Introdução
A utilização de antimicrobianos tem se tornado um assunto central nas discussões sobre saúde pública, tendo em vista o impacto paradoxal que possui com o benefício na prevenção e na cura de doenças infecciosas, bem como na pressão seletiva de bactérias resistentes.
As doenças infecciosas causadas por bactérias resistentes têm impactado significativamente o sistema de saúde em países desenvolvidos e em desenvolvimento, e se estima que em 50 anos serão responsáveis pela maior causa de mortes no mundo. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem se esforçado no desenvolvimento de estratégias que possam melhorar esse cenário, como o incentivo às indústrias farmacêuticas na produção de novas classes de antimicrobianos e também na promoção do seu uso racional.
A fim de melhorar a utilização de antimicrobianos na prática clínica, é fundamental que os profissionais de saúde tenham conhecimento sobre as principais bactérias de interesse da saúde, em especial aquelas com maior impacto na mortalidade e no sistema de saúde e que sejam responsáveis por doenças infecciosas cujo arsenal terapêutico está reduzido em razão da evolução na resistência aos antimicrobianos.
Entre estas bactérias, podem-se citar aquelas resistentes a penicilinas naturais e semissintéticas, como as do gênero Staphylococcus e Streptococcus; as resistentes à vancomicina, como as do gênero Enterococcus; as resistentes aos β-lactâmicos de amplo espectro e às fluoroquinolonas, como as da família Enterobacteriaceae.
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- explicar a relação de uso de antimicrobianos e a seleção de bactérias resistentes;
- elencar as bactérias de maior importância clínica no cenário de resistência aos antimicrobianos;
- descrever os principais mecanismos de resistência aos antimicrobianos;
- analisar o raciocínio na seleção empírica do tratamento antimicrobiano, levando em consideração as bactérias e seu provável perfil de resistência.