Introdução
A relação entre consumo de pornografia e saúde mental permanece controversa. Em geral, o modo de formular esse problema e as questões que se colocam nessa seara tendem a obscurecer as múltiplas facetas, eclipsando a complexidade multidimensional que reveste o fenômeno. Com frequência, ouve-se a pergunta: Afinal, a pornografia é boa ou ruim para a saúde?
Infelizmente, visões dicotômicas e simplificadoras tendem a prevalecer quando a questão é formulada de modo polarizado, que favorece a oferta de uma resposta pouco reflexiva e com forte teor maniqueísta. Mais delicada ainda é a questão da pornografia infantil, cuja produção, distribuição e consumo, mesmo nas poucas situações em que se dá sem fins comerciais e em âmbito privado, é criminalizada, por colocar em risco a saúde mental e a dignidade de crianças e adolescentes.
É provável que algumas pessoas irão desenvolver problemas com o consumo compulsivo de pornografia, à semelhança de outras dependências. Por essa razão, é importante pesquisar a questão. Este capítulo tem por objetivo contextualizar a evidência científica disponível na atualidade sobre a pornografia, considerando a dinâmica de prós e contras para a saúde pública e suas implicações para os indivíduos que a consomem, buscando delinear um panorama que contribua para futuros estudos sobre o uso problemático de pornografia ou o comportamento aditivo.
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer as evidências científicas disponíveis sobre o uso problemático da pornografia na perspectiva da saúde mental;
- delinear as implicações do uso da pornografia na perspectiva dos indivíduos que a consomem e a dinâmica de prós e contras na perspectiva da saúde pública;
- esboçar um panorama que contribua para futuros estudos sobre o uso problemático de pornografia ou comportamento aditivo.