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SAÚDE DO HOMEM

Rene Ferreira da Silva Junior

Carla Silvana de Oliveira e Silva

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Objetivos 

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

  • destacar as principais atitudes e características masculinas que influenciam no processo saúde–doença;
  • descrever as linhas de cuidado em saúde do homem;
  • promover o cuidado à saúde do homem.

Esquema conceitual

Introdução

As práticas de cuidado à saúde ainda são consideradas uma dimensão do mundo feminino que privilegia as variadas vulnerabilidades expostas pelos segmentos sociais e seus processos de saúde–doença. Mesmo que o sistema de saúde almeje trabalhar a assistência à saúde tendo em vista a universalidade, a equidade e a integralidade, o imaginário simbólico ainda reitera o cuidado como espaço feminino, rejeitando, dessa maneira, a dimensão do masculino.1

É recente a visão sobre a saúde dos homens, considerando-os para além de “contaminadores” e “violadores” e transportando-os para o centro das discussões como indivíduos e objetos do cuidado a partir de suas necessidades como homens diversos. Ainda que os homens respondam pelos piores indicadores de morbidade e mortalidade, geralmente, eles não apresentam o hábito de buscar os serviços de saúde para a realização de atividades preventivas e de autocuidado.1

As diferenças em relação à morbidade e à mortalidade entre homens e mulheres são bastante conhecidas: os homens morrem mais cedo do que as mulheres, sobretudo por causas externas (acidentes e violências); são também mais propícios às doenças cardiovasculares (DCVs), provavelmente por se exporem a comportamentos de risco de forma mais frequente, acessam menos os serviços de saúde, por diversos motivos e, sobretudo, pela infundada autopercepção da sua infalibilidade mental e física.2

Acrescenta-se, ainda, que os homens procuram por atendimento por meio da atenção especializada e em situações de urgência e emergência, o que acarreta a piora do quadro clínico, em razão do retardo na assistência.3 Muitas doenças poderiam ser evitadas se os homens fossem conscientes e adotassem hábitos de prevenção à saúde, como cuidados preventivos contra acidentes em geral, alimentação saudável e balanceada, realização de exercícios físicos e exames de rotina.4

Nesse contexto, em âmbito nacional, em 2009, foi publicada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), instituída pela Portaria Ministerial do Gabinete do Ministro (GM) nº 1.944, de 27 de agosto de 2009, atualmente incluída no Anexo XII da Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017, da Consolidação das Normas sobre as Políticas Nacionais de Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS).4

A PNAISH objetiva, em especial, promover ações em saúde que auxiliem substancialmente no entendimento do contexto singular masculino nas suas variadas realidades socioculturais e político-econômicas, propiciando a elevação da expectativa de vida e a diminuição das taxas de morbidade e mortalidade por causas preveníveis e evitáveis na faixa etária de 20 a 59 anos.4

Assim, a PNAISH se propõe a organizar a atenção à população masculina na perspectiva de linhas de cuidados que preservam a integralidade da assistência, trabalhada em cinco eixos estruturantes.3 A saúde do homem deve ser definida não apenas como ausência de doença, mas, de maneira integral, com cuidados que ultrapassam a barreira de tratamentos e ações de prevenção pontuais contra impotência sexual, infertilidade ou doenças da próstata, por exemplo.5

A PNAISH compreende, assim, a saúde do homem também como a garantia de seus direitos em saúde, ou seja, o planejamento da constituição de sua família e do nascimento dos filhos de maneira assistida pelo Estado, o exercício da paternidade desde a gravidez até a participação no desenvolvimento dos filhos, além de atendimento psicológico e biológico por qualquer demanda, inclusive aquelas associadas à sexualidade masculina.5 Compreende-se que a interação entre o profissional de enfermagem e o paciente é essencial para o alcance dos objetivos, com enfoque na qualidade de vida, prevenção e tratamento.6

A seguir, serão apresentadas as principais atitudes e características masculinas que influenciam o processo saúde–doença e as linhas de cuidado em saúde do homem, além de cuidados de enfermagem e os principais diagnósticos de enfermagem (DEs) e intervenções dos sistemas de classificação da Nanda International, Inc. (Nanda-I) e classificação das intervenções de enfermagem (NIC, em inglês, Nursing Intervention Classification) na saúde do homem.

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