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ESTUDO DAS HÉRNIAS ABDOMINAIS EM CIRURGIAS DE PEQUENOS ANIMAIS

Claudia Paiva Pereira das Neves Carreirão

epub-PROMEVET-PA-C7V2_Artigo3

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer os mecanismos fisiopatológicos responsáveis pelo desenvolvimento de hérnias abdominais;
  • descrever as principais técnicas cirúrgicas aplicadas em hérnias abdominais;
  • estabelecer as principais possibilidades terapêuticas nas alterações relacionadas neste capítulo;
  • orientar com mais segurança os aspectos relacionados à prevenção, ao tratamento e ao prognóstico dos tipos de hérnias relacionadas neste capítulo.

Esquema conceitual

Introdução

As hérnias abdominais representam uma rotina frequente na clínica cirúrgica de pequenos animais. O conhecimento da sua fisiopatologia e das condutas terapêuticas é de grande importância não só por sua frequência elevada, mas principalmente pelas repercussões clínicas graves que pode gerar.

A etiologia das hérnias é multifatorial, as repercussões são variadas, assim como as complicações também podem ser múltiplas.1

A hérnia é a protrusão de um órgão ou de tecidos por meio de defeito congênito ou adquirido da parede da cavidade anatômica.1

Classificam-se as hérnias de acordo com sua localização, origem (congênita, traumática ou incisional), anatomia (falsa ou verdadeira) e potencial de redução (redutível ou não).2

As hérnias verdadeiras apresentam três partes, que são o anel, o saco herniário e o conteúdo. Em hérnias incisionais ou traumáticas agudas, não há a formação do saco herniário. As hérnias congênitas ocorrem em decorrência de uma falha na embriogênese, podem ter predisposição racial e sexual, dependendo do seu sítio anatômico, e estão relacionadas a outras doenças congênitas. Já as adquiridas ocorrem por trauma, intervenções cirúrgicas, medicamentosas, substâncias químicas ou influência hormonal.3,4

As hérnias que se apresentarem irredutíveis, doloridas, com coloração alterada ou acompanhadas de sinais gastrintestinais ou choque podem sinalizar encarceramento iminente (aprisionamento de órgãos ou tecidos) ou estrangulamento (perda de viabilidade do conteúdo por causa de circulação interrompida). Nesse caso, a abordagem para estabilizar o paciente deverá ser imediata, seguida da intervenção cirúrgica para correção.5

Os principais objetivos do reparo cirúrgico de uma hérnia são6

  • garantir a viabilidade do conteúdo da hérnia encarcerada;
  • liberar e devolver o conteúdo viável da hérnia à sua localização normal na cavidade abdominal;
  • obliterar o tecido do saco herniário redundante;
  • fornecer o fechamento primário do defeito livre de tensão e seguro usando tecido circundante forte e saudável.

A hérnia é a protrusão de um órgão ou de parte dele, por meio de um defeito congênito ou adquirido da parede da cavidade anatômica, que pode ocorrer frente a um enfraquecimento de parede ou a um trauma. Os antigos usavam para identificar o tipo de hérnia o sufixo kele (cele, tumefação), precedido da denominação da região acometida, como, por exemplo, onfalocele.

Fatores genéticos e traumáticos, uso de medicamentos, intervenções prévias e substâncias químicas são as principais causas para o desenvolvimento das hérnias. A predominância racial ou sexual nas hérnias congênitas irá variar dependendo da sua localização anatômica. Além das abdominais, as hérnias podem ser encontradas em vários sítios anatômicos, como cardiovascular, neurológico e ortopédico, por exemplo.4,7

As hérnias abdominais mais comuns são4

  • hérnia escrotal (hérnia inguinoescrotal ou, ainda, hérnia inguinal indireta);
  • hérnia ventral;
  • hérnia umbilical;
  • hérnia inguinal;
  • hérnia femoral;
  • hérnia traumática (rompimento do ligamento púbico cranial);
  • hérnia lateral dorsal;
  • hérnia paracostal.

A Figura 1 mostra os locais em que surgem hérnias abdominais de forma mais frequente.

FIGURA 1: Localizações mais comuns das hérnias abdominais. 1) Hérnia paracostal. 2) Hérnia inguinal. 3) Ruptura do ligamento púbico cranial. 4) Hérnia femoral. 5) Hérnia umbilical. 6) Hérnia ventral subxifoide. 7) Hérnia escrotal. // Fonte: Adaptada de Smeak (2003).8

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