- Introdução
A tosse é uma das principais causas de procura por atendimento médico, tanto primário quanto especializado.1,2 Conforme o tempo de evolução do sintoma, dividimos a tosse em:
- aguda;
- subaguda; e
- crônica (TCtosse crônica).
Considera-se tosse aguda aquela com duração menor que 3 semanas; subaguda a que tem duração entre 3 a 8 semanas; e crônica, quando maior que 8 semanas.2,3 As maiores causas de tosse aguda devem-se a infecções de vias aéreas superiores ou inferiores, as quais são geralmente virais e autolimitadas, e exacerbações de doenças respiratórias crônicas, como asma e DPOCdoença pulmonar obstrutiva crônica por exemplo. Também podem estar presentes em situações mais graves e que requerem pronto-atendimento, como pneumonia, exacerbações graves de asma e DPOCdoença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência cardíaca, dentre outras. Em geral vêm acompanhada de outros sintomas.4,5
Com relação à tosse subaguda, representa um misto de situações entre a aguda e a crônica. As causas mais comuns são divididas didaticamente em:
- pós-infecciosas;
- exacerbação de doenças crônicas; e
- não pós-infecciosas.
Dentre as causas pós-infecciosas destacam-se a infecção por pertussis, pneumonia ou outras infecções virais de vias aéreas. Em algumas ocasiões, estas podem se tornar crônicas. Dentre as doenças crônicas, destacam-se:
- asma;
- DPOCdoença pulmonar obstrutiva crônica;
- doença do refluxo gastresofágico (DRGEdoença do refluxo gastresofágico); e
- bronquite eosinofílica não asmática (BENAbronquite eosinofílica não asmática).
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1. Comente sobre o desafio que o diagnóstico da tosse crônica representa. Compare sua resposta com o texto a seguir.
E, para os quadros de tosse subaguda que não se enquadram em causas pós-infecciosas ou exacerbações de doenças crônicas, classificamo-las de tosse subaguda de causas não pós-infecciosas, que segue o raciocínio diagnóstico semelhante ao da tosse crônica.4,5
O diagnóstico etiológico da tosse crônica muitas vezes é um desafio para médico, pois, enquanto algumas causas são comuns e largamente conhecidas, outras são incomuns, e há ainda uma quantidade considerável de situações em que, mesmo após uma investigação detalhada, não se chega a um diagnóstico concreto, designando-se nesses casos tosse de etiologia indeterminada, antigamente chamada de tosse idiopática.6 Mais recentemente, outra entidade vem sendo reconhecida, a síndrome de hipersensibilidade ao reflexo da tosse.5,7-9
Na maior parte das vezes, o médico da atenção primária pode diagnosticar e tratar a causa da tosse crônica. Em outras, o encaminhamento ao médico pneumologista pode ser recomendado. Há ainda situações que requerem centros de referência em tosse crônica, tamanha a complexidade a que pode chegar a avaliação e tratamento desta entidade.10
Neste artigo, abordaremos a tosse crônica, portanto, aquela com duração igual ou maior que 8 semanas. Nosso objetivo é descortinar o horizonte das possibilidades diagnósticas e terapêuticas que permitam ao médico generalista melhorar sua resolutividade e, da mesma forma, reconhecer os limites a partir dos quais o paciente deve ser encaminhado ao especialista. Como este texto foi escrito para o generalista, iniciaremos com alguns conceitos básicos.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:
- conhecer as principais doenças que podem se manifestar com o sintoma de tosse crônica;
- ter uma visão mais ampla das possibilidades diagnósticas, métodos complementares para o diagnóstico e tratamentos disponíveis para a tosse crônica;
- entender as principais características da síndrome da hipersensibilidade da tosse.
- Esquema conceitual