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PROTOCOLO DE INTERVENÇÕES DA PSICOLOGIA HOSPITALAR PARA PACIENTES COM COMPORTAMENTO SUICIDA

Autores: Luciene Oliveira Rocha Lopes, Luciana Almeida Santos
epub-BR-PROPSICO-C5V2_Artigo3

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • definir o comportamento suicida e identificar os fatores de risco e de proteção;
  • reconhecer estratégias de atuação psicológica para o paciente com comportamento suicida, desde o acolhimento inicial do paciente no hospital até o encaminhamento responsável;
  • identificar o risco suicida em pacientes hospitalizados;
  • discutir atividades práticas de prevenção do suicídio dentro do hospital, junto à equipe multidisciplinar;
  • identificar serviços intersetoriais a que o paciente possa ser encaminhado, compreendendo, sobretudo, a rede de atenção psicossocial.

Esquema conceitual

Introdução

Confira aqui os slides deste capítulo

Slides aqui

O suicídio é um grave problema de saúde pública atravessado por questões biológicas, psíquicas, sociais e históricas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),1 o suicídio foi a segunda principal causa de morte na faixa etária entre 15 e 29 anos e a terceira para a faixa etária de 15 a 19 anos, em 2016. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS)2,3 demonstrou aumento da taxa de mortalidade por suicídio por 100 mil habitantes: em 2011, foram 10.490 óbitos e, em 2015, 11.736 óbitos, com registro total de 55.649 óbitos por suicídio nesse período.

Lessa4 dissertou que, ainda atualmente, há uma moralização do suicídio, repleta de preconceitos que ainda o coloca no nível de tabu, silenciando esse evento repleto de sofrimento. Cassorla5 afirmou que o comportamento suicida inclui um pedido de ajuda e que, por meio de ambientes propícios e da atuação de profissionais especializados, a dor vivenciada nesse processo poderá ser suportada.

Diariamente, as instituições hospitalares são convocadas a atenderem pacientes com comportamento suicida; para tanto, devem estar capacitadas para dedicarem cuidado integral e especializado a essas pessoas.

Muitas vezes, o primeiro contato do paciente após uma tentativa de suicídio é com um hospital geral ou de pronto-socorro, o que pode ser uma grande oportunidade para se iniciar um tratamento eficaz em relação ao sofrimento apresentado.

No trabalho dentro de hospitais, o psicólogo é solicitado para atuar diante do paciente que foi admitido após tentativa de suicídio ou que, durante o processo de hospitalização, desenvolveu comportamento suicida. A psicologia tem muito a contribuir nesse processo, desde ações diretas ao paciente e a seus acompanhantes até o desenvolvimento de ações preventivas com a equipe multidisciplinar.

Botega6 afirmou que a prevenção do suicídio envolve toda a condição de vida humana, com a diminuição de fatores de risco que leva a pessoa ao extremo de tentar pôr fim à sua própria vida. Acrescentou que as medidas de prevenção do suicídio devem envolver condições médicas, psicológicas, familiares, socioculturais, religiosas e econômicas, com treinamento de profissionais da saúde.

O treinamento de profissionais da saúde tem como objetivos capacitar os profissionais para avaliar e manejar o risco de suicídio, além de prepará-los para acompanhar os pacientes que tentaram pôr fim à própria vida, desde o momento em que são atendidos em um serviço de emergência médica até sua alta hospitalar.6

Protocolos hospitalares podem contribuir para capacitar, padronizar, direcionar e sistematizar práticas de cuidado aos pacientes. Assim, este capítulo apresenta um protocolo de acompanhamento ao paciente hospitalizado com comportamento suicida, com intenção de sistematizar ações da psicologia hospitalar de tratamento e prevenção diante desse paciente. Esse protocolo só não contempla ações para o hospital psiquiátrico, por entender que esse ambiente de saúde mental apresenta peculiaridades e práticas já devidamente qualificadas para o atendimento ao paciente em risco suicida.

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