Entrar

AFECÇÕES DAS PÁLPEBRAS EM CÃES E GATOS

Autores: João Antonio Tadeu Pigatto, Alessandra Fernandez da Silva , Marcelle Bettio
epub-PROMEVET-PA-C7V1_Artigo

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • identificar os principais aspectos associados à anatomofisiologia das pálpebras;
  • reconhecer as principais afecções palpebrais em cães e gatos;
  • identificar os sinais clínicos e estabelecer o diagnóstico das principais afecções palpebrais em cães e gatos;
  • reconhecer as possibilidades terapêuticas mais adequadas que poderão ser empregadas na abordagem das principais afecções palpebrais em cães e gatos;
  • orientar os responsáveis pelos animais quanto à importância das pálpebras na saúde ocular de cães e gatos.

Esquema conceitual

Introdução

As pálpebras e a terceira pálpebra são estruturas importantes não só para a proteção do globo ocular, mas também para a saúde da superfície ocular. Rotineiramente, são diagnosticadas, em cães e gatos, afecções palpebrais congênitas e adquiridas. As pálpebras podem ser acometidas por inúmeras alterações, que poderão ser congênitas, infecciosas, inflamatórias, traumáticas e neoplásicas.

As afecções palpebrais, em sua maioria, cursam com quadros de desconforto ocular e podem acarretar a perda da visão. A escolha do tratamento mais adequado dependerá do tipo de afecção e poderá ser clínico ou cirúrgico. Portanto, é de suma importância o conhecimento dos sinais clínicos de cada afecção palpebral e as opções terapêuticas disponíveis.

Neste capítulo, será feita uma revisão detalhando as principais afecções palpebrais que acometem cães e gatos. Além disso, serão disponibilizadas imagens para permitir o reconhecimento delas por parte do médico veterinário.

Anatomofisiologia das pálpebras

As pálpebras de cães e gatos são compostas pela pálpebra superior, pela pálpebra inferior e pela terceira pálpebra. Dependendo da espécie do animal, as pálpebras possuem determinadas características e diferenças.

Pálpebras superior e inferior

Os bordos livres das pálpebras superior e inferior encontram-se medial e lateralmente, formando o canto medial e o canto lateral. A abertura entre eles é chamada de fissura palpebral e está disposta como uma fenda horizontal. Essa característica se dá pela presença de ligamentos palpebrais, que se fixam nos cantos.1

A fissura palpebral mede aproximadamente 33mm na maioria das raças grandes de cães. É uma medida importante quando se considera que, em algumas raças, pode chegar a 39mm, condição que, por vezes, precisa ser corrigida cirurgicamente. A pálpebra superior é mais móvel e cerca de 2 a 5mm mais extensa do que a pálpebra inferior. Ambas são divididas histologicamente em quatro camadas. A camada mais externa é a pele, seguida da camada muscular, que abriga o músculo orbicular. A terceira camada é composta pelo estroma e pelo tarso, ou placa tarsal, que é uma fina camada de tecido conjuntivo denso. A camada mais interna consiste na conjuntiva palpebral.1

O tarso é menos desenvolvido nos cães do que nos gatos. A margem livre da pálpebra superior possui uma fileira de cílios. Esses cílios não se localizam no bordo palpebral propriamente dito, mas estão próximos a ele. Estão localizados principalmente na porção lateral e voltados no sentido contrário ao da córnea. A pálpebra inferior não possui cílios em cães e gatos e apresenta uma região desprovida de pelos de, aproximadamente, 2mm. Essa região está presente em toda a extensão da pálpebra inferior e também no canto lateral.1

Na base dos grandes cílios, estão presentes as glândulas de Zeis, que são sebáceas, e as glândulas de Moll, que são sudoríparas. Próximo às margens das pálpebras, localizam-se as glândulas de Meibômio ou glândulas tarsais, que são sebáceas. Essas glândulas são lobulares, estão presentes na porção distal do tarso e contribuem para a porção oleosa da lágrima. Seus ductos desembocam próximo às margens palpebrais, em um número aproximado de 30 a 40. Os orifícios desses ductos, justapostos na margem livre das pálpebras, formam um fino sulco, também chamado de linha cinza.1

A linha cinza é um importante ponto referencial para reposicionar as margens palpebrais em procedimentos cirúrgicos.1

Posteriormente à camada dérmica de ambas as pálpebras, em meio a um estroma de colágeno, está localizado o músculo orbicular, presente em quase toda a extensão das pálpebras. O fechamento palpebral dá-se pela contração do músculo orbicular. A abertura da pálpebra superior ocorre principalmente em função do relaxamento do músculo orbicular acompanhado da contração do músculo elevador palpebral superior juntamente com o músculo levantador medial do ângulo do olho (ou músculo de Müller) e outros músculos superficiais da face. O músculo malar realiza a abertura da pálpebra inferior.1

O nervo trigêmeo e seus ramos oftálmico e maxilar são os principais responsáveis pela sensibilidade das pálpebras. O nervo trigêmeo é o responsável pela sensibilidade dos dois terços mais laterais das pálpebras superiores. O canto medial e a porção mais medial das pálpebras são inervados pelo ramo oftálmico. A sensibilidade de toda a extensão das pálpebras inferiores ocorre pelo ramo maxilar.1

A maioria dos músculos palpebrais é inervada pelo nervo facial, exceto o músculo elevador palpebral superior, que é inervado pelo nervo oculomotor. Além disso, o músculo levantador medial do ângulo do olho é controlado pelo sistema nervoso simpático. Logo, a perda da inervação simpática nesse local resulta em ptose palpebral medial.1

A vascularização das pálpebras provém, primariamente, das artérias palpebrais medial e lateral. A drenagem linfática das pálpebras converge, principalmente, para o linfonodo parotídeo. Uma menor fração converge para o linfonodo mandibular. Por esse motivo, em casos de neoplasias palpebrais, esses linfonodos devem ser examinados a fim de buscar por possíveis metástases.1

Terceira pálpebra

A terceira pálpebra, ou membrana nictitante, é uma dobra de conjuntiva, em formato semilunar, presente no canto medial formado pelas pálpebras superior e inferior.1

A terceira pálpebra possui duas superfícies, a bulbar e a palpebral. Está disposta sobre a superfície anterior do globo ocular. A margem livre normalmente é pigmentada. Em sua base, está contida uma pequena eminência, que é a carúncula lacrimal. Os pelos que crescem nessa região são pequenos, macios e apontados para fora medialmente.1

A função principal da membrana nictitante é a proteção física da superfície ocular, sobretudo, da córnea.2

Na terceira pálpebra, está contida uma lâmina de cartilagem em formato de T, que está posicionada paralelamente à margem livre da membrana. A cartilagem é hialina no cão e no gato, com algumas fibras elásticas que são detectáveis somente no tecido conjuntivo adjacente.1

