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FISIOTERAPIA NA PROMOÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA EM PROL DA SAÚDE GLOBAL

José Roberto de Faria Junior

Saulo Delfino Barboza

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • contextualizar a importância da atuação da fisioterapia na saúde global;
  • descrever as recomendações atuais de atividade física da Organização Mundial da Saúde (OMS);
  • reconhecer o Plano Global para a Atividade Física 2018–2030 e Agenda 2030;
  • classificar os usuários de seus serviços como fisicamente ativos ou inativos.

Esquema conceitual

Introdução

Na Constituição da Saúde Mundial da OMS, enfatiza-se que todo ser humano tem direito à saúde, independente de raça, religião, crença política, condição econômica ou social. Ademais, para a democratização do direito à saúde, é primordial a cooperação de Estados (governos) e indivíduos (sociedades).1

Na Constituição da Saúde Mundial, define-se saúde como um “estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”.1

Embora seja considerada um avanço importante, a definição de saúde da OMS data de 1948 e tem sido problematizada na contemporaneidade. A problematização se deve ao fato de que os processos saúde-doença têm se modificado ao longo do final do século XX e início do século XXI. Assim, alguns estudiosos discutem a necessidade de uma revisão da definição de saúde proposta pela OMS.2

A principal crítica à definição de saúde da OMS refere-se ao aspecto de “completo bem-estar” e revela três problemas. O primeiro problema é a contribuição involuntária à medicalização da sociedade, pois a ideia de saúde como um completo bem-estar permitiria facilmente classificar pessoas como não saudáveis, favorecendo, assim, a (auto)medicação corriqueira.2

O segundo problema refere-se às mudanças demográficas, da natureza e dos padrões dos processos saúde-doença que vêm ocorrendo desde 1948. O terceiro problema deve-se à operacionalização da definição de saúde, visto que a OMS desenvolveu vários sistemas de diagnóstico e classificação de lesões e doenças, bem como de descrição de aspectos de saúde, deficiência, funcionalidade e qualidade de vida, que tornariam quase que impraticável o alcance de um estado de completo bem-estar.2

A proposta dos críticos à definição de saúde da OMS sugere que esse conceito poderia ser atualizado para contemplar a capacidade de adaptação (ou resiliência) frente às dificuldades físicas, sociais e emocionais que o ser humano possa enfrentar ao longo da vida.2 Dessa forma, um indivíduo poderia ser considerado saudável conforme a maneira pela qual lida com uma doença ou dificuldade física, social ou emocional, e não somente na ausência de doenças ou em estado de completo bem-estar.

Frente aos inúmeros benefícios proporcionados por um estilo de vida fisicamente ativo, considera-se que a atividade física é um componente fundamental para a proteção, promoção e manutenção da saúde em todas as faixas etárias. Além de contribuir para a saúde física, social e emocional, um estilo de vida fisicamente ativo reduz o risco do desenvolvimento de morte prematura por doenças crônicas não transmissíveis (DCNTdoença crônica não transmissívels),3 como doenças cardíacas, diabetes e câncer, por exemplo.3

Contudo, os níveis de atividade física da população mundial vêm reduzindo de maneira preocupante ao longo das últimas décadas. Essa redução levou estudiosos a cunharem o termo “inatividade física”. A inatividade física é um problema de dimensões preocupantes e atualmente considerada uma pandemia.4

Para enfrentar a pandemia de inatividade física, a OMS elaborou o Plano de Ação Global para a Atividade Física 2018–2030.5 Esse plano foi elaborado para estar em sincronia com a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), também conhecida como Agenda 2030,6 e precisa da participação ativa de todos os segmentos da sociedade para sua implementação.5 A meta do plano é reduzir a prevalência de inatividade física da população mundial em 10% até 2025 e em 15% até 2030. Para atingir essa meta, o plano conta com quatro objetivos estratégicos:5

  • criar sociedades ativas;
  • criar ambientes ativos;
  • criar pessoas ativas;
  • criar sistemas ativos.

Dado que a fisioterapia é a ciência e a clínica do movimento humano, considera-se fundamental a participação ativa de fisioterapeutas no enfrentamento da pandemia de inatividade física. Ou seja, a atuação do fisioterapeuta na promoção de um estilo de vida fisicamente ativo em prol da saúde individual e coletiva é de suma importância.7 A fisioterapia, em conjunto com profissionais de outras áreas do conhecimento, pode contribuir efetivamente no que tange a maior aderência de indivíduos e populações às recomendações de atividade física da OMS e no alcance das metas do Plano Global de Atividade Física 2018–2030.5

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