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ALTERAÇÕES OLFATÓRIAS APÓS TRATAMENTO RADIOTERÁPICO E QUIMIOTERÁPICO

Autores: José Lucas Barbosa da Silva, Marco Aurélio Fornazieri
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  • Introdução

O olfato é um importante sentido para a nutrição e para uma boa qualidade de vida.1–3 Estima-se que mais da metade da população acima de 65 anos sofra de algum grau de hiposmia.4,5 Entre idosos, a perda do olfato e/ou do paladar está relacionada à desnutrição.6 A diminuição na sensibilidade do olfato pode colocar em risco a segurança dos pacientes no que diz respeito ao risco de envenenamento por alimentos ou agentes tóxicos.2,3

As alterações olfatórias podem repercutir negativamente, inclusive em algumas profissões, como cozinheiros, bombeiros, provadores de vinho ou de fragrâncias, entre outras. Recentemente, os distúrbios olfatórios foram relacionados com transtornos de ansiedade e depressão.7,8

O epitélio olfatório localiza-se no teto da cavidade nasal9 e é composto por diferentes tipos de células. As células responsáveis pela detecção de odores são os neurônios bipolares olfatórios.10 Na camada basal do neuroepitélio olfatório, situam-se ainda as células-tronco, capazes de regenerar a maioria dos tipos celulares desse epitélio durante o turnover normal ou após injúrias.11

A radioterapia é uma das principais modalidades terapêuticas empregadas no tratamento dos diferentes tipos de câncer.12 Sua toxicidade está diretamente relacionada ao local de aplicação e à técnica utilizada.12,13 No tratamento dos cânceres de cabeça e pescoço, por exemplo, alguns dos efeitos colaterais mais comuns são:13,14

 

  • mucosite;
  • xerostomia;
  • disfagia;
  • osteorradionecrose mandibular;
  • trismo;
  • presbiacusia.

Já a quimioterapia está frequentemente relacionada a efeitos colaterais sistêmicos. Sua toxicidade depende da substância utilizada, da dose e da via de administração.15,16 Entre os efeitos colaterais mais comuns, citam-se:15–17

 

  • náuseas;
  • vômitos;
  • dor;
  • artralgia;
  • mucosite;
  • alopecia;
  • anemia;
  • mielossupressão;
  • leucopenia;
  • trombocitopenia.

Nas últimas décadas, foram observadas queixas olfatórias em pacientes submetidos a tratamento quimioterápico e/ou radioterápico.18 Os estudos envolvendo roedores demonstraram interrupção do turnover e desarranjo celular após essas terapias.10,11,19

LEMBRAR

Com o advento de instrumentos objetivos para avaliação do olfato, foi possível demonstrar que a radioterapia e a quimioterapia, tanto isoladas quanto associadas, causam alterações na função olfatória.18,20–26 Entre as alterações decorrentes desses tratamentos, foram mensurados prejuízos no limiar de detecção e na capacidade de identificação de odores.20,23,25,27,28

O grau e o tempo de recuperação variam de acordo com o tipo de tratamento. Na radioterapia, as doses maiores do que 10Gy no neuroepitélio olfatório estão implicadas com déficit olfatório.22,23 Alguns agentes quimioterápicos foram relacionados a alterações olfatórias mais proeminentes.25,27 A recuperação costuma ser menos frequente na radioterapia quando comparada à quimioterapia isolada.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de:

 

  • reconhecer os principais efeitos da radioterapia e da quimioterapia na função olfatória;
  • compreender a fisiopatologia das alterações olfatórias após quimioterapia e radioterapia;
  • reconhecer o impacto das diferentes modalidades terapêuticas no olfato;
  • compreender como os distúrbios olfatórios afetam a qualidade de vida dos pacientes;
  • analisar os distúrbios olfatórios por meio de testes olfatórios.
  • Esquema conceitual
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