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TENDÊNCIAS GERENCIAIS EM ENFERMAGEM

Ana Maria Müller de Magalhães

João Lucas Campos de Oliveira

Diovane Ghignatti da Costa

Daniela Silva dos Santos Schneider

Aline Marques Acosta

Carlise Rigon Dalla Nora

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer algumas tendências gerenciais na saúde/enfermagem;
  • avaliar a inserção do enfermeiro no desenvolvimento de tendências gerenciais;
  • revisar os fundamentos teóricos elementares da administração aplicados à enfermagem;
  • reconhecer os modelos contemporâneos de liderança e sua influência na atuação do enfermeiro;
  • identificar as potencialidades e os desafios para o desenvolvimento de competências de liderança em enfermagem;
  • descrever o triple aim como uma estratégia para gestão da qualidade e segurança do paciente;
  • analisar o papel do enfermeiro na ciência da melhoria;
  • discutir a atuação de enfermeiros de prática avançada e enfermeiros coordenadores do cuidado.

Esquema conceitual

Introdução

Herdado de movimentos históricos, políticos e sociais, o trabalho gerencial do enfermeiro não se limita a uma perspectiva deontológica ou normativa da profissão, a qual, como no caso do Brasil, delineia privativamente a ação gerencial dos serviços de enfermagem ao profissional enfermeiro.1 Para além disso, o gerenciamento em enfermagem corresponde também a uma questão identitária, que legitima o enfermeiro como gerente do cuidado e dos elementos/recursos necessários para a sua execução no melhor nível de qualidade correspondente à realidade.2

Considerando que a gerência/gerenciamento faz parte da constituição e do posicionamento do enfermeiro em meio aos processos produtivos em saúde, denota-se que o trabalho gerencial não é exclusivo aos enfermeiros ocupantes de cargos de chefia,3 pois o que se difere, em termos práticos — além do aparato formal e informal de poder na estrutura organizacional —, é a magnitude e o objeto a ser gerenciado: ora se vale ao cuidado direto e à equipe de trabalho bem delimitada, ora diz respeito aos serviços de enfermagem e saúde, além de células de apoio/assessoria nas organizações.

A enfermagem necessita acompanhar as constantes mudanças tecnológicas, econômicas e sociais, que determinam a adoção de novas estratégias de gestão nas organizações. Até mesmo porque os crescentes desafios que acompanham os avanços da ciência — como o aumento da população idosa, dos custos dos serviços, dos materiais e insumos, além de reformas e precarização dos sistemas de saúde — surgem no mundo e no Brasil como fatores que impulsionam os enfermeiros gestores e outras lideranças a desenvolver aprendizagem de novos papéis, capazes de atender a essas demandas.

Frente às demandas sociais impostas, apesar de ser inegável que enfermeiros precisem desenvolver competências para o gerenciamento do cuidado e dos serviços de enfermagem, sabe-se que as barreiras para o êxito no seu desdobramento são diversas, tanto de origem na formação profissional como em questões de estrutura (formal e informal) e de processos de trabalho nas organizações de saúde,4 que, por vezes, não estimulam e/ou viabilizam que enfermeiros, ou até mesmo outros profissionais, exerçam papéis de transformação e desenhem estratégias que ultrapassem o status quo no saber-fazer.

Isso pode ser produto tanto dos modelos de gestão ainda calcados nas premissas mais tradicionais da administração (necessárias, mas não plenamente suficientes) como também da pouca procura por enfermeiros, que, de fato, instrumentalizem-se de habilidades gerenciais mais robustas/inovadoras.5 Até mesmo porque a gerência na enfermagem e saúde não é sempre vista como um meio para articular racional, estratégica e participativamente as melhores práticas, mas, muitas vezes, uma mera forma de fazer valer a autoridade, a disciplina, a hierarquia, a responsabilidade, o planejamento normativo e o controle.5

Não é recente que estudiosos apontem para novas tendências gerenciais, como as organizações de aprendizagem, a valorização/retenção dos talentos, o investimento e a incorporação de novos conhecimentos para uma prática de gestão fundamentada nas melhores evidências, de forma aberta, participativa, criativa e sensível, entre outras, de aplicabilidade ainda mais direta ao trabalho em saúde e enfermagem.

No entanto, o processo de formulação, apropriação e/ou adaptação de novas perspectivas de gestão na enfermagem é moroso e dependente de muitos fatores, tanto vinculados aos profissionais como às organizações, ao próprio mercado de trabalho em saúde e às necessidades sociais. Por esse motivo e, também, partindo da premissa de que a ação gerencial é elementar para a constituição identitária do enfermeiro, acredita-se que explanar, divulgar e problematizar as tendências gerenciais têm relevância para a profissão.

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