Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer os mecanismos responsáveis pela regulação do fechamento do canal arterial durante a transição da circulação fetal para a neonatal;
- identificar critérios clínicos, laboratoriais e ecocardiográficos para realizar o diagnóstico da persistência do canal arterial (PCA) com repercussão hemodinâmica no recém-nascido pré-termo (RNPT);
- estabelecer critérios indicativos de tratamento da PCA no RNPT e as melhores opções terapêuticas disponíveis no momento.
Esquema conceitual
Introdução
Ao longo dos últimos anos, foi possível observar a fantástica evolução dos resultados obtidos com o avanço da terapia intensiva neonatal, especialmente no que se refere ao cuidado de RNPTs. Nesses pacientes, a PCA é o principal problema cardiovascular que os acomete ao longo da sua jornada. Em algumas situações, esse evento torna-se um fator de agravo às condições clínicas desses RNs e pode acarretar quadro agudo de insuficiência cardíaca e respiratória. Sua presença está associada à ocorrência de várias complicações em curto e longo prazos, como:1,2
- hemorragia pulmonar;
- displasia broncopulmonar (DBP);
- enterocolite necrosante (ECN);
- hemorragia intracraniana (HIC).
A repercussão hemodinâmica e clínica da PCA decorre de um desequilíbrio entre o aumento do fluxo pulmonar e uma certa redução do fluxo sistêmico durante o período neonatal e as adaptações fisiológicas e dos mecanismos compensatórios dos diversos órgãos do RNPT. Apesar dessa associação entre PCA e complicações no RNPT, não existe, até o momento, um consenso a respeito da melhor decisão quanto à necessidade de se realizar o tratamento da PCA no RNPT.
Considerando-se ainda as possíveis complicações com o tratamento medicamentoso, cirúrgico ou intervencionista da PCA, torna-se mais importante definir em que grupo de RNPT o tratamento da PCA deve ser realizado e qual seria o melhor momento. Esse dilema ainda persiste na maioria das unidades neonatais e será o tema abordado neste capítulo.