as doses máximas.23–27 Os antipsicóticos podem ser uma opção com menos efeitos colaterais em alguns cenários clínicos.28
Tabela 1
ANTIPSICÓTICOS NO DELIRIUM |
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Medicamento |
Dose |
Dose máxima |
Haloperidol |
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5mg/dia |
Quetiapina |
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400mg/dia |
Risperidona |
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5mg/dia (em 2 doses divididas) |
Ziprasidona |
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80mg/dia |
Olanzapina |
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20mg/dia |
VO: via oral; IM: intramuscular. // Fonte: -Adaptada de Devlin e colaboradores (2018);23 Maneeton e colaboradores (2013);24 Kulkarni e colaboradores (2017);25 Grover e colaboradores (2011);26 Girard e colaboradores (2018).27
No delirium hipoativo, o tratamento concentra-se na tentativa de:
- facilitar a orientação do paciente com auxílio dos cuidadores e familiares, utilizando, por exemplo, um calendário ou relógio e sempre explicando os motivos do internamento;
- reduzir o nível de ruído do ambiente e corrigir as deficiências sensoriais com uso de aparelho auditivo, óculos e dentadura, por exemplo;
- proteger a pele, que facilmente se deteriora, evita a formação de úlceras de pressão.
Outras medidas importantes são o estímulo à mobilização do paciente, a manutenção do ciclo de sono ininterrupto durante a noite e a suspensão ou redução dos medicamentos que ocasionem a sedação.
Por outro lado, não existem evidências científicas suficientes para a utilização de antipsicóticos de forma preventiva. Um estudo multicêntrico que comparou haloperidol profilático com placebo em adultos não evidenciou diferenças na incidência de delirium.29
Os recentes estudos, no entanto, têm mostrado que a ramelteona (um agonista do receptor de melatonina), na dose de 8mg à noite, pode reduzir significativamente o risco de delirium em pacientes idosos em estado grave hospitalizados, por ajudar na manutenção do ciclo sono-vigília.30,31
Em pacientes internados na unidade de terapia intensiva, a dexmedetomidina intravenosa (IV) (0,2μg/kg/hora, titulados até 0,7μg/kg/hora, das 21h30 às 6h15) se mostrou eficaz e segura para reduzir a incidência de delirium.32–35
Bons resultados também foram observados para pós-operatórios de cirurgias não cardíacas (0,1μg/kg/hora, desde a admissão na unidade de terapia intensiva no dia da cirurgia até as 8h da manhã do primeiro dia pós-operatório). No entanto, para os pós-operatórios de cirurgias cardíacas, a dexmedetomidina não se mostrou eficaz na redução da incidência de delirium.32–35
Para reduzir o delirium após cirurgias cardíacas, mostrou-se eficaz a combinação de paracetamol, IV, ainda não disponível no Brasil (15mg/kg a cada 6 horas, máximo 750mg/dose ou 3.750mg/dia, por 48 horas), com propofol (20 a 100μg/kg/min, IV) ou dexmedetomidina (dose em bólus de 0,5 a 1μg/kg), administrados durante o fechamento do tórax, seguidos por uma infusão de manutenção de dexmedetomidina (0,1 a 1,4μg/kg/hora).32
As causas de delirium pós-operatório incluem:
- estresse decorrente de cirurgia;
- dor pós-operatória;
- insônia;
- medicação analgésica;
- desequilíbrio de eletrólitos;
- infecção;
- febre;
- perda de sangue.
Não devem ser utilizados benzodiazepínicos do tratamento do delirium por provocarem sedação excessiva ou exacerbarem o estado confusional.36 No entanto, podem ser úteis no tratamento de retirada de medicações sedativas e álcool ou quando os antipsicóticos são contraindicados.
