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TÉCNICAS DE CONTRACEPÇÃO CIRÚRGICA EM CADELAS E GATAS

Autores: Gisele Almeida Lima da Veiga, Daniel Herreira Jarrouge
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  • Introdução

A contracepção cirúrgica é, atualmente, o método mais efetivo e irreversível para suprimir o ciclo estral e culminar em infertilidade das fêmeas. Tal procedimento é bem aceito em muitos países, de maneira que, em países como os Estados Unidos, é proibido, pela American Humane Association, que animais não submetidos à contracepção cirúrgica sejam doados. Entretanto, em alguns países da Europa, a cirurgia realizada de maneira eletiva é considerada um procedimento antiético ou ilegal.1

Sabe-se que o aumento da população canina e felina está diretamente relacionado com o aumento da população humana. Nesse particular sentido, dados epidemiológicos recentes estimam em 52,2 milhões o número de cães e gatos presentes em domicílios brasileiros, sendo, em média, 1,8 cão ou gato para cada quatro habitantes, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNS IBGE).2 No entanto, muitos desses animais tornam-se errantes nos grandes centros urbanos.

Com o objetivo de evitar o aumento exponencial de animais abandonados e, por conseguinte, os problemas relacionados com a saúde pública e o bem-estar animal, várias técnicas de contracepção cirúrgica eletiva são comumente realizadas em clínicas e hospitais veterinários. Ademais, nas últimas décadas, diversos programas públicos estão sendo instituídos em vários municípios brasileiros, com o intuito de controlar a natalidade desses animais.

Outros potenciais benefícios da contracepção cirúrgica nas fêmeas estão relacionados com a prevenção e tratamento de doenças reprodutivas, como as afecções que constituem o complexo hiperplasia endometrial cística-piometra, a torção uterina, a hiperplasia e o prolapso vaginal/uterino, a pseudogestação e as neoplasias de ovário, útero, vagina, vulva e glândula mamária, bem como a redução das alterações relacionadas com a gestação ou parto, como a metrite, a mastite e as distocias.3 Além disso, muitos tutores também procuram pela realização desse procedimento cirúrgico com o intuito de eliminar comportamentos indesejáveis associados aos hormônios sexuais do ciclo estral, principalmente durante o estro.

Em contrapartida, diversos estudos demonstram que, quando realizada no período pré-puberal, a contracepção cirúrgica pode resultar em efeitos adversos, como dermatites perivulvares e vaginites, obesidade, incontinência urinária, alterações da pelagem e desordens articulares, como a ruptura do ligamento cruzado cranial, bem como predispor ao desenvolvimento de alguns tipos tumorais, como o carcinoma, o hemangiossarcoma e o osteossarcoma.1,4,5 Dessa maneira, é de fundamental importância que o médico veterinário informe ao tutor os prós e os contras de tal cirurgia quando realizada precocemente.

Nos últimos anos, muitas pesquisas foram direcionadas para o desenvolvimento de modificações e adaptações das técnicas de contracepção cirúrgica convencionais, com o intuito de reduzir o tempo do período transoperatório e a dor pós-operatória, bem como promover melhor recuperação anestésica. Entre as técnicas cirúrgicas, são descritas a ovariectomia (OVEovariectomia) e a ovário-histerectomia (OHEovário-histerectomia). Tais técnicas podem ser realizadas pela celiotomia mediana ventral ou pelo flanco, bem como pelas técnicas minimamente invasivas, como a videolaparoscopia.6,7

É de notório conhecimento que a contracepção cirúrgica é o procedimento mais realizado na rotina veterinária e, por conseguinte, a técnica cirúrgica inicialmente treinada nas instituições de ensino. No entanto, complicações trans e pós-operatórias podem ocorrer quando realizada por cirurgiões inexperientes ou sem treinamento prévio. Estudos relatam, entre as complicações, as hemorragias, os traumas ureterais e a formação de fístulas e granulomas, bem como a síndrome do ovário remanescente e a piometra de coto uterino.8

  • Objetivo

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • identificar os fatores relacionados com a anatomia cirúrgica;
  • valer-se dos possíveis acessos cirúrgicos e das diferentes técnicas cirúrgicas;
  • reconhecer as limitações de cada técnica cirúrgica, bem como as principais complicações associadas a cada uma delas.
  • Esquema conceitual
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