- Introdução
A dor torácica é um importante relato do paciente ao adentrar um serviço emergencial, tendo uma ampla variedade de patologias que podem desencadear tal quadro. Entre as principais causas de dor torácica, é possível destacar as1
- osteoesqueléticas;
- gastrintestinais;
- psicogênicas;
- pulmonares;
- cardíacas.
Entre as causas cardíacas, as doenças cardiovasculares (DCVdoença cardiovascular) ocupam um patamar de destaque no atendimento emergencial, uma vez que há alta incidência dessas patologias, as quais incluem1
- isquemia miocárdica derivada de doença arterial coronariana (DACdoença arterial coronariana);
- dissecção de aorta;
- valvulopatias;
- pericardite;
- miocardite;
As DCVdoença cardiovascular são a principal causa de morte no mundo, constituindo um dos problemas de grande repercussão para a assistência de saúde contemporânea. As DCVdoença cardiovascular são responsáveis por 7,4 milhões de óbitos anuais. Uma previsão preocupante é que o fenômeno se manterá em ascensão pelos próximos anos, sendo estimados cerca de 24,2 milhões de óbitos ao ano por cardiopatias isquêmicas em 2030. No Brasil, o infarto agudo do miocárdio (IAMinfarto agudo do miocárdio) é considerado a principal causa de mortalidade, com registros de cerca de 100.000 óbitos ao ano, o que representa altos custos ao sistema de saúde.2–4
A síndrome coronariana aguda (SCAsíndrome coronariana aguda) caracteriza a principal causa dos eventos de dor torácica atendidos no contexto emergencial. Ela compreende uma diversidade de apresentações clínicas decorrentes da isquemia miocárdica.5–7
As diretrizes sobre a SCAsíndrome coronariana aguda enfatizam a importância dos cuidados ainda no contexto pré-hospitalar. Desde a década de 1960, mencionavam-se as intervenções frente às primeiras horas de manifestação da doença, pois a maioria das mortes ainda ocorre antes que o paciente tenha a chance de adentrar ao serviço de emergência. O principal objetivo desse atendimento inicial é minimizar o tempo entre o início dos sintomas, em geral a dor torácica aguda, e a realização do atendimento na sala de emergência.5–7
O grande desafio para os programas de saúde pública, espalhados por todo o mundo, é garantir estratégias efetivas de prevenção, diagnóstico e terapêutica, objetivando a transformação do cenário atual em busca da redução das estatísticas desfavoráveis.
No âmbito hospitalar, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou reformas visando à prestação de atendimentos mais qualificados à sociedade. Foi estabelecida, como meta pelo programa de Política Nacional de Humanização (PNH) e pelo QualiSUS, por meio do HumanizaSUS, a realização do atendimento com acolhimento e classificação de risco realizados pelo enfermeiro, com vistas à reorganização e à resolutividade dos atendimentos. A partir desse fato, os atendimentos são organizados pela classificação de risco e pelo nível de complexidade de cada doença, e não mais por ordem de chegada. Isso garante aos pacientes com SCAsíndrome coronariana aguda um atendimento rápido, com redução de óbitos, pela possibilidade de intervenção precoce.8–9
Diante da necessidade de realizar medidas que possibilitem atendimento aos doentes graves ou com potencial de complicações, estabeleceu-se, por meio da Resolução nº 423, de 9 de abril de 2012, do Conselho Federal de Enfermagem (COFENConselho Federal de Enfermagem), que a classificação de risco é uma atividade privativa dos enfermeiros.8–10
Nas unidades de emergência, o enfermeiro insere-se como importante facilitador do atendimento ao paciente com dor torácica. Ele é o responsável pela avaliação inicial de forma rápida, organizada e sistematizada, a fim de se determinarem as prioridades e de se elaborar um plano de cuidados na fase aguda.11–12
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar a sintomatologia e as repercussões da dor torácica no âmbito emergencial;
- realizar a estratificação do risco, reconhecendo um quadro de SCAsíndrome coronariana aguda;
- estabelecer critérios para o tratamento da dor torácica por meio de algoritmos baseados na American Heart Association (AHA) e na Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBCSociedade Brasileira de Cardiologia), bem como em literaturas com evidência científica;
- aplicar a sistematização da assistência de enfermagem (SAEassistência de enfermagem) ao paciente com dor torácica aguda.
- Esquema conceitual