Embora a encefalopatia de Wernicke — caracterizada por confusão mental, nistagmo, oftalmoplegia e ataxia — não seja comum, muitos pacientes idosos têm evidências bioquímicas de deficiência de tiamina.37
O alcoolismo crônico é difícil de detectar nessa população, e os sintomas de delirium por álcool se intercambiam com aqueles ocasionados pela encefalopatia de Wernicke.38 Portanto, a suplementação de tiamina, que é barata e segura, deve ser fornecida a todos os pacientes hospitalizados com evidência de deficiência nutricional.
O delirium em pacientes terminais ocorre em até 80% dos casos, e muitos profissionais de cuidados paliativos consideram parte do processo de morte.39 O planejamento prévio entre paciente, família e médico é recomendável para essa fase da vida. Enquanto alguns pacientes priorizam a preservação da lucidez e capacidade de comunicação, outros preferem o conforto. Algumas medidas não farmacológicas — como massagem manual, música e terapias de relaxamento — são adequadas.
Caso a sedação seja indicada, um benzodiazepínico de ação curta, como lorazepam, poderá ser utilizado (dose inicial de 0,5 a 1,0mg, VO, IM ou SL). O acréscimo de lorazepam (3mg, IV) ao haloperidol é comprovadamente mais efetivo que o haloperidol isolado na redução da agitação psicomotora em pacientes com câncer avançado e delirium hiperativo grave.40
Como a sedação pode resultar em diminuição da interação e da comunicação, piora na confusão mental e ocasionar depressão respiratória, essa escolha deve ser feita em conjunto com a família, respeitando as preferências do paciente.
Informação complementar
Na suspeita de delirium, o passo inicial é saber o nível basal de função cognitiva do paciente e a evolução clínica de quaisquer alterações cognitivas a partir desse basal.
Se a alteração for crônica (meses a anos), isso possivelmente se traduz em demência. Se aguda (dias ou semanas), poderá se tratar de delirium, mesmo que sobreposta à demência subjacente (ambas podem coexistir em 30 a 50% dos pacientes).41
Por último, se não houver desatenção, pensamento desorganizado, nível alterado de consciência ou sintomas flutuantes, haverá necessidade de afastar depressão, transtornos psicóticos agudos não orgânicos ou outras condições psiquiátricas.
No Quadro 6, são apresentadas as principais diferenças entre delirium, demência e quadros psiquiátricos.
Quadro 6
DIFERENÇAS ENTRE DELIRIUM, DEMÊNCIA E DOENÇA PSIQUIÁTRICA |
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Características |
Delirium |
Demência |
Doença psiquiátrica |
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Sintomas |
Idade de início |
<12 ou >40a |
Geralmente >50a |
13–40a |
Início |
Agudo |
Gradual ou insidioso |
Gradual |
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Curso dos sintomas |
Rápido, flutuante |
Estável e progressivo |
Estável |
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Duração |
Dias a semanas |
Meses a anos |
Meses a anos |
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Reversibilidade |
Sim geralmente |
Rara |
Rara |
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História |
HMP |
Abuso de substâncias e comorbidades |
Comorbidades associadas à idade |
História de doença psiquiátrica |
HMF |
Não geralmente |
História de demência |
História de doença psiquiátrica |
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Exame |
Dados vitais |
Alterados geralmente |
Normais geralmente |
Normais geralmente |
Atividade involuntária |
Pode haver tremor, asterixis |
Não, exceto pela comorbidade |
Não |
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Estado mental |
Afeto |
Labilidade emocional |
Embotado com o tempo |
Embotado |
Orientação |
Alterada geralmente |
Alterada com o tempo |
Raramente alterada |
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Atenção |
Prejudicada |
Lento para focar |
Desorganizada |
|
Alucinação |
Visual geralmente |
Rara |
Auditiva geralmente |
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Fala |
Lenta, incoerente, disártrica |
Geralmente coerente |
Geralmente coerente |
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Consciência |
Diminuída e prejudicada |
Normal |
Alerta |
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Intelecto |
Geralmente prejudicada |
Prejudicada |
Intacta |
HMP: história mórbida pregressa; HMF: história mórbida familiar. // Fonte: Braude e Ducan (2023).42
A prevalência geral de delirium na comunidade é de 1 a 2% (14% em idosos com mais de 85 anos), 12% na sala de emergência e 25% nos pacientes hospitalizados.43,44 O delirium aumenta a mortalidade e morbidade. O risco de morte chega a duplicar em alguns estudos.45 São exemplos de morbidades: 44,46
- declínio cognitivo e funcional;
- baixo potencial de reabilitação;
- institucionalização;
- internamentos recorrentes.
