Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar as lesões por pressão (LPlesão por pressãos) causadas por máscaras N95;
- explicar como ocorrem as LPlesão por pressãos causadas por máscaras N95 no contexto da doença do coronavírus 2019 (em inglês, coronavirus disease 2019 [COVID-19doença do coronavírus 2019]);
- prevenir as LPlesão por pressãos causadas por máscara N95 em profissionais que atuam no combate à COVID-19doença do coronavírus 2019;
- promover estratégias para prevenir LPlesão por pressãos causadas por máscara N95 na prática clínica.
Esquema conceitual
Introdução
As LPlesão por pressãos ocorrem tradicionalmente em tecidos moles e proeminências ósseas expostas a mudanças de pressão, cisalhamento e adversidades no microclima da pele. No entanto, também podem ser causadas por dispositivos médicos conectados ao paciente ou próximos a ele.1 Tais lesões ocorrem em locais incomuns, como face, orelhas, parte superior das costas, pescoço, uretra e joelhos.
No final de 2019 e ao longo de 2020, com a ascensão do novo coronavírus, causador da COVID-19doença do coronavírus 2019 e responsável pela pandemia que se alastrou pelo mundo, e com o aumento do uso de máscaras do tipo N95 ou equivalentes pelos profissionais de saúde, passou a ser percebido o aumento de LPlesão por pressãos semelhantes às lesões por pressão relacionadas a dispositivos médicos (LPRDMlesão por pressão relacionada a dispositivo médicos) nesses profissionais.2
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as evidências disponíveis relatam que a transmissão do novo coronavírus ocorre por gotículas e contato próximo. Assim, aqueles em contato mais próximo com pacientes com COVID-19doença do coronavírus 2019 correm maior risco de se infectar, como é o caso dos profissionais de saúde. Assim, os profissionais precisaram adotar medidas de precaução adicionais.2
Durante a realização de procedimentos geradores de aerossóis (intubação traqueal, ventilação não invasiva, traqueostomia, ressuscitação cardiopulmonar, broncoscopia, aspiração de vias aéreas, entre outros), os trabalhadores de saúde precisam estar equipados com proteção respiratória capaz de conter partículas em forma de aerossóis. Para isso, o uso de máscara N95 ou equivalente se faz indispensável, além dos demais equipamentos de proteção individual (EPIequipamentos de proteção individuals), como óculos de proteção e/ou protetor facial, luvas, gorro e avental impermeável.2
Muitos profissionais têm feito uso prolongado de máscara N95 ou equivalente durante suas jornadas de trabalho,2 o que tem ocasionado lesões, em especial na face, provavelmente relacionadas ao tipo de material das máscaras e ao uso por extensos períodos nos serviços de saúde durante a pandemia.
Um estudo realizado na China com 542 profissionais de saúde, que trabalharam na linha frente dos serviços de combate à COVID-19doença do coronavírus 2019 verificou prevalência de 97,0% de danos à pele em profissionais relacionados ao uso de EPIequipamentos de proteção individuals. Os principais locais afetados foram as regiões do dorso nasal (83,1%) e zigomática (78,7%), mãos (74,5%) e facial frontal (57,2%).3
As LPlesão por pressãos causadas em profissionais de saúde ainda são pouco estudadas, sobretudo as relacionadas ao contexto da pandemia da COVID-19doença do coronavírus 2019, o qual reforçou a demanda de utilização dos EPIequipamentos de proteção individuals, bem como as medidas de prevenção de lesões causadas por eles. As características do vírus definem as escolhas dos EPIequipamentos de proteção individuals, por isso, também devem ser consideradas como aspectos importantes para a obtenção de melhores resultados. Diante desse cenário, este capítulo discutirá, com base em estudos, as principais estratégias para a prevenção das LPlesão por pressãos faciais causadas por máscaras N95 em profissionais de saúde.