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CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA BUCOMAXILOFACIAL

Cristina Silva Sousa

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Introdução

O atendimento ao paciente nas unidades críticas não é possível sem a sistematização da assistência de enfermagem (SAEsistematização da assistência de enfermagem), que abrange qualquer paciente com admissão hospitalar ou em atendimento nas unidades de urgência. Pouco conteúdo é ministrado durante a graduação de enfermagem sobre odontologia e cirurgia bucomaxilofacial. Portanto, quando um paciente é admitido para atendimento de trauma da face, há uma compreensão limitada de suas necessidades, com pouca habilidade para a avaliação. A assistência acaba sendo delegada ao cirurgião bucomaxilofacial.

Lesões faciais podem ocorrer isoladamente ou em combinação com outras, como no paciente vítima de politrauma.1 Independentemente do local da lesão, existem efeitos locais e sistêmicos relacionados ao trauma, o que justifica a importância de conhecer a estrutura da face.

O esqueleto maxilofacial é composto de duas estruturas. A porção superior é fixada e imóvel na parte anterior da base do crânio, denominada maxila. A porção inferior é livre e movimentada pela articulação temporomandibular (ATMarticulação temporomandibular), denominada mandíbula.2

Os ossos da parte superior são complexos e incluem as cavidades da boca, do nariz, sinusal e orbitária. Os tecidos moles da face e da cavidade oral são igualmente complexos. Lesões musculares e nervosas podem ocorrer, tanto quanto danos mais simples, como em pele e mucosa.2

O principal nervo sensitivo da região maxilofacial é o trigêmeo; ramos desse nervo estão em canais da mandíbula e malar e são especialmente vulneráveis a lesões, como fraturas. O nervo facial inerva a musculatura e expressões faciais.2

Os ramos supracitados constituem um potencial risco de complicação em lacerações faciais e durante procedimentos cirúrgicos da face.2

O trauma é um problema de saúde pública com potencial de prevenção e tratamento ocasionado por acidentes de transito, conflitos interpessoais e tentativas de homicidio.3 Lesões em ossos da face e tecidos moles podem interferir nos seguintes sistemas:1

 

  • visão;
  • respiração;
  • olfato;
  • mastigação;
  • paladar.

A ruptura do esqueleto maxilofacial também pode colocar as vias aéreas (VAvia aéreas) em risco, levando a uma emergência respiratória. Em pacientes com trauma bucomaxilofacial, é necessário considerar a possibilidade de lesões conjuntas em base de crânio, cérebro e coluna cervical.1

As lesões, quando abrangem os tecidos moles, podem apresentar as seguintes manifestações, potencializando os efeitos das fraturas ósseas:4

 

  • hemorragias;
  • lacerações;
  • cortes;
  • contusões;
  • perfuração;
  • hematomas.

Essas lesões são resultantes de agressões sobre as partes moles, provocadas por um agente traumático. Isso acarreta um dano tecidual superficial ou profundo, causando dor e sangramento de intensidade variável, com risco de infecção local. Quando mal abordadas, deixam sequelas que interferem no convívio social e podem gerar incapacidade de trabalho.4

Percebe-se como o trauma bucomaxilofacial é complexo e amplo. Ele acomete qualquer faixa etária e pode deixar sequelas estéticas e/ou levar à perda de função. Além disso, pode ocasionar repercussões emocionais, deformidades irreversíveis e uma morbidade psicológica considerável, expondo o paciente a um alto risco de sintomas de transtorno pós-traumático.5

Neste capítulo sobre os traumas bucomaxilofaciais, serão apresentados os seguintes tópicos:

 

  • epidemiologia;
  • características e questões clínicas das lesões em tecidos moles e ósseas da face;
  • profissionais envolvidos no atendimento à vítima;
  • assistência de enfermagem ao paciente.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer as características clínicas de lesões em tecidos moles e ósseas da face;
  • identificar a avaliação, o diagnóstico e o tratamento do trauma bucomaxilofacial;
  • fornecer a assistência de enfermagem ao paciente vítima de trauma bucomaxilofacial.

Esquema conceitual

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