- Introdução
Deficiência, incapacidade e funcionalidade são termos centrais na construção da identidade profissional do fisioterapeuta e estão longe de ser consenso no cenário do cuidado em saúde. A polissemia dos termos traz uma série de dificuldades operacionais para sua consolidação e abordagem, que dependem não somente dos fisioterapeutas, mas também de fatores como:
- ambientes de assistência em que os profissionais estão inseridos;
- níveis de complexidade em que atuam;
- formas de gestão da oferta de serviços de cuidado fisioterapêutico.
Embora haja certa dificuldade técnica para avançar na discussão, a utilização de uma linguagem comum para a descrição dos fenômenos de funcionalidade e incapacidade é o que orienta os planos terapêuticos, as formas de organização dos serviços de fisioterapia e suas políticas específicas de cuidado. Portanto, o caminho para uma unidade na percepção dos fenômenos de funcionalidade, incapacidade e deficiência, que trazem a subjetividade como semelhança, é central para que os fisioterapeutas possam avançar na consolidação do seu papel no cenário do cuidado em saúde.
O modelo globalmente aceito para a descrição dos fenômenos citados é a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIFClassificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde).
A CIFClassificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde é uma classificação-modelo para a organização e documentação do grupo de informações referentes à funcionalidade e incapacidade, cujo objetivo principal é propiciar uma linguagem padronizada e uma base conceitual para a definição e mensuração de funcionalidade e incapacidade.1
Integrando os princípios dos modelos médico e social, a CIFClassificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde sintetiza a perspectiva biopsicossocial. Seus princípios teóricos reconhecem o papel dos fatores ambientais na funcionalidade e incapacidade dos indivíduos, além do papel das condições de saúde.2
Atualmente, a CIFClassificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde é utilizada em muitos contextos, com diferentes fins. Sua estrutura se aplica a políticas de estatística, pesquisas clínicas, sociais, educacionais e previdenciárias na busca de modelos mais equitativos. No âmbito das características da seguridade social no Brasil (assistência social, previdência social e saúde), a utilização e disseminação da CIFClassificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, além de uma grande atividade científica, têm se destacado nos últimos anos.3–5
O foco deste artigo é o setor de saúde orientado para a rotina do fisioterapeuta. A partir da apresentação de formas de utilização da CIFClassificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde na prática desse profissional, busca-se contribuir para a disseminação da abordagem biopsicossocial no cenário do cuidado em saúde.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- apropriar-se dos conceitos de funcionalidade, incapacidade e deficiência;
- identificar os componentes da CIFClassificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde;
- cooperar para a implementação e incorporação da CIFClassificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde nas rotinas de fisioterapeutas, em todos os níveis de complexidade do cuidado em saúde;
- utilizar a CIFClassificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde na prática clínica.
- Esquema conceitual