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DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO JOGO PATOLÓGICO

João Vítor Bueno Ferrão

Ygor Arzeno Ferrão

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Introdução

Jogar tem acompanhado a existência do ser humano, e esse comportamento evolui de acordo com a evolução do homem e das ferramentas disponíveis, incluindo desde paus, ossos e pedras até o mais moderno produto virtual, criptografado e nanotecnológico. Estima-se que a capacidade de jogar seja inerente aos humanoides. Isso envolveria não apenas a ativação de neurocircuitos destinados à obtenção de prazer, mas também o desenvolvimento da capacidade de “prever” consequências com alguma antecedência, ou seja, uma capacidade de abstração proporcionada pelo desenvolvido lobo frontal.

Aspectos individuais (neurobiológicos e de personalidade), influências genético–familiares, oportunidades culturais (autorizações legais para existência de jogos ou não), características do próprio ato de jogar (jogos de azar, apostas, uso de estratégias, jogos individuais ou em grupos etc.) são determinantes para qual caminho cada indivíduo seguirá ao se defrontar com o ato de jogar. Ou seja, jogar poderá ser um comportamento eventual, um hábito ou até mesmo uma compulsão.

Alguns indivíduos acabam se tornando adictos a esse comportamento e/ou aos prazeres e alívios providos pelo jogo. Considerando os conceitos atuais de “doença” (por exemplo, sofrimento, interferência e dispêndio de tempo associados ao ato), esses indivíduos podem inclusive ser classificados como doentes ou portadores de um transtorno psiquiátrico. As consequências do jogo patológico (JP) podem ir de pequenas dívidas e desavenças conjugais até a bancarrota de empresas, bem como à falência econômica e emocional do sistema familiar.

Os tratamentos disponíveis conseguem ajudar uma parcela considerável dos jogadores patológicos. Embora os avanços terapêuticos dos transtornos psiquiátricos, de modo geral, tenham focado em psicofármacos, para o JP são as intervenções psicoterápicas e psicossociais que merecem destaque.

Jogar, em si, não é um problema, mas o modo como o ato de jogar interfere na vida da pessoa, de seus familiares e da sociedade pode ser considerado uma doença psiquiátrica, que merece atenção. Em razão de “jogar” ser um ato aceito socialmente, pode passar despercebido ou até mesmo ser ocultado por parte do paciente, tornando o JP de difícil detecção e tratamento.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar como o JP ocorre na comunidade;
  • distinguir o seu quadro clínico;
  • definir os principais diagnósticos diferenciais;
  • listar as comorbidades mais comuns;
  • apontar noções da etiologia e das principais alternativas terapêuticas disponíveis.

Esquema conceitual

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