- Introdução
Os transtornos psiquiátricos reduzem a qualidade de vida e a funcionalidade da pessoa idosa. Dentre eles, destaca-se a depressão, que se configura mundialmente como o de maior frequência, com estudos que apontam ser uma das principais causas de morbidade nas próximas décadas.1
A depressão é uma doença tratável, frequentemente reversível com reconhecimento e tratamento apropriado. Considerada de etiologia multifatorial, a doença contribui para o aumento da vulnerabilidade do idoso a outros problemas de saúde, com impacto até mesmo na mortalidade.1
Os serviços de atenção primária à saúde (APSatenção primária à saúde) representam uma importante oportunidade de detectar e manejar os idosos com quadros depressivos. As pesquisas sugerem que, nesse nível de atenção, a depressão pode ser encontrada em aproximadamente 10 a 12% da demanda, embora apenas metade das pessoas tenha a doença identificada e uma a cada cinco receba tratamento efetivo. A dificuldade para o diagnóstico pode estar relacionada tanto a aspectos que dizem respeito ao médico quanto ao paciente.2
Para o paciente, o estigma associado às doenças mentais, o déficit auditivo, o declínio cognitivo e a presença de outras comorbidades são obstáculos. Já para o médico, o tempo insuficiente disponibilizado para a consulta, a descrença no tratamento, a atenção especialmente voltada aos sintomas somáticos e a polifarmácia podem dificultar o diagnóstico. Além disso, é comum que as pessoas que convivem com os idosos não valorizem suas queixas e as associem com tristeza devida a perdas afetivas, econômicas e sociais.2
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer um paciente idoso que apresente depressão;
- utilizar instrumento que auxilie no rastreamento da depressão;
- identificar fatores envolvidos no desencadeamento da depressão;
- reconhecer a rede de suportes sociais para manejo da depressão;
- propor tratamento e cuidados necessários ao paciente idoso com depressão.
- Esquema conceitual