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PROBLEMAS GENITAIS NA CRIANÇA

Autores: Carlos Eduardo Lara Henriques, Ingrid do Socorro da Silva Lopes , Jardel Corrêa de Oliveira
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Introdução

O médico de família e comunidade (MFC) deve estar capacitado para acompanhar o desenvolvimento infantil. Ele precisa saber realizar o exame genital da criança e reconhecer as condições mais comuns nessa faixa etária.1

O exame genital da criança deve ser feito logo após o nascimento.¹ Inicialmente, o MFC precisa verificar se a genitália é típica masculina ou feminina. Em cada caso, é necessário atentar a pontos específicos:2,3

 

  • genitália típica masculina:
    • observar o comprimento do pênis e a anatomia do prepúcio;
    • verificar se há exposição da glande;
    • ver a localização do meato uretral;
    • palpar os testículos na bolsa escrotal;
    • investigar a presença de massas escrotais ou inguinais anormais;
  • genitália típica feminina:
    • visualizar os grandes e os pequenos lábios;
    • afastar os lábios para observar o clitóris, o introito vaginal e o meato uretral.
    • verificar se há corrimento vaginal mucoide transitório tingido de sangue (esse corrimento pode estar presente, sendo fisiológico e secundário à queda do estrogênio materno no sangue da recém-nascida [RN]).

Os problemas genitais na criança apresentam frequência variável, como mostrado a seguir:

 

  • distúrbio do desenvolvimento sexual (DDSdistúrbio do desenvolvimento sexual) — tem uma prevalência de 0,02 a 0,1% dos nascidos vivos;4–6
  • puberdade precoce (PPpuberdade precoce) — um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou sua presença aos 8 anos de idade em cerca de 48% das meninas afro-americanas e de 15% das brancas;7
  • vulvovaginite — entre as causas infecciosas, é o problema genital mais comum na menina pré-púbere;8
  • balanopostite — acomete cerca de 4% dos meninos não circuncisados entre 2 e 5 anos de idade;9
  • fimose — entre as anomalias anatômicas da genitália, apresenta prevalência decrescente, estando presente em 96% dos meninos ao nascimento e em 15% daqueles com 1 ano de idade;¹
  • criptorquidia — ocorre em média em 3% dos RNs a termo;1
  • hipospadia — está presente em cerca de 0,4% dos RNs;10
  • priapismo — sua incidência é de 0,73 casos por 100 mil homens/ano nos Estados Unidos (dados específicos sobre incidência em crianças não disponíveis).11

É fundamental que o MFC reconheça as alterações citadas e organize o cuidado da criança de forma adequada, encaminhando-a ao especialista focal quando necessário. Além disso, ele deve estar capacitado para manejar adequadamente os casos mais frequentes.

Este capítulo abordará os problemas genitais na criança, com enfoque no conceito, nas alterações esperadas ao exame físico, no manejo inicial na atenção primária à saúde (APS) e na necessidade de encaminhamento do paciente ao especialista focal.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • realizar o exame da genitália na criança, diferenciando o normal do patológico;
  • estabelecer o diagnóstico sindrômico de problemas genitais na criança, caracterizando-os por meio da história clínica e do exame físico;
  • investigar adequadamente os problemas genitais na criança;
  • instituir a terapêutica diante dos problemas genitais na criança passíveis de manejo na APS;
  • encaminhar a criança com problemas genitais no momento oportuno e ao especialista focal adequado.

Esquema conceitual

 

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