Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer as demandas da mulher no processo de perimenopausa e menopausa;
- identificar os principais sintomas e as complicações decorrentes da menopausa;
- listar os riscos e os benefícios da terapia hormonal na menopausa (THM);
- distinguir as indicações aprovadas — com grau de evidência A — para THM;
- listar as contraindicações para a THM;
- reconhecer os esquemas terapêuticos disponíveis;
- demonstrar a aplicação da THM de forma individualizada, considerando as contraindicações, os riscos e os benefícios;
- discutir opções terapêuticas não hormonais em casos específicos.
Esquema conceitual
Introdução
A menopausa natural é um evento fisiológico secundário à perda de função folicular ovariana, resultando em hipoestrogenismo e altas concentrações de hormônio folículo estimulante (FSH).1 Nas mulheres que menstruam, a menopausa consiste na cessação permanente dos ciclos menstruais após 12 meses consecutivos de amenorreia, o que ocorre em média aos 51 anos de idade; em geral, entre 45 e 55 anos.1,2
Quando acontece naturalmente antes dos 40 anos de idade, considera-se menopausa prematura, caracterizada como insuficiência ovariana primária (IOP) ou falência ovariana prematura (FOP). A menopausa que ocorre entre 40 e 45 anos é caracterizada como menopausa precoce (em inglês, early menopause) considerada uma situação intermediária entre a FOP e a idade considerada mais fisiológica em média. Ademais, a menopausa pode ser induzida em qualquer idade em decorrência de intervenções como ooforectomia bilateral, quimio ou radioterapia.1,3
A transição menopáusica, ou perimenopausa, marca o período entre os anos reprodutivos e a menopausa e se inicia aproximadamente quatro anos antes da menstruação final. Esse processo natural durante a vida de uma mulher é marcado por flutuações hormonais e ciclos menstruais irregulares.3,4
O hipoestrogenismo resultante da falência ovariana tem como consequência diversas alterações sistêmicas que impactam diretamente na saúde e na qualidade de vida das mulheres. As manifestações mais frequentes incluem sintomas vasomotores (SVMs) — ondas de calor —, alterações do humor, insônia, disfunção cognitiva, sintomas geniturinários e disfunção sexual, tendência a aumento de peso e da gordura abdominal, além outros processos patológicos, como perda de massa óssea, alteração do perfil lipídico e aumento de risco cardiovascular.1,3–5
Os sintomas podem se iniciar já no período da perimenopausa e afetam 70 a 80% das mulheres, sendo descritos como graves em 25% dos casos.1,6,7 A experiência da menopausa de cada mulher é influenciada pela sua saúde pessoal e por circunstâncias psicossociais e econômicas, que precisam ser consideradas em uma abordagem individualizada e holística.2
A THM é o tratamento mais eficaz para o alívio dos sintomas da menopausa, com impacto comprovadamente positivo na qualidade de vida e na prevenção de morbidades, como fraturas osteoporóticas, com risco médico mínimo, desde que respeitadas as indicações, as contraindicações, os riscos e os benefícios. Para as mulheres sintomáticas com contraindicações ou que não desejam fazer THM, tratamentos não hormonais podem ser considerados.3