O estroma da membrana nictitante consiste em um tecido conjuntivo que varia de frouxo a denso e dá suporte a um tecido glandular e linfoide.1

A terceira pálpebra abriga, ainda, uma glândula lacrimal acessória, a glândula nictitante, que é seromucosa no cão e no gato.1 A glândula nictitante envolve a porção ventral da lâmina de cartilagem e, quando a terceira pálpebra está em sua posição anatomicamente normal, localiza-se posteriormente à borda orbital, não sendo visível.2

Outra função da terceira pálpebra é o auxílio na imunidade ocular. Sua participação ocorre pela presença de células plasmáticas imunoglobulina A (IgA) positivas, localizadas próximo ao epitélio conjuntival de ambas as superfícies e entre o estroma da glândula nictitante. O suprimento vascular provém da artéria malar.2

As pálpebras são responsáveis pela proteção do globo ocular e por espalhar o filme lacrimal sobre a superfície do olho durante o movimento de piscar, além de mover a lágrima em direção ao sistema nasolacrimal, expulsando partículas estranhas que podem danificar a córnea e a conjuntiva. As pálpebras ainda controlam a entrada de luminosidade.1

O filme lacrimal contém três camadas. A mais externa é oleosa, proveniente das glândulas de Zeis e de Meibômio. Sua função é reduzir a evaporação da camada adjacente, que é aquosa, e formar uma barreira que impede que a lágrima escorra sobre a face.1

Nos felinos, a terceira pálpebra é mais ativa graças à presença dos feixes de músculo liso citados anteriormente. Essa musculatura conta com inervação simpática, permitindo o movimento espontâneo da terceira pálpebra. Embora as terminações nervosas ali presentes sejam adrenérgicas, é possível estimular essa musculatura com histamina e acetilcolina. Dessa forma, a musculatura facilita o movimento da membrana nictitante.1

Os felinos são a única espécie doméstica comum com fibras musculares na terceira pálpebra.

Os cães piscam cerca de três a cinco vezes por minuto, e o piscar de um olho é acompanhado pelo contralateral 85% das vezes. Já em gatos, piscadas completas são infrequentes, ocorrendo aproximadamente de uma a cinco vezes a cada 5 minutos. As pálpebras dos dois olhos piscam juntas 70% das vezes.1 O fechamento das pálpebras é mediado por fibras eferentes do nervo facial. O oculomotor inerva o elevador palpebral superior, principal responsável pela abertura das pálpebras. Os reflexos palpebrais estão divididos entre:

  • corneal;
  • palpebral;
  • de ameaça.

Afecções das pálpebras

A seguir, serão descritas as afecções das pálpebras de cães e gatos, as quais consistem em afecções congênitas, afecções de cílios, neoplasias palpebrais, blefarites e resultado de traumas.

Afecções congênitas

As afecções palpebrais de origem congênita que podem acometer cães e gatos são o anquilobléfaro, a agenesia ou coloboma palpebral e a dermoide.

Anquilobléfaro

Anquilobléfaro é a fusão das pálpebras superior e inferior.3

O anquilobléfaro é uma condição fisiológica até a segunda semana após o nascimento. O anquilobléfaro fisiológico ocorre em decorrência da relativa imaturidade do globo ocular e dos anexos oftálmicos no momento do parto.3

Anquilobléfaro patológico é o atraso ou a não abertura da fissura palpebral no período esperado.3

Condição infrequente em cães e gatos, o anquilobléfaro patológico é usualmente bilateral.3

A conjuntivite neonatal é um diagnóstico diferencial do anquilobléfaro que deve ser considerado. Entretanto, nesse caso, além de haver a não abertura das pálpebras, é possível observar um aumento de volume no local, que ocorre por acúmulo de exsudato.3

O tratamento do anquilobléfaro consiste, em um primeiro momento, em massagear a área da fissura palpebral de maneira gentil e cuidadosa até que a aderência seja desfeita. Caso essa manobra não seja efetiva, é possível produzir a separação com o uso de uma pinça mosquito, iniciando pelo canto medial. Pode ser necessário que se faça uma incisão.3

Agenesia ou coloboma palpebral

A agenesia ou coloboma palpebral é caracterizada pelo não desenvolvimento completo ou parcial da margem palpebral. É de rara ocorrência em cães, afetando, com maior frequência, a porção lateral da pálpebra inferior nessa espécie, bilateralmente. A agenesia palpebral é frequentemente associada com outras anomalias congênitas, como:3

  • microftalmia;
  • ausência de glândula lacrimal;
  • ceratoconjuntivite seca;
  • membrana pupilar persistente;
  • catarata;
  • displasia de retina;
  • displasia de nervo óptico.

Em gatos, a agenesia palpebral é mais frequente do que em cães, e, assim como nessa espécie, é mais comum encontrar a alteração em ambos os olhos. Contudo, a região mais afetada é a porção lateral da pálpebra superior. A causa dessa afecção é desconhecida. Em decorrência da agenesia palpebral, podem ser encontradas afecções associadas, como triquiase, ceratite por exposição e vascularização de córnea (Figura 1).4

FIGURA 1: Gato sem raça definida, de 1 ano de idade, com agenesia palpebral. Observam-se ausência de parte da pálpebra superior na região temporal, triquiase e vascularização da córnea. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Todos os gatos com agenesia palpebral devem passar por um cuidadoso exame para encontrar possíveis anormalidades intraoculares. Coloboma escleral, hipoplasia de coroide e membrana pupilar persistente podem ser encontrados em pacientes com agenesia palpebral.4

Com relação ao tratamento da agenesia palpebral, quando o defeito é pequeno e não causa desconforto ocular, preconiza-se o uso tópico de lubrificantes oculares. No entanto, em casos mais graves, em que existe desconforto e dano a estruturas adjacentes, será necessária intervenção cirúrgica para reconstrução palpebral.3 As blefaroplastias têm sido realizadas com resultados satisfatórios.

Em muitos casos, complicações pós-operatórias advindas dos procedimentos de blefaroplastia têm sido reportadas. A escolha pelo tratamento cirúrgico ocorrerá em virtude das consequências observadas na superfície ocular causadas pela agenesia palpebral.

Dermoide

Dermoide, ou coristoma, é a presença de pele com características normais em uma localização anormal.3

Juntamente com dermoide, frequentemente são evidenciadas deformidades na conjuntiva adjacente. Entretanto, a ocorrência dessas anomalias é rara. Quando estão presentes, é mais comum que se encontrem na pálpebra inferior, próximo ao canto lateral.3

Afecções de cílios

As afecções de cílios que acometem cães e gatos são

  • distiquíase;
  • cílio ectópico;
  • triquiase.

