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SÍNDROME CARDIORRENAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Autores: Thatyana Wendhausen, Diogo Luiz Wendhausen
epub-BR-PROAMI-C16V1_Artigo3
  • Introdução

Um dos grandes desafios dos intensivistas é lidar com condições que não apenas atingem importantes órgãos do corpo de maneira individual, mas que afetam todo o sistema de manutenção da homeostase corporal. O reconhecimento de condições que operem múltiplos mecanismos fisiopatológicos — simultaneamente e em sítios distantes do organismo — é uma ferramenta crucial para a boa prática médica e uma determinante nas escolhas terapêuticas no tratamento dos grandes enfermos.1

As interações entre os órgãos do corpo humano remetem às complexas comunicações biológicas e aos mecanismos de feedback mediados por fatores celulares, moleculares, neurais, endócrinos e parácrinos, que desempenham o papel de manutenção do funcionamento ótimo do corpo humano. Entretanto, durante estados de doença, essas interações podem desregular-se e assumir um papel de perpetuar a disfunção do sistema.1

O coração e o rim possuem uma relação complexa e bidirecional. Em sua manifestação inicial, as condições que afetam um desses órgãos podem, individualmente, levar o outro a dano. De modo a criar-se um consenso, será adotada a denominação síndrome cardiorrenal (SCRsíndrome cardiorrenal) na identificação das condições que afetam esses órgãos simultaneamente.2

A SCRsíndrome cardiorrenal é uma síndrome com extensas e aceleradas repercussões cardíacas e renais — com propriedades distintas das condições que afetam os órgãos isoladamente — e que não ocorre em condições que afetam os órgãos individualmente.3

A identificação precoce dos pacientes sob risco de SCRsíndrome cardiorrenal e o combate aos fatores predisponentes são cruciais.1,4

Mesmo naqueles indivíduos em que a função renal retorna a sua linha de base depois do agravo, há um aumento na morbidade e mortalidade, independentemente da duração do quadro (se breve ou persistente), afetando o prognóstico e a taxa de sobrevivência desses pacientes.1,4

O coração e o rim são órgãos que estão intimamente interligados na manutenção da homeostase corporal, mas a comunicação entre os órgãos vai além da função de equilíbrio entre os compartimentos dos fluidos corporais. Estão envolvidos nesse cenário os conectores biológicos complexos, interligados por meio de loops de autorregulação, como3

 

  • o sistema renina–angiotensina–aldosterona (SRAAsistema renina–angiotensina–aldosterona);
  • o balanço entre a liberação de óxido nítrico (NOóxido nítrico) e as espécies reativas de oxigênio (EROespécies reativas de oxigênio);
  • a sinalização à resposta inflamatória;
  • a ativação do sistema nervoso simpático (SNSsistema nervoso simpático).

O comprometimento individual de um integrante desse sistema acaba, impreterivelmente, levando a um descontrole dos outros, induzindo uma disfunção cardíaca e renal.3

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • estabelecer a interação coração–rim;
  • identificar a SCRsíndrome cardiorrenal e classificá-la;
  • reconhecer os pacientes em risco de acometimento ou descompensação clínica;
  • indicar um tratamento aos pacientes.
  • Esquema conceitual
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