Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- diferenciar as abordagens nomotética e idiográfica utilizadas na pesquisa clínica;
- versar brevemente sobre a história do modelo de doença latente que moldou o diagnóstico clínico, o tratamento e a pesquisa;
- compreender por que o modelo de doença latente e as conclusões baseadas em grupos falharam clínica e estatisticamente em considerar diferenças individuais significativas na psicopatologia e nas abordagens de tratamento eficazes — e, com essa informação, entender por que as abordagens idiográficas à pesquisa e à prática são agora sugeridas;
- identificar as teorias clínicas, científicas e estatísticas que sustentam a Terapia Baseada em Processos (TBP);
- reconhecer os processos da TBP e aplicá-los a estudos de casos e exemplos clínicos, a fim de elucidar as formas nas quais a TBP pode ser aplicada eficiente e efetivamente em pacientes que apresentam múltiplas psicopatologias;
- descrever os benefícios das abordagens baseadas em processos para a pesquisa e o tratamento, com foco no planejamento e na implementação do tratamento;
- explicar brevemente as duas abordagens estatísticas idiográficas comumente utilizadas na pesquisa clínica (redes complexas e análise de série–tempo), bem como a coleta de dados por meio de avaliação momentânea ecológica.
- aplicar os conceitos de pontos pico e desaceleração crítica em associação com a análise de dados idiográficos, aplicada à psicopatologia e a mudanças no problema ao longo do tempo.
- resumir brevemente a pesquisa psicopatológica atual que implementou a TBP e as abordagens idiográficas com resultados promissores.
- verificar a maneira como utilizar as abordagens baseadas em processos e a informação fornecida neste texto para responder a questão fundamental que inspirou a TBP: Considerando este cliente e suas necessidades individuais, quais processos biopsicossociais essenciais devem ser abordados e qual é a forma mais eficiente e eficaz de fazê-lo?
Esquema conceitual
Introdução
À medida que a dependência no modelo de doença latente e em análises nomotéticas de dados na pesquisa clínica sofre um declínio, as abordagens individualizadas baseadas em processos apresentam um crescimento, indo ao encontro das necessidades dos pacientes, profissionais e pesquisadores.
A TBP tem como alvo processos centrais de mudança na psicopatologia e no tratamento, integrando abordagens terapêuticas baseadas na análise funcional, mediação, moderação e análise idiográfica com o objetivo de formar e testar hipóteses quanto à melhor maneira de tratar o indivíduo, considerando suas características biopsicossociais, suas necessidades e seus objetivos únicos.
Orientada por abordagens de dados individualizados, como análises de redes complexas e de séries temporais, a TBP reduz e reformula o debate entre escolas terapêuticas específicas e tradicionais de pesquisa e contraria o histórico da especialidade, que tira conclusões sobre o indivíduo estudando grupos heterogêneos. Essas abordagens analíticas corrigem um erro estatístico e metodológico fundamental que permeia a desconexão entre as estratégias de pesquisa e comparação do grupo tradicional e o conhecimento idiograficamente relevante necessário para almejar processos de mudança de maneira bem-sucedida.
Este capítulo irá explicar as diferenças fundamentais entre a pesquisa nomotética e idiográfica com ênfase em afastar-se dos modelos sindrômicos latentes, detalhar as teorias clínicas, científicas e estatísticas que estão por trás da TBP e discutir as formas pelas quais essa terapia pode ser aplicada de maneira eficiente e efetiva em pacientes que apresentam problemas clínicos diversos.