Distiquíase

Distiquíase é a presença de cílios que emergem na margem palpebral, principalmente nas glândulas de Meibômio.4

Os cílios podem ser únicos ou múltiplos nas margens palpebrais (Figura 2). A distiquíase acomete, com mais frequência, cães de raças puras. Raramente é relatada em outras espécies domésticas.4 São mais predispostos para distiquíase os cães das raças:3

  • Cocker Spaniel;
  • Buldogue Inglês;
  • Poodle;
  • Jack Russell Terrier;
  • Shih Tzu;
  • Pequinês;
  • Dachshund.

FIGURA 2: Cão da raça Shih Tzu, aos 2 anos de idade, com distiquíase. Inúmeros cílios emergindo na abertura das glândulas de Meibômio, na pálpebra superior, são visíveis. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

As pálpebras são acometidas bilateralmente na maioria dos casos, e a pálpebra superior é mais afetada que a inferior.3

Nem sempre a distiquíase leva a sinal clínico. Nesse caso, o tratamento não é necessário.3

Embora um quadro de distiquíase não produza sinais clínicos graves com frequência, cílios grossos podem estar relacionados com ceratite, úlcera e perfuração da córnea. Pode haver, ainda, entrópio secundário.3 Os animais com distiquíase são predispostos a ter cílios ectópicos na conjuntiva. O quadro é considerado hereditário, apesar de o mecanismo de transmissão exato não ser conhecido.3 Apesar de rara em gatos, a distiquíase pode afetar essa espécie.

Para o diagnóstico da distiquíase, é indispensável uma fonte de luz e de magnificação para facilitar a identificação dos cílios. No diagnóstico diferencial, devem ser consideradas a triquiase e o entrópio.3

Alguns procedimentos cirúrgicos têm sido utilizados para o tratamento da distiquíase.

A eletroepilação é recomendada quando a distiquíase é leve, com poucos cílios emergindo da margem palpebral. Um eletrodo é colocado no folículo piloso e, então, uma corrente elétrica de 3 a 5mA é aplicada por 15 a 30 segundos. Após, os cílios são removidos manualmente.3

As desvantagens da eletroepilação são a destruição do tecido glandular no local em que é aplicada a corrente e a possibilidade de recorrência por não destruição do folículo.3

A crioterapia tem sido utilizada com ótimos resultados.3 Cerca de 72 horas após a crioterapia, pode ocorrer a despigmentação das áreas que foram congeladas. A repigmentação ocorre em um período de, em média, 6 meses.3

Contudo, a despigmentação por crioterapia pode ser permanente e, juntamente com a formação de cicatriz, distorção palpebral e recorrência, forma o grupo de possíveis complicações desse tratamento.5

A eletrocauterização para destruir o folículo piloso por coagulação e a técnica de excisão parcial da placa tarsal também já foram empregadas com bons resultados.5

Cílio ectópico

Os cílios ectópicos emergem na conjuntiva palpebral e estão em contato direto com a córnea.3

Os sinais clínicos de pacientes com cílios ectópicos são blefarospasmo, hiperemia conjuntival, epífora e úlcera de córnea. Além disso, pode ocorrer perfuração ocular.3 Os cílios são frequentemente encontrados na conjuntiva da pálpebra superior, na posição de 12 horas.4 No entanto, podem ser encontrados em outras localizações.3

As raças de cães mais predispostas à presença de cílios ectópicos são:3

  • Pequinês;
  • Shih Tzu;
  • Cavalier King Charles Spaniel;
  • Boxer;
  • Buldogue Inglês;
  • Poodle;
  • Jack Russell Terrier.

Para o diagnóstico de cílios ectópicos, deve ser feita uma inspeção cautelosa da conjuntiva palpebral, com iluminação e magnificação.3

O tratamento dos cílios ectópicos consiste na ressecção do cílio com seu folículo.3

Triquiase

Triquiase é a presença de pelos em uma localização normal, mas com um direcionamento anormal, levando a injúrias oculares pelo contato desses pelos com a córnea e a conjuntiva.3

O principal local de ocorrência da triquiase é a região das dobras nasais, seguida da pálpebra superior, usualmente na porção dorsolateral (Figura 3).3

FIGURA 3: Cão da raça Cocker Spaniel Inglês, aos 6 anos de idade, com triquiase. Observam-se pelos direcionados à córnea, secreção ocular e ceratite pigmentar. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Na ausência de tratamento da triquiase, a córnea torna-se cronicamente irritada, resultando em epífora, blefarospasmo e secreção mucopurulenta. O estágio final é a formação de tecido cicatricial e pigmentação da córnea. Em casos mais graves, pode ocorrer a perda da visão. Há, ainda, a chamada triquiase secundária, que decorre de lacerações e blefaroplastias que cursam com uma má cicatrização ou de um coloboma palpebral.3

A triquiase acomete muitas raças de cães de maneira hereditária e é uma característica desejável para raças como Shih Tzu, Lhasa Apso e Pequinês.3

A triquiase de dobras nasais é um achado habitual em cães braquicefálicos com olhos proeminentes. Para a correção do quadro, inicialmente, deve-se considerar a presença de lesão de córnea, que deverá ser imediatamente tratada.3

A cantoplastia medial, baseada na remoção dos pelos carunculares, no posterior reposicionamento do canto medial mais lateralmente e na redução da extensão da fissura palpebral, é o procedimento indicado para triquiase de dobras nasais e exoftalmia. A técnica de Stades tem sido utilizada com excelentes resultados.6

Entrópio

Entrópio é a inversão palpebral que leva ao contato da pele da pálpebra com a córnea e/ou conjuntiva.3

O entrópio é dividido em três graus: leve, quando a inclinação palpebral é de 45°, médio, quando a inclinação é de 90°, e severo, quando a inclinação atinge 180°. Pode ser classificado ainda como:3

  • lateral;
  • medial;
  • angular (ocupando o canto lateral);
  • total.

Em cães e gatos, a pálpebra inferior é mais comumente acometida, em sua porção lateral, seguidamente envolvendo também o canto lateral.3

Há uma terceira classificação, que divide o entrópio em primário, quando apresenta caráter congênito ou surge durante o desenvolvimento do animal, e secundário, quando é adquirido ao longo da vida.3

O entrópio primário surge de fatores que envolvem a conformação de tarso, órbita e globo e suas inter-relações. Já o entrópio secundário abrange o entrópio espástico, que decorre do blefarospasmo grave, devido a doenças oculares dolorosas como distiquíase, ceratite ulcerativa e conjuntivite, e o entrópio cicatricial, que ocorre em função de deformidades adquiridas na pálpebra, seja por cirurgias anteriores, lesões, traumas ou inflamações crônicas. Há uma forma não espástica e não catricial de entrópio secundário em cães e gatos adultos, associada à enoftalmia por perda de volume orbital ou deposição excessiva de gordura periocular, alterando, assim, a conformação palpebral.3