Existem três subtipos de delirium:47,48
- hiperativo (25%): paciente com nível de alerta elevado, inquieto, agitado, apresentando alucinações e comportamento inapropriado;
- hipoativo (65%): paciente letárgico, com atividade motora reduzida, fala incoerente e falta de interesse;
- misto (10%): paciente apresenta sintomas hiperativos e hipoativos combinados.
O delirium hipoativo é o mais difícil de diagnosticar e é facilmente confundido com demência. No entanto, não existem diferenças quanto ao prognóstico entre os três tipos de delirium.49
A fisiopatologia é incerta; vários fatores estão envolvidos: 50–53
- neuroinflamação;
- envelhecimento neuronal;
- estresse oxidativo;
- neurotransmissores;
- disfunções neuroendócrinas;
- desregulação diurna;
- interrupções na função cortical superior.
Os sintomas neuropsiquiátricos do delirium têm um espectro variado e podem se manifestar com apatia, paranoia, alucinação e combatividade. Os sintomas psicóticos estão presentes em quase 50% dos casos, prevalecendo no delirium hiperativo e em pacientes mais jovens.54
O Quadro 7 resume os principais sintomas neuropsiquiátricos do delirium.
Quadro 7
SINTOMAS NEUROPSIQUIÁTRICOS DO DELIRIUM |
|
// Fonte: Adaptado de Paik e colaboradores (2018).54
Esses sintomas neuropsiquiátricos do delirium podem estar presentes também em pacientes com demência ou transtornos psiquiátricos, porém no delirium instalam-se de forma aguda e possuem características flutuantes, destacando-se a falta de atenção e o nível de excitação alterado.
ATIVIDADES
1. Sobre o delirium, assinale a afirmativa correta.
A) A mudança no nível de consciência não é critério diagnóstico, ocorrendo raramente nos idosos com delirium.
B) Os pacientes idosos podem apresentar delirium como única manifestação de doença aguda.
C) O delirium e a demência são dois espectros da mesma doença, sendo indistinguíveis na prática clínica.
D) De acordo com o CAM, a redução na capacidade de atenção é o único critério obrigatório para o diagnóstico de delirium.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".
Mesmo sem apresentar outros sinais ou sintomas de doença aguda, o quadro de delirium pode se instalar, em decorrência de uma diminuição da atividade colinérgica e de um aumento da atividade dopaminérgica, provavelmente secundária a um incremento da atividade inflamatória às custas de citocinas.
Resposta correta.
Mesmo sem apresentar outros sinais ou sintomas de doença aguda, o quadro de delirium pode se instalar, em decorrência de uma diminuição da atividade colinérgica e de um aumento da atividade dopaminérgica, provavelmente secundária a um incremento da atividade inflamatória às custas de citocinas.
A alternativa correta é a "B".
Mesmo sem apresentar outros sinais ou sintomas de doença aguda, o quadro de delirium pode se instalar, em decorrência de uma diminuição da atividade colinérgica e de um aumento da atividade dopaminérgica, provavelmente secundária a um incremento da atividade inflamatória às custas de citocinas.
2. Leia as afirmativas sobre o delirium.
I. O delirium é uma encefalopatia aguda com comprometimento cognitivo global e aumento ou diminuição da atividade psicomotora com desordem do ciclo sono-vigília.
II. As medicações anticolinérgicas diminuem o risco de delirium.
III. A maioria das pesquisas sobre delirium demonstra sua ocorrência geralmente na população geriátrica em ambiente hospitalar.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".
