- Introdução
A qualidade do atendimento prestado ao paciente em unidades de terapia intensiva (UTIunidades de terapia intensiva) é um tema que tem sido motivo de estudos em todo o mundo, objetivando o atendimento centrado no paciente, e está diretamente relacionado com o auxílio tecnológico, com a qualificação da equipe assistencial, com a comunicação, com a informação e com o espaço físico adequado.
No passado, esperava-se que os pacientes e as famílias se encaixassem nas rotinas e nas práticas que os serviços de saúde julgassem mais apropriadas.1 O mundo atual exige mudanças para se atender às necessidades das pessoas no que for melhor para elas, e isso envolve trabalhar em parceria. A filosofia é “fazer com” em vez de “fazer para”.
A presença da família nas unidades de cuidados hospitalares, incluindo UTIunidades de terapia intensiva, junto aos seus entes queridos é um desejo e uma demanda no contexto das hospitalizações atuais e deve ser encorajada pelas lideranças das organizações de saúde e por todos os membros das equipes assistentes.2
As famílias querem proximidade com seus entes queridos,3 e a experiência dos cuidados, percebida pelos pacientes e pelos familiares, tem se tornado um fator-chave na qualidade e na segurança dos cuidados de saúde.2
Em seus muitos esforços para melhorar a qualidade da assistência, os líderes hospitalares têm buscado adequar os cuidados prestados às perspectivas do paciente e da família. Estudos e experiências têm mostrado que, quando os administradores de serviços de saúde, provedores, pacientes e familiares trabalham em parceria, os custos diminuem, a qualidade e a segurança aumentam, assim como aumenta a satisfação do paciente, da família e dos profissionais de saúde.2
Apesar de existirem evidências de que a participação de pessoas da família em UTIunidades de terapia intensiva traz melhorias no cuidado do paciente,4,5 isso ainda não é uma realidade mundial.
A inclusão do tema cuidado centrado no paciente e na família (CCPFcuidado centrado no paciente e na família) é relativamente recente no ambiente hospitalar. Em 1950, grupos de trabalhos e comitês governamentais do Reino Unido e dos Estados Unidos revolucionaram o atendimento de crianças em hospitais,6 e há cerca de 40 anos surgiram iniciativas com o intuito de transformar as culturas organizacionais e melhorar a experiência do paciente nas instituições de saúde, como hospitais, centros médicos, instituições de longa permanência para idosos e provedores de saúde.7
A expressão “cuidado centrado na família” parece ter sido sistematizada apenas em 1992, pelo atual Instituto para Cuidados Centrados no Paciente e na Família, nos Estados Unidos.6 A palavra família foi incluída para descrever melhor a estratégia pretendida para o cuidado, além de reconhecer a importância da família e assegurar a participação de todos os envolvidos no desenvolvimento de ações relacionadas à assistência do paciente.6,8
O modelo de assistência centrado no paciente e na família pode ser amplamente aplicado dentro das organizações de saúde e para pacientes de todas as idades. A implementação do modelo de assistência centrado no paciente e na família exige quebra de paradigmas e mudança cultural, e um dos primeiros passos para isso é a implementação de uma visitação irrestrita na UTIunidades de terapia intensiva.5
Facilitar o acesso irrestrito à família para o acompanhamento do paciente hospitalizado, incluindo aquele que se encontra em uma UTIunidades de terapia intensiva, é essencial para o apoio, para o suporte e para o convívio durante toda a permanência do paciente no hospital,4 impactando positivamente no processo de cura.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- discorrer sobre os conceitos dos cuidados centrados no paciente e na família;
- descrever a importância da família no processo do cuidado e sua importância para o paciente;
- elencar os elementos-chave para a implementação de uma visitação irrestrita ao paciente internado e o processo dos cuidados centrados no paciente e na família;
- entender como melhorar o atendimento de saúde a partir da perspectiva do paciente, da família e da própria equipe de cuidados;
- reconhecer as possibilidades e as limitações relacionadas aos cuidados centrados no paciente e na família.
- Esquema conceitual