Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer os princípios da prescrição do treinamento físico aeróbio para pessoas com distúrbios cardiovasculares estáveis (insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida [ICFEr], insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada [ICFEp] e doença arterial coronariana [DAC]);
- prescrever as variáveis do treinamento físico — modalidade, duração, frequência e intensidade — para a obtenção dos melhores resultados para pacientes com distúrbios cardiovasculares em relação ao aumento do desempenho físico, da qualidade de vida e da sobrevida e à diminuição das taxas de reinternação hospitalar.
Esquema conceitual
Introdução
O treinamento físico aeróbio é uma intervenção não farmacológica segura e eficaz para o ganho de desempenho físico de pessoas com distúrbios cardiovasculares estáveis.1 O desempenho físico aeróbio já foi considerado como um sinal vital pela American Heart Association, tamanha sua importância no prognóstico de pessoas saudáveis e com distúrbios cardiovasculares.2
A participação em um programa de reabilitação é tão importante que as principais diretrizes do mundo apontam o treinamento físico como parte integrante — e obrigatória — do tratamento de pessoas com distúrbios cardiovasculares estáveis.2 De forma contrária, atualmente ainda existem barreiras importantes para o acesso e a adesão dessas pessoas ao programa de treinamento físico. Essas barreiras englobam desde a falta de encaminhamento pela equipe médica até limitações sociais e econômicas dos pacientes. Para o aprofundamento desse tópico, o autor deste capítulo recomenda uma leitura adicional.3
Um clássico programa de treinamento físico contempla cerca de 5 a 10 minutos de aquecimento, 15 a 30 minutos de treinamento físico aeróbio, treinamento resistido, e 3 a 6 minutos de exercícios de desaquecimento/relaxamento. A composição mais eficaz de um programa de treinamento físico (duração da sessão, duração do programa de treino, frequência semanal, intensidade e modalidade) não está bem estabelecida na literatura. Apesar disso, é importante levar em consideração a preferência do paciente para uma prescrição mais personalizada e que possa ter uma melhor adesão.
Os principais benefícios do programa de treinamento físico para pessoas com distúrbios cardiovasculares estão relacionados com melhora do desempenho físico aeróbio, força muscular, qualidade de vida, diminuição da necessidade de reinternação e aumento da sobrevida. A despeito dos benefícios inquestionáveis do treinamento físico para pessoas com distúrbios cardiovasculares, muito ainda se discute sobre como prescrever as variáveis de um programa de treinamento físico, principalmente no tocante à modalidade e intensidade, para extrair os melhores resultados.2
Atualmente, encontram-se diversas opções, como, por exemplo, exercícios aquáticos, ioga, treino aeróbio em baixa, moderada e alta intensidade e o treino intervalado de alta intensidade (HIIT).4 Em relação à intensidade, o método de prescrição pode ser dividido em dois grupos, dependendo de como a avaliação da capacidade funcional foi feita: método direto, no qual se visualiza a transição metabólica no esforço e a quantificação direta do consumo de oxigênio (VO2) por meio do teste cardiopulmonar de exercício (TCPE); ou método indireto, fundamentado em equações para estimar zonas de intensidade de esforço e o VO2.5