A maioria das pesquisas sobre delirium demonstra a sua ocorrência preferencialmente em ambiente hospitalar e comprometendo a população geriátrica. Em especial, os idosos com história de demência, aqueles em uso de medicamentos predisponentes ou aqueles em vigência de uma infecção podem desenvolver delirium, com ou sem aumento da atividade psicomotora.
Resposta correta.
A maioria das pesquisas sobre delirium demonstra a sua ocorrência preferencialmente em ambiente hospitalar e comprometendo a população geriátrica. Em especial, os idosos com história de demência, aqueles em uso de medicamentos predisponentes ou aqueles em vigência de uma infecção podem desenvolver delirium, com ou sem aumento da atividade psicomotora.
A alternativa correta é a "B".
A maioria das pesquisas sobre delirium demonstra a sua ocorrência preferencialmente em ambiente hospitalar e comprometendo a população geriátrica. Em especial, os idosos com história de demência, aqueles em uso de medicamentos predisponentes ou aqueles em vigência de uma infecção podem desenvolver delirium, com ou sem aumento da atividade psicomotora.
3. Leia as afirmativas sobre o delirium.
I. As causas de delirium pós-operatório incluem estresse decorrente de cirurgia, dor pós-operatória, insônia, medicação analgésica, desequilíbrio de eletrólitos, infecção, febre e perda de sangue.
II. Os sintomas psicóticos estão presentes em quase 50% dos casos, prevalecendo no delirium hiperativo e em pacientes mais jovens.
III. O delirium desenvolve-se em até 80% dos pacientes com doenças terminais.
IV. A privação sensorial não é um fator de risco para o desenvolvimento de delirium.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I, a II e a III.
B) Apenas a I, a II e a IV.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
A privação sensorial, seja ela visual ou auditiva, é um facilitador para o desenvolvimento de delirium na vigência de fatores predisponentes.
Resposta correta.
A privação sensorial, seja ela visual ou auditiva, é um facilitador para o desenvolvimento de delirium na vigência de fatores predisponentes.
A alternativa correta é a "A".
A privação sensorial, seja ela visual ou auditiva, é um facilitador para o desenvolvimento de delirium na vigência de fatores predisponentes.
4. Sobre o delirium, assinale a afirmativa correta.
A) É um transtorno transitório e benigno que não altera o prognóstico do paciente.
B) Em casos de delirium no ambiente da medicina intensiva, o uso de dexmedetomidina é uma opção adequada.
C) A elevação dos níveis de acetilcolina determina a ocorrência de delirium.
D) As medicações anticolinérgicas podem evitar a ocorrência de delirium.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".
A dexmedetomidina demonstra ser uma opção eficaz e segura para o controle dos sintomas de delirium em uma unidade de terapia intensiva.
Resposta correta.
A dexmedetomidina demonstra ser uma opção eficaz e segura para o controle dos sintomas de delirium em uma unidade de terapia intensiva.
A alternativa correta é a "B".
A dexmedetomidina demonstra ser uma opção eficaz e segura para o controle dos sintomas de delirium em uma unidade de terapia intensiva.
5. A síndrome de Wernicke, que é uma das causas a serem consideradas no diagnóstico etiológico do delirium, caracteriza-se por ataxia, nistagmo, oftalmoplegia e quadro confusional agudo. Qual vitamina está deficiente nessa doença?
A) B1.
B) B2.
C) B6.
D) B12.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
A reposição de tiamina (vitamina B1) é fundamental no tratamento da síndrome de Wernicke, pois atua preservando a bainha de mielina e promove a condução nervosa colinérgica e serotoninérgica.
Resposta correta.
A reposição de tiamina (vitamina B1) é fundamental no tratamento da síndrome de Wernicke, pois atua preservando a bainha de mielina e promove a condução nervosa colinérgica e serotoninérgica.
A alternativa correta é a "A".
A reposição de tiamina (vitamina B1) é fundamental no tratamento da síndrome de Wernicke, pois atua preservando a bainha de mielina e promove a condução nervosa colinérgica e serotoninérgica.
