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PROLACTINOMA NA PÓS-MENOPAUSA

Autores: Luiz Augusto Casulari, Lucilia Domingues Casulari da Motta
epub-BR-PROENDOCRINO-C15V2_Artigo1

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer os principais sinais e sintomas associados ao excesso de prolactina circulante;
  • identificar os efeitos deletérios da hiperprolactinemia no organismo;
  • distinguir a apresentação do prolactinoma na pós-menopausa e na pré-menopausa;
  • explicar o porquê e como o prolactinoma pode desaparecer na pós-menopausa;
  • conduzir corretamente o tratamento do prolactinoma na pós-menopausa;
  • discutir os outros benefícios que o tratamento com cabergolina pode trazer, além da normalização da prolactina;
  • reconhecer que a hipoprolactinemia no tratamento com cabergolina pode ser deletéria para a mulher.

Esquema conceitual

Introdução

A menopausa é um evento caracterizado pelo fim da menstruação mensal devido à perda da função folicular ovariana e ao declínio das concentrações de estrogênio no sangue. Considera-se menopausa natural a ausência de menstruação por 12 meses consecutivos, sem outra causa fisiológica, patológica ou intervenção clínica. Ocorre, geralmente, entre 45 e 55 anos. Algumas mulheres, no entanto, experimentam a menopausa antes dos 40 anos. A menopausa precoce pode ser causada por certas alterações cromossômicas, distúrbios autoimunes ou outras causas desconhecidas. Em algumas situações, o prolactinoma pode induzir o diagnóstico.1

Frequentemente, a menopausa é acompanhada de sinais e sintomas relacionados com a deficiência de estrogênio, como fogachos, insônia, fadiga, irritabilidade, depressão, ansiedade, queda da libido, ressecamento vaginal.1

A população global de mulheres na pós-menopausa está crescendo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2021, as mulheres com 50 anos ou mais representavam 26% de todas as mulheres e meninas em todo o mundo.1

A menopausa é considerada um fator de risco para a doença coronariana cardíaca. Isso se deve aos efeitos do hipoestrogenismo na função cardíaca, na pressão arterial (PA), na tolerância à glicose, no perfil lipídico, entre outros parâmetros. Ela também provoca o aumento da gordura corporal e da adiposidade visceral, que são fatores de risco para alterações metabólicas, como resistência à insulina, dislipidemia e diabetes mellitus tipo 2 (DM2).2

A prolactina é um hormônio pleiotrófico com ações mediadas pelo receptor transmembrana amplamente distribuído no organismo. Além da ação na regulação da lactação, a prolactina tem inúmeros outros efeitos no organismo, como osmorregulação, crescimento e desenvolvimento, função imune, cérebro e comportamento, angiogênese, funções endocrinológica e metabólica. Os receptores da prolactina são expressos em muitos tecidos e em vários tipos de células, e sua concentração é significativamente mais elevada durante a gestação e a lactação.3–5

O excesso de prolactina está associado a ganho de peso, obesidade, síndrome metabólica, comprometimento do perfil glicose–insulina e dos lipídeos e osteoporose. O uso concomitante de medicamentos é uma causa comum de hiperprolactinemia e deve ser cuidadosamente avaliado durante o diagnóstico diferencial. Por sua vez, a hipoprolactinemia também pode ter impacto negativo no perfil metabólico.3–5

O prolactinoma é o mais comum entre os tumores hipofisários secretores de hormônios e representa cerca de 50% de todos os adenomas hipofisários.6 Trata-se do tumor de hipófise mais frequente em mulheres e da principal causa de hiperprolactinemia patológica. Este capítulo abordará sua ocorrência na população pós-menopausa.

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