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SINTOMAS PSICOFUNCIONAIS EM BEBÊS: CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

Daniela Centenaro Levandowski

Tagma Marina Schneider Donelli

Angela Helena Marin

Gabriela Nunes Maia

Giana Bitencourt Frizzo

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Introdução

Quando uma mulher se torna mãe, ela passará por muitas mudanças e adaptações, e esse acontecimento afetará sua família e suas relações.1–3 Para a criança que nasce, as mudanças também são intensas: ela sai de sua condição intrauterina e se depara com uma realidade que não entende e diante da qual se encontra ainda indefesa.

No início da vida, a criança pode contar com seu corpo para dizer ao mundo como se sente e do que precisa. Assim, a mãe precisa ter disponibilidade suficiente para se adaptar ao bebê e fornecer tudo o que ele precisa.4 Nesse sentido, destaca-se a fragilidade e a absoluta dependência do bebê humano em relação ao outro, que marcam profundamente todo o desenvolvimento posterior de sua estrutura subjetiva.5

A comunicação não verbal, entretanto, pode ser um desafio para quem cuida de um bebê. Quando, por qualquer razão, a mãe não consegue sistematicamente entender as necessidades da criança (sejam elas físicas ou mesmo de acolhimento diante de possíveis angústias e medos) e atendê-las satisfatoriamente, o corpo do bebê poderá indicar essa dificuldade. Além do choro, as suas principais funções de regulação funcional (sono, alimentação, digestão, respiração, pele e comportamento) podem ser afetadas.6,7

Do ponto de vista clínico, tanto os fatos e os acontecimentos que acometem o bebê quanto os que impactam a mulher e o sistema familiar ampliado são capazes de repercutir na relação da dupla mãe–bebê, contribuindo positivamente ou negativamente para a saúde mental de ambos. Dessa forma, quanto mais precocemente as dificuldades da dupla forem detectadas, maior a possibilidade de minimizar ou evitar danos ao desenvolvimento infantil.8,9

Poucos estudos, no entanto, são encontrados até o presente momento sobre a saúde mental e a psicopatologia do bebê, mesmo em âmbito internacional. Em função disso, este capítulo aborda a temática dos sintomas psicofuncionais (ou sintomas somático-funcionais) na primeira infância, pois, apesar de serem de ordem orgânica, são compreendidos, na abordagem psicanalítica, como manifestações de problemas relacionais da díade mãe–bebê ou da tríade pais–bebê.8

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer a natureza psicossomática de sintomas somático-funcionais apresentados por bebês;
  • ampliar as perspectivas de investigação dos sintomas psicofuncionais;
  • desenvolver uma leitura sensível a respeito dos sintomas psicofuncionais, visando a identificar eventuais aspectos relacionais e contextuais a eles vinculados;
  • refletir acerca das melhores intervenções, com foco na sintomatologia psicofuncional, a serem adotadas para a assistência de bebês e suas famílias;
  • caracterizar os sintomas psicofuncionais, de forma tanto teórica quanto empírica, com base nos dados coletados em projeto de pesquisa desenvolvido no sul do Brasil;
  • identificar as possibilidades de avaliação e de intervenção dos sintomas psicofuncionais.

Esquema conceitual

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