Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- elencar as principais ostomias, respectivas sondas e cânulas disponíveis para a utilização em domicílio;
- indicar seu uso em cada faixa etária, de forma segura, evitando danos e garantindo a segurança do paciente no domicílio;
- identificar as indicações e as contraindicações domiciliares do uso das ostomias e as principais intercorrências no dia a dia;
- realizar a troca de cânulas e sondas e os cuidados em geral com as ostomias, as sondas e as cânulas no domicílio;
- compreender a importância da educação em saúde, ou seja, da abordagem do paciente centrada na pessoa, em seus sentimentos, suas expectativas e suas ideias, portanto, na biografia do indivíduo cuidado, de seus familiares e cuidadores e no domicílio, quanto aos cuidados com as ostomias, as sondas e as cânulas, assim, refletindo de forma profunda sobre preocupações e angústias ligadas aos desafios do cuidado.
Esquema conceitual
Introdução
Segundo o Ministério da Saúde, a atenção domiciliar (AD) é uma modalidade de atenção à saúde reconhecida por um conjunto de ações, quais sejam: promoção à saúde, prevenção, tratamento e paliação de doenças, além da reabilitação, sendo todos serviços oferecidos em domicílio, para garantir a continuidade de cuidados e o conforto do paciente.1–4
A realização de procedimento e cuidados no domicílio é uma prática comum na AD e deve ser baseada nas melhores evidências e nos melhores protocolos, para que assim seja garantida a continuidade do cuidado de forma segura.3,4
Existem diversos procedimentos que podem ser realizados no domicílio com segurança: paracentese, cateterismo, toracocentese, hipodermóclise e enteroclisma, entre outros. Este capítulo discorre sobre os cuidados domiciliares com ostomias, sondas e cânulas.3,4
As ostomias, estomas ou estomias são formas para a abordagem de um órgão através do meio externo, com o intento de entrada e saída de gases, como, por exemplo, oxigênio e gás carbônico, pela traqueostomia ou de substâncias, dieta enteral, via gastrostomia (GTT). Esse procedimento é realizado em ambiente hospitalar via cirúrgica ou endoscópica. Os cuidados com esses dispositivos devem e podem ser realizados no domicílio.3,4 As sondas e as cânulas são dispositivos artificiais que auxiliam nesse processo de abordagem do órgão.5–7
Neste capítulo, serão abordadas as ostomias listadas a seguir.
- Respiratória: traqueostomia;
- Alimentares: GTT e jejunostomia;
- Urinária: cistostomia;
- Intestinal de saída: colostomia.
O Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil começou a reconhecer a atenção à saúde das pessoas estomizadas em 1993, com a publicação da portaria MS/GM nº 116, que estabeleceu recursos financeiros para atendimentos ambulatoriais desses pacientes8. Uma mudança significativa ocorreu em 1999, quando o Decreto Lei nº 3.298 passou a considerar as pessoas estomizadas como deficientes físicos, alinhando-se à Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência, instituída pela portaria MS/GM nº 1.060 em 20029,10.
Com o avanço dessas políticas, foi publicada a portaria nº 400, de 16 de novembro de 2009, que estabeleceu Diretrizes Nacionais para a Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas e definiu que a atenção à saúde das pessoas com estoma seria composta por ações desenvolvidas na atenção básica e ações realizadas nos Serviços de Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas (SASPO)7.
De acordo com a portaria nº 400, os SASPO são organizados em duas categorias:7
- Atenção às Pessoas Ostomizadas I: Realiza ações de orientação para o autocuidado e prevenção de complicações nas estomias, além de fornecer equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segurança.
- Atenção às Pessoas Ostomizadas II: Inclui todas as ações da categoria I, além do tratamento de complicações e da capacitação de profissionais de saúde.
As Unidades Básicas de Saúde (UBS) têm a responsabilidade de realizar ações de orientação voltadas ao autocuidado e à prevenção de complicações, assegurando que as pessoas estomizadas recebam o suporte necessário para manter sua saúde e qualidade de vida7.
Para saber mais sobre as portarias mencionadas nos parágrafos acima, acesse:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/1993/prt0116_09_09_1993.html
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt1060_05_06_2002.html.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2009/prt0400_16_11_2009.html.