O entrópio primário é mais comum em cães do que o entrópio secundário, enquanto, nos gatos, o entrópio secundário é mais comum do que o primário. O entrópio é mais comum em caninos do que em felinos.3

Em cães, o entrópio é uma condição comum em raças puras. O entrópio severo de toda a pálpebra inferior ocorre em raças como Chow Chow, Shar Pei e Rottweiler. O entrópio dos três quartos laterais da pálpebra inferior é visualizado em raças como Labrador e Golden Retriever. Em raças grandes ou gigantes, tais como São Bernardo e Dogue Alemão, o entrópio é constantemente associado com uma fissura palpebral aumentada e está localizado na porção lateral da pálpebra inferior.3

O entrópio de pálpebra superior é mais diagnosticado em raças como Bloodhound, Chow Chow e Shar Pei. Está, normalmente, acompanhado de triquiase.3

A raça Basset Hound também apresenta entrópio de pálpebra superior acompanhado de triquiase, o que ocorre em função de suas dobras faciais abundantes e orelhas pesadas. O entrópio medial está associado a cães das raças Pequinês, Shih Tzu, Pug, Poodle Toy e em miniatura, Cavalier King Charles Spaniel e Buldogue Inglês.3

É importante ressaltar que, nas raças Shar Pei e Chow Chow, o entrópio pode estar presente nas pálpebras superior e inferior, bem como em animais bem jovens, com cerca de 2 a 6 semanas de idade. Em outras raças, o entrópio usualmente é diagnosticado com 4 a 7 meses de vida.3

O sinal clínico evidenciado na presença de entrópio é a inversão das margens palpebrais (Figura 4). Sinais associados podem ser observados e incluem epífora, secreção, blefarospasmo, conjuntivite e ceratite na conjuntiva e na córnea. Também podem estar presentes neovascularização da córnea, edema de córnea, formação de granulomas, pigmentação e úlcera de córnea.3

FIGURA 4: Cão da raça Shar Pei com entrópio bilateral. Observam-se inversão das margens palpebrais e secreção ocular. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

O entrópio pode levar à perfuração ocular. Para o diagnóstico, são levados em consideração os sinais clínicos, o histórico do animal e a sua raça. Em caso de dúvida, é recomendada a realização do teste de entrópio, que consiste em retrair levemente uma pequena dobra da pele, de aproximadamente 10mm, abaixo da margem inferior da pálpebra, para que a margem da pálpebra se inverta e a borda externa fique encostada na córnea. Essa inversão deve ser corrigida com um único piscar de olhos, e sua persistência indica entrópio.3

A instilação de anestésico local também pode ajudar no diagnóstico para descartar entrópio espástico. Os diagnósticos diferenciais incluem triquiase, distiquíase e aplasia palpebral.3

Preconiza-se que o animal complete seu crescimento antes de ser submetido a um procedimento cirúrgico para não haver distorções posteriores. Então, preferencialmente, animais com mais de 1,5 a 2 anos de idade são os eleitos para cirurgia de entrópio. Contudo, se os sinais forem extremos, a intervenção cirúrgica imediata é indicada.3

Em filhotes que apresentem entrópio severo com menos de 12 semanas de vida, especialmente cães das raças Shar Pei e Chow Chow, uma blefaropexia temporária é aconselhada para everter a pálpebra e evitar lesões de córnea. Esse procedimento também é indicado em pacientes adultos para tratar entrópio espástico, até que a causa principal seja tratada e/ou removida. A técnica de Hotz-Celsus tem sido empregada para a correção cirúrgica de entrópio com excelentes resultados.7

No pós-operatório, deve ser utilizado colar elizabethano durante 10 a 14 dias.3

Ectrópio

Ectrópio é a eversão da margem palpebral.3

O ectrópio acomete geralmente a pálpebra inferior, embora a pálpebra superior possa ser acometida por ectrópio cicatricial. Em cães, é frequente observar um aumento do tamanho da fissura palpebral associado à eversão palpebral, condição denominada macrobléfaro. As raças predispostas ao ectrópio são:3

  • Dogue Alemão;
  • Bloodhound;
  • São Bernardo;
  • Cocker Spaniel;
  • Terra Nova;
  • Mastiff.

Os sinais observados no ectrópio são conjuntivite, ceratite, presença de secreção ocular e lacrimejamento. Quando o ectrópio estiver causando alguma repercussão ocular importante, é necessário tratamento. Em certas situações tem-se simultaneamente entrópio e ectrópio, formando o denominado “olho de diamante”. Ocorrem entrópio medial e lateral e ectrópio na porção central das pálpebras (Figura 5). Raças grandes e gigantes são mais acometidas.3

FIGURA 5: Cão da raça Dogue de Bordeaux, aos 2 anos de idade, com “olho de diamante”. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

O tratamento do ectrópio nem sempre é cirúrgico, podendo ser feito pelo uso de colírios lubrificantes a longo prazo, em casos leves. Quando há necessidade de cirurgia, preferencialmente se aguarda o crescimento completo do esqueleto do animal, por volta dos 2 a 2,5 anos de vida. A correção em “excesso” pode ocasionar entrópio, condição ainda mais nociva do que o ectrópio para a superfície ocular.

Entre os procedimentos cirúrgicos mais empregados para tratar ectrópio, encontram-se as técnicas de Khunt-Szymanowski, Wyman, Wharton Jones e suas modificações.3

O manejo pós-operatório é realizado com antibiótico tópico por 14 dias e uso do colar elizabethano. Em procedimentos extensos, um antibiótico sistêmico pode ser prescrito. As suturas são removidas cerca de 10 a 14 dias após a cirurgia, e o resultado final só pode ser avaliado após a cicatrização, que transcorre de 6 a 8 meses após a correção.3

Macrobléfaro e microbléfaro

Macrobléfaro é uma condição em que a fissura palpebral é maior do que o normal.3

A origem do macrobléfaro é, normalmente, congênita, e as raças predispostas são as grandes e gigantes, assim como nos casos de ectrópio. A excessiva extensão da fissura palpebral pode levar a uma condição denominada lagoftalmia, ou seja, a impossibilidade de fechar totalmente as pálpebras. A principal consequência é a exposição crônica da superfície ocular, com risco de lesão de córnea e complicações mais sérias.3

O tratamento do macrobléfaro consiste na redução da extensão da fissura palpebral, e a técnica cirúrgica empregada dependerá da presença ou da ausência de alterações concomitantes, a exemplo do ectrópio.3

Microbléfaro é uma condição em que a fissura palpebral é menor do que o normal.3,8

Os sinônimos de microbléfaro abrangem blefarofimose e blefaroestenose. A condição acomete normalmente raças pequenas, como o Pinscher em miniatura, e raças grandes, como o Chow Chow.3,8

O quadro clínico de microbléfaro frequentemente é acompanhado de entrópio de pálpebra superior ou inferior. Além disso, pode estar acompanhado de microftalmia; porém, é mais comum que o tamanho do globo seja normal. No momento do diagnóstico, é preciso ter cautela para não confundir um caso de microbléfaro com espasmo do músculo orbicular, que decorre de processos crônicos que cursam com dor ocular, como o entrópio. Para fazer essa diferenciação, a instilação de um anestésico tópico pode ser útil.3,8

O tratamento indicado para microbléfaro é a cantoplastia lateral que vise a aumentar a extensão da fissura palpebral.3,8

ATIVIDADES

1. Com relação à anatomofisiologia das pálpebras superior e inferior de cães e gatos, assinale a alternativa correta.

A) A pálpebra superior de cães é menos móvel e menos extensa do que a pálpebra inferior.

