Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- compreender os eixos essenciais que norteiam a formação do enfermeiro gestor e a intersecção entre eles como um fator importante para prestar assistência de enfermagem nos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS);
- identificar o lugar e a importância da pesquisa na formação profissional, visto que a enfermagem é uma profissão técnico-científica, e o enfermeiro como gestor pode se valer de pesquisas para produzir análises e decisões conjuntas que favoreçam o cuidado integral em saúde;
- reconhecer a gestão como um processo de trabalho que, além de lidar com pessoas diferentes e processos complexos, seja um espaço privilegiado para gerar práticas criativas para a produção do cuidado;
- entender o papel do enfermeiro enquanto líder, que realiza a coordenação da equipe de enfermagem e a supervisão dos cuidados, e, para isso, precisa desenvolver habilidades de comunicação, escuta e gerenciamento de conflitos, a partir da valorização do outro, do compartilhamento das decisões e do incentivo à criatividade;
- reconhecer o papel de educador do enfermeiro, cabendo-lhe a responsabilidade por seu aprimoramento pessoal e o da equipe de enfermagem, abrindo espaço para o desenvolvimento de debates coletivos sobre problemas relacionados à formação do enfermeiro e à prática gerencial, possibilitando um constante repensar sobre o papel do enfermeiro na sociedade.
Esquema conceitual
Introdução
A formação de gestores em enfermagem pode ocorrer de diversas formas, que são guiadas por projetos, desejos e ideologias, nem sempre perceptíveis para os participantes desse processo. Neste capítulo, serão apresentadas algumas possibilidades de se pensar a prática da enfermagem articulada à gestão e à formação. Parte-se do princípio de que a formação do enfermeiro gestor está ancorada em quatro eixos: a pesquisa, a gestão do cuidado, a gestão e o trabalho em equipe, e a educação permanente.
A enfermagem como prática social historicamente constituída nas relações com outras profissões interage e se articula, constituindo o campo da saúde, ao mesmo tempo que constrói processos de gestão. Tais processos são complexos, permeados por relações de saber e de poder que se desenvolvem em serviços específicos, setores, equipes ou mesmo redes de atenção à saúde, com o objetivo de atender às necessidades dos usuários.
Nessa articulação, a formação construída sobre relações de ensinar e aprender ocorrem no cotidiano, em que se aprende e se forma em todos os momentos. Nesse sentido, o trabalho do enfermeiro gestor se constitui como um lócus privilegiado de aprendizagem.
Em espaços formais de aprendizagem, quer seja de formação inicial ou de educação permanente, apostam-se em relações horizontalizadas, democráticas e guiadas por referenciais de cuidado e de processos de ensino-aprendizagem que envolvem análise crítica e reflexiva, além de uma ética e estética em defesa da vida e da inclusão da diferença.
É a partir desses pressupostos que se pretende pensar e refletir sobre a formação do enfermeiro gestor. Para tal, é necessário inicialmente compreender como ocorreu a gênese da administração na enfermagem e como se constituiu histórica e socialmente esse conhecimento na profissão.
Além disso, é necessário entender os quatro eixos de formação do enfermeiro gestor como articuladores interdependentes que norteiam a formação desse profissional da saúde. Na prática de trabalho, esses eixos não podem ser desenvolvidos separadamente, pois a intersecção entre eles é um fator importante para prestar assistência de enfermagem aos usuários no SUS.