6. Sobre o delirium, assinale a afirmativa correta.
A) A instalação do quadro é lenta, podendo demorar semanas ou meses.
B) A reversibilidade do delirium não é possível.
C) Os quadros de letargia, com redução da atividade motora, são a apresentação mais comum de delirium.
D) Manter o paciente imobilizado melhora os sintomas de delirium.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".
O delirium mais comumente se caracteriza por uma síndrome orgânico-mental aguda com comprometimento cognitivo global e redução do nível de consciência, com letargia e hipocinesia.
Resposta correta.
O delirium mais comumente se caracteriza por uma síndrome orgânico-mental aguda com comprometimento cognitivo global e redução do nível de consciência, com letargia e hipocinesia.
A alternativa correta é a "C".
O delirium mais comumente se caracteriza por uma síndrome orgânico-mental aguda com comprometimento cognitivo global e redução do nível de consciência, com letargia e hipocinesia.
7. Sobre os subtipos de delirium, correlacione a primeira e a segunda colunas.
1 Hiperativo 2 Hipoativo 3 Misto |
Paciente letárgico, com atividade motora reduzida, fala incoerente e falta de interesse. Paciente apresenta sintomas hiperativos e hipoativos combinados. Paciente com nível de alerta elevado, inquieto, agitado, apresentando alucinações e comportamento inapropriado. |
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) 2 — 1 — 3
B) 3 — 2 — 1
C) 2 — 3 — 1
D) 1 — 2 — 3
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".
Existem três subtipos de delirium: hiperativo/ (paciente com nível de alerta elevado, inquieto, agitado, apresentando alucinações e comportamento inapropriado), hipoativo (paciente letárgico, com atividade motora reduzida, fala incoerente e falta de interesse) e misto (paciente apresenta sintomas hiperativos e hipoativos combinados).
Resposta correta.
Existem três subtipos de delirium: hiperativo/ (paciente com nível de alerta elevado, inquieto, agitado, apresentando alucinações e comportamento inapropriado), hipoativo (paciente letárgico, com atividade motora reduzida, fala incoerente e falta de interesse) e misto (paciente apresenta sintomas hiperativos e hipoativos combinados).
A alternativa correta é a "C".
Existem três subtipos de delirium: hiperativo/ (paciente com nível de alerta elevado, inquieto, agitado, apresentando alucinações e comportamento inapropriado), hipoativo (paciente letárgico, com atividade motora reduzida, fala incoerente e falta de interesse) e misto (paciente apresenta sintomas hiperativos e hipoativos combinados).
8. Qual é o tipo de delirium mais difícil de diagnosticar?
A) Hipoativo.
B) Demência.
C) Misto.
D) Hiperativo.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
O delirium hipoativo é o mais difícil de diagnosticar e é facilmente confundido com demência. No entanto, não existem diferenças quanto ao prognóstico entre os três tipos de delirium.
Resposta correta.
O delirium hipoativo é o mais difícil de diagnosticar e é facilmente confundido com demência. No entanto, não existem diferenças quanto ao prognóstico entre os três tipos de delirium.
A alternativa correta é a "A".
O delirium hipoativo é o mais difícil de diagnosticar e é facilmente confundido com demência. No entanto, não existem diferenças quanto ao prognóstico entre os três tipos de delirium.
Conclusão
O delirium é um estado confusional agudo caracterizado por uma alteração da consciência, com capacidade reduzida em manter a atenção. Devem ser evitados os fatores que causam ou agravam o delirium, principalmente com medidas não farmacológicas (protocolos de reorientação, modificação do ambiente, otimização do ciclo sono-vigília, mobilização precoce, diminuição das restrições físicas e utilização de aparelhos auditivos ou óculos quando necessário).
Os inibidores da colinesterase ou os medicamentos antipsicóticos não se mostraram eficazes na prevenção ou no tratamento do delirium. Já a suplementação de tiamina deve ser considerada em todos os pacientes com delirium. Por outro lado, o tratamento da afecção responsável pela precipitação do delirium é o meio mais eficaz de reverter o quadro.