B) A segunda camada das pálpebras é o tarso ou placa tarsal.

C) A camada mais interna das pálpebras é a camada muscular.

D) O tarso é menos desenvolvido em cães do que em gatos.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


A pálpebra superior é mais móvel e cerca de 2 a 5mm mais extensa do que a pálpebra inferior. As pálpebras superior e inferior são divididas em quatro camadas:

  • pele, a mais externa;
  • camada muscular, que abriga o músculo orbicular;
  • terceira camada, composta pelo estroma e pelo tarso, ou placa tarsal;
  • camada mais interna, formada pela conjuntiva palpebral.

Resposta correta.


A pálpebra superior é mais móvel e cerca de 2 a 5mm mais extensa do que a pálpebra inferior. As pálpebras superior e inferior são divididas em quatro camadas:

  • pele, a mais externa;
  • camada muscular, que abriga o músculo orbicular;
  • terceira camada, composta pelo estroma e pelo tarso, ou placa tarsal;
  • camada mais interna, formada pela conjuntiva palpebral.

A alternativa correta e a "D".


A pálpebra superior é mais móvel e cerca de 2 a 5mm mais extensa do que a pálpebra inferior. As pálpebras superior e inferior são divididas em quatro camadas:

  • pele, a mais externa;
  • camada muscular, que abriga o músculo orbicular;
  • terceira camada, composta pelo estroma e pelo tarso, ou placa tarsal;
  • camada mais interna, formada pela conjuntiva palpebral.

2. Com relação à abertura e ao fechamento palpebral, assinale a alternativa correta.

A) O fechamento palpebral se dá pelo relaxamento do músculo orbicular.

B) A abertura da pálpebra superior ocorre pela contração do músculo orbicular, em conjunto com o relaxamento do músculo de Müller.

C) O músculo levantador medial do ângulo do olho tem, como uma de suas funções, o fechamento da pálpebra inferior.

D) A abertura da pálpebra inferior é realizada pelo músculo malar.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


O fechamento palpebral ocorre em decorrência da contração do músculo orbicular. A abertura da pálpebra superior ocorre, principalmente, pelo relaxamento do músculo orbicular acompanhado da contração do músculo elevador palpebral superior juntamente com o músculo levantador medial do ângulo do olho, também conhecido como músculo de Müller, e outros músculos superficiais da face. O músculo malar realiza a abertura da pálpebra inferior.

Resposta correta.


O fechamento palpebral ocorre em decorrência da contração do músculo orbicular. A abertura da pálpebra superior ocorre, principalmente, pelo relaxamento do músculo orbicular acompanhado da contração do músculo elevador palpebral superior juntamente com o músculo levantador medial do ângulo do olho, também conhecido como músculo de Müller, e outros músculos superficiais da face. O músculo malar realiza a abertura da pálpebra inferior.

A alternativa correta e a "D".


O fechamento palpebral ocorre em decorrência da contração do músculo orbicular. A abertura da pálpebra superior ocorre, principalmente, pelo relaxamento do músculo orbicular acompanhado da contração do músculo elevador palpebral superior juntamente com o músculo levantador medial do ângulo do olho, também conhecido como músculo de Müller, e outros músculos superficiais da face. O músculo malar realiza a abertura da pálpebra inferior.

3. Com relação ao anquilobléfaro, assinale a alternativa correta.

A) O anquilobléfaro patológico é uma condição infrequente tanto em cães quanto em gatos e geralmente é bilateral.

B) O anquilobléfaro é um sinônimo para a conjuntivite neonatal, na qual ocorre a fusão das pálpebras superior e inferior.

C) A confirmação do diagnóstico de anquilobléfaro dá-se caso, além de ocorrer a fusão das pálpebras, também ocorra um aumento de volume no local como resultado do acúmulo de exsudato.

D) O tratamento do anquilobléfaro é cirúrgico na maioria dos casos, sendo realizada uma incisão para abertura da fissura palpebral.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".


A conjuntivite neonatal não é sinônimo de anquilobléfaro, mas sim um possível diagnóstico diferencial. Nela, além de não ocorrer a abertura da fissura palpebral, também há a ocorrência de aumento de volume no local devido ao acúmulo de exsudato. O tratamento do anquilobléfaro inicialmente se dá por meio de massagem na área da fissura palpebral, de maneira gentil e cuidadosa, até desfazer a aderência e, caso essa conduta não dê resultado, utiliza-se uma pinça mosquito para realizar a separação. Em alguns casos, pode ser necessária uma incisão.

Resposta correta.


A conjuntivite neonatal não é sinônimo de anquilobléfaro, mas sim um possível diagnóstico diferencial. Nela, além de não ocorrer a abertura da fissura palpebral, também há a ocorrência de aumento de volume no local devido ao acúmulo de exsudato. O tratamento do anquilobléfaro inicialmente se dá por meio de massagem na área da fissura palpebral, de maneira gentil e cuidadosa, até desfazer a aderência e, caso essa conduta não dê resultado, utiliza-se uma pinça mosquito para realizar a separação. Em alguns casos, pode ser necessária uma incisão.

A alternativa correta e a "A".


A conjuntivite neonatal não é sinônimo de anquilobléfaro, mas sim um possível diagnóstico diferencial. Nela, além de não ocorrer a abertura da fissura palpebral, também há a ocorrência de aumento de volume no local devido ao acúmulo de exsudato. O tratamento do anquilobléfaro inicialmente se dá por meio de massagem na área da fissura palpebral, de maneira gentil e cuidadosa, até desfazer a aderência e, caso essa conduta não dê resultado, utiliza-se uma pinça mosquito para realizar a separação. Em alguns casos, pode ser necessária uma incisão.

4. Sobre a agenesia palpebral, assinale a alternativa correta.

A) A condição é mais frequentemente diagnosticada em cães.

B) A região mais afetada em gatos é a porção lateral da pálpebra inferior.

C) A forma bilateral é mais comum, e outras alterações congênitas também são esperadas.

D) Sempre será necessária a correção cirúrgica.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".


