Introdução
A incorporação de novas tecnologias já está presente em diversas áreas da medicina. Estima-se que, no mundo, existam mais de 3 bilhões de smartphones em atividade,1 e que o seu alcance mundial ultrapasse o acesso à água potável e ao saneamento básico.2 Dessa forma, algumas tecnologias, como aplicativos de mensagens, sensores em aparelhos (por exemplo, os smartwatches) e algoritmos computadorizados são ferramentas que influenciarão a prática médica e a relação paciente–médico no século XXI.
A realidade virtual é definida como qualquer método ou procedimento que proporcione, artificialmente, uma sensação de estar em um novo ambiente, distinto do anterior, a partir de uma substituição sensorial do mundo real por sensações (visuais, auditivas e táteis) virtuais.
A realidade virtual é uma tecnologia cada vez mais utilizada em diversas áreas da sociedade. Inicialmente, foi popularizada pela indústria dos jogos de computador, porém, já alcança inúmeras aplicações no setor produtivo (desenvolvimento de novos produtos, projetos arquitetônicos e treinamentos de equipes) e na educação (ensino imersivo e educação a distância).
Na psiquiatria, o uso da realidade virtual ainda está em fase inicial, com aproximadamente 20 anos de experiências acumuladas. Desde então, diversas pesquisas exploraram a tecnologia para o estudo dos mecanismos causais, da avaliação diagnóstica e do tratamento de quadros psicopatológicos.
Este capítulo apresentará conceitos fundamentais sobre realidade virtual, as evidências existentes até o momento no campo da psiquiatria e as perspectivas futuras de seu uso na prática clínica.
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
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- descrever os fundamentos da tecnologia de realidade virtual;
- se atualizar em relação às pesquisas sobre o uso da realidade virtual nos diagnósticos psiquiátricos;
- reconhecer as oportunidades e os desafios futuros para a implementação e a disseminação da técnica na prática psiquiátrica.