Introdução
O médico canadense William Osler afirmava que “é muito mais importante saber que tipo de paciente tem a doença do que o tipo de doença que o paciente tem”. Osler é conhecido por seus pensamentos, por suas reflexões e por frases que cunhou ao longo de sua prática, a maior parte dela no Johns Hopkins Hospital, nos EUA. Ele salientava o papel do médico como educador e tinha um olhar especial para a construção da relação com os pacientes como um dos aspectos essenciais da prática da medicina.
Este capítulo pretende explorar, a partir de várias perspectivas teóricas, a relação médico-paciente e a singularidade que essa relação toma dentro da prática de geriatria, levando em consideração o idoso em suas diversas peculiaridades, como uma longa história de vida, a existência de múltiplas comorbidades e as diferentes dimensões impostas pelo seu ambiente familiar e social. Pretende-se dissertar sobre o processo de construção de uma relação médico-paciente em geriatria sólida e consistente e enfatizar esse constructo teórico como o fulcro da prática geriátrica.
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- enriquecer sua abordagem clínica ao paciente geriátrico, por meio do estabelecimento de uma sólida relação com o paciente e seus familiares;
- identificar a consulta geriátrica como uma oportunidade de desenvolver habilidades de comunicação, utilizando-se de instrumentos como empatia e compaixão, que poderão trazer melhores resultados em termos de eficácia e de satisfação do paciente;
- reconhecer que os pacientes idosos se beneficiam de uma abordagem holística e ampla, que leve em conta aspectos físicos, psíquicos, espirituais e sociais, sendo a construção de uma relação médico-paciente uma das principais ferramentas que permitem essa abordagem ampliada;
- agir de forma ponderada e gradual, particularmente no que se refere à utilização de tecnologias diagnósticas e terapêuticas no idoso, utilizando-se do compartilhamento de decisões como auxílio essencial às tomadas de conduta;
- desenvolver um pensamento crítico na prática geriátrica cotidiana, buscando a individualização das condutas frente ao paciente geriátrico, considerando seu status clínico, sua capacidade funcional, suas expectativas e seus valores.