A agenesia palpebral é uma afecção congênita mais frequentemente diagnosticada em felinos. A região mais afetada em gatos é a porção lateral da pálpebra superior. Com relação ao tratamento da agenesia palpebral, quando o defeito é pequeno e não causa desconforto ocular, preconiza-se o uso tópico de lubrificantes oculares. No entanto, em casos mais graves, em que existe desconforto e dano a estruturas adjacentes, será necessária intervenção cirúrgica para reconstrução palpebral.

Resposta correta.


A agenesia palpebral é uma afecção congênita mais frequentemente diagnosticada em felinos. A região mais afetada em gatos é a porção lateral da pálpebra superior. Com relação ao tratamento da agenesia palpebral, quando o defeito é pequeno e não causa desconforto ocular, preconiza-se o uso tópico de lubrificantes oculares. No entanto, em casos mais graves, em que existe desconforto e dano a estruturas adjacentes, será necessária intervenção cirúrgica para reconstrução palpebral.

A alternativa correta e a "C".


A agenesia palpebral é uma afecção congênita mais frequentemente diagnosticada em felinos. A região mais afetada em gatos é a porção lateral da pálpebra superior. Com relação ao tratamento da agenesia palpebral, quando o defeito é pequeno e não causa desconforto ocular, preconiza-se o uso tópico de lubrificantes oculares. No entanto, em casos mais graves, em que existe desconforto e dano a estruturas adjacentes, será necessária intervenção cirúrgica para reconstrução palpebral.

5. Sobre as diferenças entre as afecções de cílios, assinale a alternativa correta.

A) As afecções de cílios são diagnosticadas com frequência em gatos.

B) Animais com distiquíase não são predispostos a desenvolver cílios ectópicos.

C) Cílios ectópicos caracterizam-se pela presença de cílios que emergem na margem palpebral, mais especificamente, nas aberturas dos ductos das glândulas de Meibômio.

D) Nem sempre um quadro de distiquíase tem relevância clínica importante, enquanto cílios ectópicos estão quase sempre associados à irritação da superfície ocular em função de seu contato direto com a córnea.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


Apesar de rara em gatos, a distiquíase pode afetar essa espécie. Os animais com distiquíase são predispostos a ter cílios ectópicos na conjuntiva. Os cílios ectópicos emergem na conjuntiva palpebral e estão em contato direto com a córnea. Dessa forma, estão quase sempre associados à irritação da superfície ocular.

Resposta correta.


Apesar de rara em gatos, a distiquíase pode afetar essa espécie. Os animais com distiquíase são predispostos a ter cílios ectópicos na conjuntiva. Os cílios ectópicos emergem na conjuntiva palpebral e estão em contato direto com a córnea. Dessa forma, estão quase sempre associados à irritação da superfície ocular.

A alternativa correta e a "D".


Apesar de rara em gatos, a distiquíase pode afetar essa espécie. Os animais com distiquíase são predispostos a ter cílios ectópicos na conjuntiva. Os cílios ectópicos emergem na conjuntiva palpebral e estão em contato direto com a córnea. Dessa forma, estão quase sempre associados à irritação da superfície ocular.

6. Com relação à distiquíase, assinale a alternativa correta.

A) A distiquíase é uma doença exclusiva de cães, não afetando gatos.

B) Normalmente, a distiquíase afeta mais a pálpebra inferior.

C) Em casos de distiquíase, cílios grossos podem estar relacionados a ceratite, úlcera e perfuração da córnea.

D) O tratamento da distiquíase é realizado exclusivamente por meio de medicação tópica e de remoção dos cílios com uma pinça.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".


Apesar de ser rara, a distiquíase pode acometer gatos. Normalmente, acomete as pálpebras bilateralmente, e a pálpebra superior é mais afetada do que a inferior. Para o tratamento da distiquíase, são utilizados alguns procedimentos cirúrgicos, como eletroepilação, crioterapia e eletrocauterização.

Resposta correta.


Apesar de ser rara, a distiquíase pode acometer gatos. Normalmente, acomete as pálpebras bilateralmente, e a pálpebra superior é mais afetada do que a inferior. Para o tratamento da distiquíase, são utilizados alguns procedimentos cirúrgicos, como eletroepilação, crioterapia e eletrocauterização.

A alternativa correta e a "C".


Apesar de ser rara, a distiquíase pode acometer gatos. Normalmente, acomete as pálpebras bilateralmente, e a pálpebra superior é mais afetada do que a inferior. Para o tratamento da distiquíase, são utilizados alguns procedimentos cirúrgicos, como eletroepilação, crioterapia e eletrocauterização.

7. Com relação ao cílio ectópico, assinale a alternativa correta.

A) Os sinais clínicos de pacientes com cílios ectópicos são blefarospasmo, hiperemia conjuntival, epífora e úlcera de córnea.

B) Os cílios são encontrados principalmente na conjuntiva da pálpebra inferior.

C) O cílio ectópico é uma condição que afeta apenas raças de cães de grande porte.

D) Não existe tratamento para o cílio ectópico.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".


Os cílios são frequentemente encontrados na conjuntiva da pálpebra superior, em posição de 12 horas, podendo também ocorrer em outras localizações. Essa condição afeta principalmente cães das raças Pequinês, Shih Tzu, Cavalier King Charles Spaniel, Boxer, Buldogue Inglês, Poodle e Jack Russell Terrier. O tratamento dos cílios ectópicos consiste na ressecção do cílio conjuntamente com seu folículo.

Resposta correta.


Os cílios são frequentemente encontrados na conjuntiva da pálpebra superior, em posição de 12 horas, podendo também ocorrer em outras localizações. Essa condição afeta principalmente cães das raças Pequinês, Shih Tzu, Cavalier King Charles Spaniel, Boxer, Buldogue Inglês, Poodle e Jack Russell Terrier. O tratamento dos cílios ectópicos consiste na ressecção do cílio conjuntamente com seu folículo.

A alternativa correta e a "A".


Os cílios são frequentemente encontrados na conjuntiva da pálpebra superior, em posição de 12 horas, podendo também ocorrer em outras localizações. Essa condição afeta principalmente cães das raças Pequinês, Shih Tzu, Cavalier King Charles Spaniel, Boxer, Buldogue Inglês, Poodle e Jack Russell Terrier. O tratamento dos cílios ectópicos consiste na ressecção do cílio conjuntamente com seu folículo.

8. Com relação à triquiase, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

Acomete principalmente a região de dobra nasal, seguida da pálpebra superior em número de casos.

Provoca severa irritação da superfície ocular, podendo levar à perda da visão.

É secundária quando decorre de lacerações e blefaroplastias que cursam com uma má cicatrização e em casos de coloboma palpebral.

