- Introdução
A artroplastia total do quadril (ATQartroplastia total do quadril) é um procedimento extremamente efetivo no alívio da dor e na melhora funcional de algumas patologias do quadril, com baixo índice de complicações. Uma das possíveis complicações das ATQartroplastia total do quadrils são as fraturas periprotéticas. O aumento no número de ATQartroplastia total do quadrils devido ao envelhecimento populacional leva, consequentemente, à elevação na prevalência das complicações, e uma das mais temidas é a fratura periprotética. A incidência dessas fraturas varia de 0,1 a 18%.1
No lado acetabular, as fraturas podem ocorrer durante a cirurgia devido às forças de impactação, ou no pós-operatório, nos casos de estoque ósseo deficiente e falência do sistema. É importante estar atento para reconhecer essa complicação a fim de evitarmos verdadeiras catástrofes. No lado femoral, as fraturas podem ocorrer no intraoperatório ou no pós-operatório. Caso as fraturas intraoperatórias não forem identificadas e tratadas de maneira adequada, os pacientes afetados poderão evoluir de uma maneira não muito satisfatória com a não consolidação ou a consolidação viciosa.
As fraturas periprotéticas pós-operatórias são por vezes de difícil tratamento com grande potencial para complicações. Obviamente que a prevenção é o ideal, mas caso ocorra, o cirurgião deve estar atento para o diagnóstico correto e atenção aos princípios para o tratamento de cada tipo específico de fratura. Outro ponto fundamental é ter acesso aos vários tipos de implantes disponíveis para o tratamento dessas fraturas, bem como enxerto ósseo caso haja indicação.
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1. Quais fatores a Classificação de Vancouver usa para descrever as fraturas periprotéticas no fêmur? Compare sua resposta com o texto a seguir.
Na artroplastia primária, a fratura periprotética intraoperatória foi estimada em cerca de 1% dos casos cimentados,2 e em 3 a 20% dos casos não cimentados.3 Fraturas pós-operatórias foram estimadas em menos de 1% dos casos de artroplastia primária.4 A prevalência exata da frequência dessas fraturas é difícil determinar. Em uma grande série de casos, Löwenhielm e colaboradores calcularam o risco acumulado de fraturas pós-operatórias em 25,3 por 1.000 ATQartroplastia total do quadrils durante um período de 15 anos de observação.5
Nas cirurgias de revisão, os padrões das fraturas periprotéticas se assemelham a uma ATQartroplastia total do quadril primária, no entanto, são mais frequentes. A incidência de fratura intraoperatória é de cerca de 6,3% nos casos cimentados6 e 17,6% nos não cimentados.7 As fraturas pós-operatórias são estimadas em cerca de 4% nos casos de revisão.4 No seguimento das revisões utilizando enxerto impactado, a prevalência das fraturas periprotéticas foi de 5 a 24%.8,9
A Classificação de Vancouver é a mais utilizada para descrever as fraturas periprotéticas no fêmur. Esta classificação leva em conta:
- a localização da fratura;
- a estabilidade do implante;
- a qualidade óssea.
O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico. O conservador está indicado principalmente para as fraturas do tipo A. O tratamento cirúrgico pode envolver ou não a troca do componente femoral baseado na sua estabilidade (B1 ou B2). Caso não haja indicação para troca, podemos lançar mão da redução aberta e fixação interna utilizando placas longas, parafusos bicorticais e unicorticais e cabos de cerclagem.
Caso haja necessidade de revisão, está indicada a utilização de um componente femoral longo de fixação distal, mais comumente não cimentado. Nas fraturas com estoque ósseo insuficiente (B3), podemos utilizar enxerto ósseo na tentativa de reconstituir a massa óssea. Nas fraturas bem abaixo da ponta da haste (C), o tratamento deve ser direcionado a osteossíntese da fratura com redução aberta e fixação interna (RAFIredução aberta e fixação interna).
- Objetivos
Ao final do artigo, espera-se que o leitor possa:
- reconhecer os fatores de risco associados à fratura periprotética do quadril;
- conhecer as classificações mais utilizadas e saber indicar cada modalidade de tratamento baseando-se nos padrões de fratura;
- identificar se o implante associado à fratura está estável ou instável, bem como avaliar a qualidade óssea relacionada à fratura.
- Esquema conceitual
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2. Sintetize seus conhecimentos sobre as fraturas intra e pós-operatórias do acetábulo. Compare sua resposta com o texto a seguir.
3. Sintetize seus conhecimentos sobre as fraturas intra e pós-operatórias do fêmur. Compare sua resposta com o texto a seguir.