Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar os aspectos patogênicos básicos da piodermite superficial canina;
- reconhecer os sinais clínicos da piodermite superficial canina;
- realizar o correto diagnóstico da piodermite superficial canina;
- instituir protocolo terapêutico individualizado, seguro e alinhado com os preceitos de saúde única.
Esquema conceitual
Introdução
As piodermites são infecções bacterianas piogênicas da pele e ocorrem, na maioria das vezes, de forma secundária à doença subjacente.1
O agente etiológico mais comum das piodermites é Staphylococcus pseudintermedius,2 uma bactéria comensal da microbiota cutânea canina.3 Do ponto de vista clínico, podem ser classificadas como de superfície, superficiais ou profundas, de acordo com a camada cutânea acometida.1,3
No entanto, tal classificação clínica das piodermites não é unânime, e alguns autores utilizam apenas a classificação de superficiais ou profundas, sendo a lâmina basal o limite entre elas.4 De todo modo, as piodermites superficiais representam maior casuística e, entre estas, a foliculite bacteriana superficial (FBS) é a mais comum.1,4
Embora representem, se não a primeira, a segunda principal causa de dermatopatia em caninos, o diagnóstico das piodermites pode ser desafiador para o médico veterinário4 e é firmado com base em achados de anamnese e em exames físico e complementares.2
O tratamento da piodermite canina deve ser realizado de forma individualizada, considerando não somente a severidade e a extensão das lesões, mas também os fatores relacionados ao paciente e a seu tutor.5
É importante ressaltar que, em virtude da natureza secundária da maioria dos casos de piodermite, a identificação, a eliminação ou o controle da causa de base são essenciais para o desfecho de sucesso com a terapia instituída, seja ela sistêmica e/ou tópica.3,4
O aumento da prevalência de resistência bacteriana — em especial, o Staphylococcus sp. resistente à meticilina (methicillin-resistant Staphylococcus [MRS])6–8 — reforça a importância de ancorar as medidas terapêuticas instituídas nos casos de piodermite canina em princípios de uso racional de antibioticoterapia sistêmica9–11 e de saúde única.12
Em um estudo realizado em hospital-escola, as dermatopatias corresponderam a cerca de 23% dos motivos para uso de terapias antimicrobianas.13 De acordo com Baker e colaboradores,14 as alterações cutâneas foram o principal motivo para antibioticoterapia prévia ao atendimento, tendo mais de 70% dos animais atendidos no setor de dermatologia recebido ao menos um tratamento antimicrobiano nos últimos 12 meses.
Com isso, torna-se imprescindível que o médico veterinário, inserido na rotina clínica de pequenos animais, realize o correto diagnóstico e tratamento das piodermites superficiais caninas.