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Atuação do enfermeiro na assistência prestada ao idoso com HIV/aids

Cidianna Emanuelly Melo do Nascimento

Thaysla de Oliveira Sousa

Dayara de Nazaré Rosa de Carvalho

Viviane Ferraz Ferreira de Aguiar

Atuação do enfermeiro na assistência prestada ao idoso com HIV/aids - Secad

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • analisar a transmissão, o diagnóstico, os sinais e sintomas, as complicações e o tratamento de HIV/aids no idoso;
  • reconhecer a vulnerabilidade do idoso ao contágio por HIV/aids;
  • identificar atividades de educação em saúde e orientações ao idoso que vivencia HIV/aids;
  • planejar uma assistência de enfermagem voltada ao idoso vivendo com HIV/aids na Atenção Primária à Saúde e na atenção especializada e hospitalar.

Esquema conceitual

Introdução

O vírus da imunodeficiência humana (HIV) desenvolve-se nas primeiras semanas após a infecção. Nessa fase, ele é replicado nos tecidos linfoides do indivíduo contaminado, tornando-se altamente infectante. Assim como em outras infecções virais que cursam de forma aguda, o indivíduo infectado pelo HIV apresenta um quadro típico de manifestações clínicas, denominado síndrome retroviral aguda (SRA).1

O HIV acomete principalmente o sistema imunológico do indivíduo infectado, ocasionando, assim, a perda da capacidade do organismo de se defender. A partir de então, surgem sinais e sintomas relacionados à presença de infecções oportunistas, e ocorre o aparecimento da síndrome da imunodeficiência adquirida, também conhecida como aids ou sida.2

Observa-se o aumento progressivo das taxas de morbidade e mortalidade decorrentes da aids em grupos etários acima de 50 anos. Estimativas do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (UNAIDS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) são de que existam 40 milhões de pessoas vivendo com HIV/aids em todo o mundo, e cerca de 2,8 milhões encontram-se com idade igual ou acima de 50 anos. Essa tendência observada sugere que, em pouco tempo, o número de idosos infectados pelo HIV será ampliado significativamente.3

Tal fenômeno pode ser explicado pelo advento dos medicamentos destinados à disfunção erétil e hormonais, levando a população idosa à prática sexual não segura e à falta de conhecimento sobre a aids.4 Corroborando, a concepção erroneamente naturalizada de uma velhice dessexualizada, marcada pela inatividade e falta de desejo sexual, manteve esse grupo etário esquecido ou fora das prioridades políticas de prevenção para o HIV, como pelos próprios profissionais de saúde.3

No Brasil, o número de casos de aids em idosos vem crescendo vertiginosamente. Entre os anos 1980 e 2001, o País contabilizou um total de 5.410 casos de pessoas com mais de 60 anos soropositivas, e, entre 2002 e 2014, foram diagnosticados 17.761 novos casos nessa população. Esses dados apontam que, em 21 anos, houve uma variação média de 257,6 casos por ano, enquanto no período subsequente de 12 anos essa variação subiu para 1.488,4 casos por ano, o que corresponde a 577,8%.5

Frente ao diagnóstico positivo de uma patologia que cursa de forma crônica e cujo desfecho se encaminha para a morte, as percepções e expectativas da pessoa vivendo com HIV/aids mudam completamente.

O diagnóstico positivo repercute no âmbito biopsicossocial, fazendo esse indivíduo ter mudanças consideráveis em seu estilo de vida, permeando desde o período de aceitação até o período de adaptação à nova condição clínica e ao tratamento contínuo da doença. Tais implicações podem tornar o idoso mais vulnerável quanto ao aspecto físico e psicológico e à nova realidade vivenciada e experienciada.

O idoso passa a ter o estereótipo de aidético e a ser reconhecido como alguém que pertence aos chamados grupos de risco, carregando todo o estigma social e peso moral dessa classificação. Ademais, a realidade de ser idoso e viver com o HIV/aids se coloca como uma situação muitas vezes surpreendente, impensada e de difícil aceitação, uma vez que contraria os estereótipos vinculados aos idosos, principalmente relacionados às concepções de assexualidade nesse momento da vida.5

Desse modo, os profissionais de saúde devem estar preparados para um atendimento especializado ao idoso com HIV/aids, pois há uma demanda crescente, sendo necessário se adaptar e efetivar a busca por meios de alcançar e sensibilizar os indivíduos mais excluídos, compensando as diferenças culturais/sociais existentes.4

Outrossim, vale ressaltar a assistência de enfermagem prestada ao paciente vivendo com HIV/aids, pois o enfermeiro é responsável pelo desenvolvimento de um plano de cuidado que seja individualizado, humanizado e integral, regido por conhecimentos científicos, tendo como base a sistematização da assistência de enfermagem (SAE), visando ações que permitam a realização da promoção, prevenção, proteção e reabilitação da saúde, com ênfase na adesão ao tratamento e na atuação do idoso nas práticas de autocuidado.

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