Ocorre em muitas raças braquicefálicas de forma hereditária, configurando uma característica indesejável; logo, animais com essa conformação não devem ter progênie.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — V — F — V

B) F — F — V — F

C) F — V — F — F

D) V — F — V — V

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


A triquiase ocorre em muitas raças braquicefálicas de forma hereditária. Em raças como Shih Tzu, Lhasa Apso e Pequinês, a presença de dobras nasais com pelos é uma característica desejável como padrão de raça. Essa conformação pode ou não acarretar problemas futuros.

Resposta correta.


A triquiase ocorre em muitas raças braquicefálicas de forma hereditária. Em raças como Shih Tzu, Lhasa Apso e Pequinês, a presença de dobras nasais com pelos é uma característica desejável como padrão de raça. Essa conformação pode ou não acarretar problemas futuros.

A alternativa correta e a "D".


A triquiase ocorre em muitas raças braquicefálicas de forma hereditária. Em raças como Shih Tzu, Lhasa Apso e Pequinês, a presença de dobras nasais com pelos é uma característica desejável como padrão de raça. Essa conformação pode ou não acarretar problemas futuros.

9. Com relação ao entrópio, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

O entrópio pode ser classificado como primário, quando apresenta caráter congênito ou surge durante o desenvolvimento do animal, e secundário, quando é adquirido ao longo da vida.

O entrópio acomete principalmente cães de raças puras, com destaque para as raças Shar Pei e Chow Chow, em que filhotes ainda bastante jovens podem ser diagnosticados com a afecção.

Os sinais clínicos incluem epífora, secreção mucopurulenta e blefarospasmo.

A técnica cirúrgica mais utilizada para correção do entrópio é a Hotz-Celsus, que pode ser aplicada em filhotes com entrópio severo, sem riscos de deformidades palpebrais posteriores.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — F — V — F

B) F — F — F — V

C) F — V — F — V

D) V — V — V — F

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


Em animais muito jovens com entrópio severo, especialmente aqueles com menos de 12 semanas de vida, quando não há possibilidade de aguardar o seu desenvolvimento sem grandes riscos de dano ocular, opta-se pela realização da blefaropexia temporária.

Resposta correta.


Em animais muito jovens com entrópio severo, especialmente aqueles com menos de 12 semanas de vida, quando não há possibilidade de aguardar o seu desenvolvimento sem grandes riscos de dano ocular, opta-se pela realização da blefaropexia temporária.

A alternativa correta e a "D".


Em animais muito jovens com entrópio severo, especialmente aqueles com menos de 12 semanas de vida, quando não há possibilidade de aguardar o seu desenvolvimento sem grandes riscos de dano ocular, opta-se pela realização da blefaropexia temporária.

10. A condição clínica que envolve a eversão palpebral é chamada de ectrópio. Sobre essa afecção, assinale a alternativa correta.

A) É comum sua ocorrência associada a uma fissura palpebral maior que do o normal, condição chamada de macrobléfaro.

B) A apresentação clínica chamada de “olho de diamante” ocorre em casos de ectrópio cicatricial na pálpebra superior.

C) O tratamento é sempre cirúrgico, principalmente em animais jovens, para reduzir os riscos de comprometimento ocular por exposição crônica.

D) A técnica cirúrgica mais empregada no tratamento do ectrópio é a de Morgan.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".


A apresentação clínica chamada de olho de diamante ocorre em casos mais severos, quando a região central da pálpebra inferior está evertida e, por sua longa extensão (macrobléfaro), ocorre, também, a inversão dos cantos lateral e medial, caracterizando entrópio nesses locais. O tratamento do ectrópio nem sempre é cirúrgico, podendo ser feito pelo uso de colírios lubrificantes a longo prazo em casos leves. Quando há necessidade de cirurgia, preferencialmente se aguarda o crescimento completo do esqueleto do animal, por volta dos 2 a 2,5 anos de vida. A correção em “excesso” pode ocasionar entrópio, condição ainda mais nociva do que o ectrópio para a superfície ocular. A técnica cirúrgica mais empregada no tratamento do ectrópio é a de Kuhnt-Szymanowski. Vale lembrar que, em quadros mais complexos, é necessário pensar em modificações e associações, sendo importante a experiência do cirurgião.

Resposta correta.


A apresentação clínica chamada de olho de diamante ocorre em casos mais severos, quando a região central da pálpebra inferior está evertida e, por sua longa extensão (macrobléfaro), ocorre, também, a inversão dos cantos lateral e medial, caracterizando entrópio nesses locais. O tratamento do ectrópio nem sempre é cirúrgico, podendo ser feito pelo uso de colírios lubrificantes a longo prazo em casos leves. Quando há necessidade de cirurgia, preferencialmente se aguarda o crescimento completo do esqueleto do animal, por volta dos 2 a 2,5 anos de vida. A correção em “excesso” pode ocasionar entrópio, condição ainda mais nociva do que o ectrópio para a superfície ocular. A técnica cirúrgica mais empregada no tratamento do ectrópio é a de Kuhnt-Szymanowski. Vale lembrar que, em quadros mais complexos, é necessário pensar em modificações e associações, sendo importante a experiência do cirurgião.

A alternativa correta e a "A".


A apresentação clínica chamada de olho de diamante ocorre em casos mais severos, quando a região central da pálpebra inferior está evertida e, por sua longa extensão (macrobléfaro), ocorre, também, a inversão dos cantos lateral e medial, caracterizando entrópio nesses locais. O tratamento do ectrópio nem sempre é cirúrgico, podendo ser feito pelo uso de colírios lubrificantes a longo prazo em casos leves. Quando há necessidade de cirurgia, preferencialmente se aguarda o crescimento completo do esqueleto do animal, por volta dos 2 a 2,5 anos de vida. A correção em “excesso” pode ocasionar entrópio, condição ainda mais nociva do que o ectrópio para a superfície ocular. A técnica cirúrgica mais empregada no tratamento do ectrópio é a de Kuhnt-Szymanowski. Vale lembrar que, em quadros mais complexos, é necessário pensar em modificações e associações, sendo importante a experiência do cirurgião.

11. Com relação ao macrobléfaro e ao microbléfaro, assinale a alternativa correta.

A) As raças pequenas são as mais afetadas pelo macrobléfaro.

B) O microbléfaro normalmente acomete raças grandes e gigantes e é inexistente em raças pequenas.

C) O macrobléfaro pode ocasionar lagoftalmia, a qual tem, como consequência, a exposição crônica da superfície ocular e o risco de lesão de córnea, entre outras complicações.

D) O macrobléfaro frequentemente está associado a entrópio de pálpebra superior.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".


As raças predispostas a macrobléfaro são as grandes e gigantes, enquanto o microbléfaro acomete normalmente raças pequenas, como o Pinscher em miniatura, e raças grandes, como o Chow Chow. O entrópio de pálpebra superior ou inferior geralmente acompanha casos de microbléfaro.

Resposta correta.


