Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer a diversidade de trajetórias e de demandas psicossociais na velhice;
- identificar as principais atitudes, conhecimentos e competências desejáveis do psicólogo que avalia e intervém junto ao público idoso;
- empregar formas de avaliar pessoas idosas a partir de demandas em saúde mental no contexto clínico;
- distinguir algumas especificidades e adaptações da Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) para pessoas idosas.
Esquema conceitual
Introdução
O crescimento nacional e global da população idosa já é uma realidade.1 Entre os vários desafios que tal aumento sinaliza, a oferta de serviços psicológicos adequados a esse público é, sem dúvida, uma urgente questão a ser tratada. A transição para a aposentadoria, a necessidade de cuidar de familiares mais velhos e o declínio funcional e cognitivo são exemplos de eventos esperados de ocorrer na etapa da velhice e que podem afetar a saúde mental dessa população.
Também existem eventos que não necessariamente são esperados na velhice, mas que, quando ocorrem, também afetam significativamente a saúde mental das pessoas idosas, tais como, entre outros,1
- isolamento social;
- institucionalização;
- desenvolvimento de doenças graves.
Assim, é muito provável que a pessoa idosa tenha que lidar em algum grau com adaptações psicossociais mais ou menos exigentes na etapa da velhice. Por isso, as intervenções psicológicas podem beneficiar a saúde mental desse público.1
Planejar e ofertar intervenções psicológicas para pessoas idosas são ações extremamente desafiadoras, pois nesta etapa da vida há muita heterogeneidade e diversidade de trajetórias. É possível observar desde uma pessoa idosa que corre uma maratona, é ativa e com boa saúde física e mental, até outra pessoa idosa que sofre de síndrome de fragilidade, necessitou de institucionalização e enfrenta isolamento social e depressão.
Os perfis são muito diversos, o que implica que as intervenções também deverão ser, a depender das condições e dos contextos de quem necessita do serviço psicológico. Por essa razão, saber conduzir uma avaliação psicológica para nortear um plano de intervenção e/ou referir encaminhamentos necessários é uma habilidade indispensável do psicólogo.
Ainda, a formação do psicólogo para trabalhar com pessoas mais velhas é bastante deficitária no Brasil. É muito comum observar profissionais que buscam transpor técnicas e procedimentos executados com pessoas mais jovens para o trabalho com as pessoas mais velhas. Entretanto, essas transposições são arriscadas, pelo fato de as características e os contextos das pessoas idosas serem distintos das gerações mais novas.
Aqui no Brasil ainda não existe um modelo que preconiza quais são as atitudes, habilidades e competências que o psicólogo deve desenvolver para o trabalho com pessoas idosas. A falta de formação e de informação pode acarretar práticas intuitivas, baseadas em pseudociências e que não trarão benefícios à pessoa idosa, podendo, inclusive, prejudicá-la.
Logo, este capítulo pretende informar e instrumentar o leitor para que, ao final do estudo, encontre-se minimamente a par das atitudes, competências e habilidades desejáveis para a prática psicológica com pessoas idosas, bem como adquira algumas noções básicas sobre práticas de avaliação e intervenção psicológica clínica com esse público.