Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- avaliar a evolução do conceito e da prática do abandono ao longo da história;
- revisar a importância do abandono no desenvolvimento da criança;
- identificar as causas sobre a decisão dos pais de abandonarem os seus filhos no hospital;
- descrever os principais problemas que afetam o desenvolvimento dessas crianças;
- promover as intervenções de enfermagem focadas no cuidado a essas crianças.
Esquema conceitual
Introdução
O abandono de crianças é praticado desde a Antiguidade, das mais diferentes formas, e, ao estudá-lo, senti-lo ou trabalhá-lo, torna-se fundamental se isentar, na medida do humanamente possível, de juízos de valor e focar no essencial: procurar causas, consequências e possíveis resoluções, por meio da prevenção ou das intervenções dirigidas quando o fenômeno se torna factual.
O impacto dos maus-tratos infantis reflete-se nos sistemas biológicos, pois eles são afetados durante um momento fundamental do desenvolvimento do cérebro, induzindo sérios riscos para a saúde global, acarretando repercussões sociais ao longo de toda a vida.1–3
Embora a literatura demonstre que esse é um fenômeno em regressão, principalmente nos ditos países desenvolvidos, da mesma forma, os estudos sobre esse fenômeno, em contexto hospitalar, parecem vir a escassear com o tempo. Seja porque se verifica menos a sua existência seja porque há menos interesse ou capacidade para estudá-lo, a criança em risco, independentemente do risco a que está exposta, deverá ser uma prioridade nos cuidados.4
Que pese a sua história de fragilidade e elevada mortalidade, com o alvor do século XX, a criança vê a sua necessidade de estima e proteção reconhecida pela sociedade e protegida por meio da Declaração dos Direitos da Criança, em 1924, e, mais tarde, da Declaração Internacional dos Direitos Humanos, pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1959.4