As restrições físicas (contenções) deveriam ser usadas somente como último recurso, pois, com frequência, aumentam a agitação e criam problemas adicionais, como perda de mobilidade, úlceras de pressão, aspiração e delirium prolongado. Por outro lado, a tranquilização frequente, o toque e a orientação verbal com a participação de pessoas conhecidas podem diminuir os comportamentos perturbadores.
Os medicamentos psicotrópicos devem ser reservados para os casos de agitação severa ou psicose com risco de danos. O haloperidol em baixa dose (0,5 a 1mg por VO ou IM) é a medicação de escolha. Outros antipsicóticos (quetiapina, risperidona, ziprasidona e olanzapina) são possíveis alternativas.
Os benzodiazepínicos devem ser evitados em pacientes com ou em risco de delirium, exceto nos casos de retirada de medicações sedativas e álcool ou quando os medicamentos antipsicóticos estão contraindicados.
O delirium pode levar semanas ou meses para ser totalmente resolvido. Os episódios de delirium podem afetar adversamente o curso da doença de Alzheimer e podem aumentar a mortalidade a curto e longo prazos.
Atividades: Respostas
Comentário: Mesmo sem apresentar outros sinais ou sintomas de doença aguda, o quadro de delirium pode se instalar, em decorrência de uma diminuição da atividade colinérgica e de um aumento da atividade dopaminérgica, provavelmente secundária a um incremento da atividade inflamatória às custas de citocinas.
Comentário: A maioria das pesquisas sobre delirium demonstra a sua ocorrência preferencialmente em ambiente hospitalar e comprometendo a população geriátrica. Em especial, os idosos com história de demência, aqueles em uso de medicamentos predisponentes ou aqueles em vigência de uma infecção podem desenvolver delirium, com ou sem aumento da atividade psicomotora.
Comentário: A privação sensorial, seja ela visual ou auditiva, é um facilitador para o desenvolvimento de delirium na vigência de fatores predisponentes.
Comentário: A dexmedetomidina demonstra ser uma opção eficaz e segura para o controle dos sintomas de delirium em uma unidade de terapia intensiva.
Comentário: A reposição de tiamina (vitamina B1) é fundamental no tratamento da síndrome de Wernicke, pois atua preservando a bainha de mielina e promove a condução nervosa colinérgica e serotoninérgica.
Comentário: O delirium mais comumente se caracteriza por uma síndrome orgânico-mental aguda com comprometimento cognitivo global e redução do nível de consciência, com letargia e hipocinesia.
Comentário: Existem três subtipos de delirium: hiperativo/ (paciente com nível de alerta elevado, inquieto, agitado, apresentando alucinações e comportamento inapropriado), hipoativo (paciente letárgico, com atividade motora reduzida, fala incoerente e falta de interesse) e misto (paciente apresenta sintomas hiperativos e hipoativos combinados).
Comentário: O delirium hipoativo é o mais difícil de diagnosticar e é facilmente confundido com demência. No entanto, não existem diferenças quanto ao prognóstico entre os três tipos de delirium.
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Titulação dos autores
IVAN JOSÉ PAREDES BARTOLOMEI // Médico pela Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR). Residência em Clínica Médica pelo Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM) e pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professor Assistente de Semiologia da FEMPAR.
CARLOS ROBERTO CARON // Médico pela Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR). Especialista em Neurologia pelo Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM). Professor Assistente de Semiologia e Neurologia da FEMPAR.
Como citar a versão impressa deste documento
Bartolomei IJP, Caron CR. Delirium. In: Sociedade Brasileira de Clínica Médica; Lopes AC, José FF, Vendrame LS, organizadores. PROTERAPÊUTICA Programa de Atualização em Terapêutica: Ciclo 11. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2023. p. 11–36. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 3). https://doi.org/10.5935/978-65-5848-985-6.C0003