As raças predispostas a macrobléfaro são as grandes e gigantes, enquanto o microbléfaro acomete normalmente raças pequenas, como o Pinscher em miniatura, e raças grandes, como o Chow Chow. O entrópio de pálpebra superior ou inferior geralmente acompanha casos de microbléfaro.

A alternativa correta e a "C".


As raças predispostas a macrobléfaro são as grandes e gigantes, enquanto o microbléfaro acomete normalmente raças pequenas, como o Pinscher em miniatura, e raças grandes, como o Chow Chow. O entrópio de pálpebra superior ou inferior geralmente acompanha casos de microbléfaro.

Neoplasias palpebrais

As neoplasias palpebrais são mais frequentemente diagnosticadas em cães idosos. As exceções são papilomas e histiocitomas, que ocorrem com mais frequência em cães mais jovens. Em sua grande maioria, nessa espécie, as neoplasias palpebrais são benignas. Em felinos, são menos comuns do que nos cães e, em sua maioria, malignas.9 Além disso, gatos idosos também são mais afetados do que gatos jovens. Não há predisposição sexual para o desenvolvimento de massas oculares em cães e gatos.10 Tumores que já foram diagnosticados nas pálpebras de cães incluem, além de outros tipos mais raros:11

  • histiocitoma;
  • mastocitoma;
  • carcinoma;
  • fibroma;
  • fibropapiloma;
  • lipoma;
  • linfoma;
  • neurofibroma;
  • neurofibrossarcoma;
  • epitelioma;
  • adenocarcinoma;
  • hemangioma;
  • hemangiossarcoma;
  • sarcoma histiocítico.

O carcinoma de células escamosas (CCEcarcinoma de células escamosas) é a neoplasia palpebral mais comumente relatada em gatos, com predisposição para os de cor branca em razão da maior suscetibilidade a raios ultravioleta.12 Outros tipos de tumores identificados em felinos incluem:12

  • adenocarcinoma;
  • adenoma;
  • mastocitoma;
  • carcinoma basocelular;
  • fibrossarcoma;
  • hemangiossarcoma;
  • melanoma;
  • hemangioma;
  • neurofibroma;
  • tricoepitelioma;
  • hidrocistomas apócrinos;
  • schwannomas.

O tratamento do CCEcarcinoma de células escamosas é indicado para evitar o trauma na córnea e a progressão da lesão. Normalmente, utiliza-se a exérese cirúrgica.9 Dessa forma, também é possível a análise histopatológica da lesão.13

Neoplasias das glândulas de Meibômio

Os tumores das glândulas de Meibômio são mais frequentemente diagnosticados nas pálpebras de cães, e são raros em outras espécies. Embora essas massas possam apresentar crescimento rápido ou até mesmo características histologicamente malignas, o comportamento clínico tende a ser benigno.13 Adenomas e epiteliomas são as principais neoplasias encontradas nas glândulas tarsais de cães.4 Ainda, é possível observar adenocarcinomas e carcinomas, com rara ocorrência.4 Distúrbios como hordéolo ou calázio podem ocorrer secundariamente se houver obstrução e/ou inflamação dos ductos das glândulas afetadas. Além disso, se o fechamento palpebral estiver comprometido, pode culminar em um quadro de lagoftalmia.

Os adenomas são neoplasias benignas encontradas nas glândulas tarsais com grande frequência em cães de idade média a avançada.14 Podem ser tumores solitários ou múltiplos, pedunculados ou ocupar toda a margem palpebral. Podem ser pigmentados, com coloração marrom ou preta, mas essa pigmentação é variável.14 De uma maneira geral, os adenomas são menores, mais superficiais e mais externamente dispostos na margem palpebral quando comparados aos epiteliomas. A maior parte do tumor é composta por células glandulares totalmente diferenciadas.4

Os epiteliomas são compostos, em sua maior parte, por células basais indiferenciadas, com rara diferenciação sebácea ou escamosa. Possuem maior tendência a serem pigmentados (Figura 6) e são ligeiramente maiores e mais predispostos a estarem profundamente inseridos na margem palpebral quando comparados aos adenomas.4

FIGURA 6: Cão da raça Cocker Spaniel Inglês, aos 12 anos de idade, com diagnóstico de epitelioma na pálpebra inferior. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

O tratamento dos adenomas pode ser feito por excisão cirúrgica, ablação com laser ou crioterapia.14

Adenomas e epiteliomas palpebrais são tumores benignos, mas os epiteliomas podem ser localmente agressivos e, em alguns casos, recorrer após excisão cirúrgica.14

O adenocarcinoma é um tumor de rara ocorrência nas glândulas de Meibômio. É composto por células anaplásicas, com raras características glandulares, e é localmente invasivo.4 Essas neoplasias são malignas e bastante agressivas e, por essa razão, podem metastar para outros tecidos. O carcinoma das glândulas de Meibômio acomete raramente cães e gatos e demonstra caráter principalmente infiltrativo, sendo pouco comum a ocorrência de metástases. Se estiverem presentes, as metástases acometem, com maior frequência, os linfonodos regionais.14

O CCEcarcinoma de células escamosas, ou carcinoma espinocelular, é uma neoplasia comum nos gatos, mas rara em cães. A escassa pigmentação das pálpebras e da conjuntiva dos felinos predispõe a alterações pré-cancerígenas, incluindo placas, papilomas e carcinoma in situ.14

No gato, o CCEcarcinoma de células escamosas tende a se manifestar como uma lesão ulcerativa (Figura 7).14

FIGURA 7: Felino sem raça definida, aos 8 anos de idade, diagnosticado com CCEcarcinoma de células escamosas. Observa-se lesão ulcerativa nas pálpebras superior e inferior. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

No cão, o CCEcarcinoma de células escamosas pode apresentar superfície proliferativa ou ulcerativa.3

São fatores de risco comuns para o desenvolvimento do CCEcarcinoma de células escamosas nos anexos oculares de felinos:15

  • a exposição à radiação ultravioleta;
  • a presença de pele não pigmentada ou pelagem clara;
  • idade avançada.

Quando envolve a margem palpebral, é comum que o CCEcarcinoma de células escamosas se estenda até a pele palpebral, além de provocar doença conjuntival difusa, com áreas multifocais de epitélio displásico.4 Alguns estudos evidenciaram a infecção por papilomavírus associada ao desenvolvimento de carcinoma espinocelular em cães.15 O diagnóstico é confirmado com biópsia e microscopia óptica. A análise histológica da lesão evidencia, sobretudo, células epiteliais pleomórficas e pérolas de queratina.16

O tratamento indicado para o CCEcarcinoma de células escamosas é a remoção cirúrgica, que pode ser associada à crioterapia, à irradiação β, à irradiação γ, à hipertermia por radiofrequência, à imunoterapia e à quimioterapia intralesional. