- Introdução
A atenção domiciliar (ADatenção domiciliar), em um panorama mundial, iniciou-se no século XIII a.C., no Egito, com atendimentos domiciliares de médicos a faraós. Já no Brasil, começou com o Serviço de Assistência Médica Domiciliar e Urgência (Samdu), em 1949, e, logo em seguida, no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, em 1967.1,2
Diante de novos tempos que instituíram uma radical transição demográfica e epidemiológica, que ocasionou o aumento da expectativa de vida e, consequentemente, uma maior incidência de doenças crônico-degenerativas e de suas complicações, acarretando, obrigatoriamente, maior necessidade de cuidados intensivos e maiores taxas de ocupação de leitos hospitalares, 2,3 surgiu a necessidade de uma nova configuração de atenção à saúde.
Observa-se que o hospital não é o ambiente mais adequado para pacientes idosos e com doenças crônicas, por oferecer maior risco de intercorrências e de complicações. No entanto, ainda permanece a cultura, por parte dos cuidadores, dos próprios pacientes e de alguns médicos, de que esses pacientes ainda devem permanecer internados.3
Assim, imprescindivelmente, a desospitalização se torna necessária para diminuir o período de permanência nos hospitais, as infecções hospitalares e os gastos públicos. Desse modo, foi instituída, no Sistema Único de Saúde (SUS), com a Portaria n° 2.527, de 27 de outubro de 2011, a ADatenção domiciliar como modalidade de atenção à saúde.4
A ADatenção domiciliar é uma modalidade de atenção à saúde que também tem o objetivo de realizar promoção da saúde, prevenção, tratamento de doenças, reabilitação e paliação.4 Além da comprovada efetividade e da redução nos custos com cuidado à saúde, a visita domiciliar permite ao profissional assistente romper com o modelo centrado na doença, voltando-se para uma abordagem centrada no indivíduo, permitindo que seja possível conhecer o ambiente no qual o paciente está inserido e compreender e intervir no cuidado da pessoa e de sua família.5
Torna-se primordial o contato entre a equipe hospitalar e domiciliar e que a transição do cuidado para ADatenção domiciliar seja afinada, articulada e efetiva, pois se sabe que o domicílio, assim como os hospitais, é um local com diversos riscos, principalmente por ser um ambiente no qual a maioria dos pacientes se encontra, na maior parte do tempo, aos cuidados de familiares e cuidadores muitas vezes leigos, o que aumenta o risco de intercorrências domiciliares e consequentemente de reinternação hospitalar.
De tal modo, para a garantia da segurança do paciente, é essencial a abordagem preventiva dos riscos domiciliares, pela equipe de multiprofissionais de atenção domiciliar (EMADequipe de multiprofissionais de atenção domiciliar), com a família e os cuidadores do paciente, para, assim, promover uma melhor assistência, diminuir a cronificação dos casos, evitar a reinternação hospitalar, bem como assegurar a efetividade da ADatenção domiciliar.
Para que a transição de cuidado para ADatenção domiciliar aconteça de forma qualificada e eficaz, portanto, é necessário que os profissionais da EMADequipe de multiprofissionais de atenção domiciliar e da atenção primária à saúde (APSatenção primária à saúde) estejam preparados e qualificados.3
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar critérios de elegibilidade e de inelegibilidade para ADatenção domiciliar, visando à segurança do paciente no domicílio;
- avaliar a existência de riscos domiciliares para os pacientes na modalidade de ADatenção domiciliar.;
- desenvolver abordagem preventiva dos riscos e intercorrências domiciliares na ADatenção domiciliar.
- Esquema conceitual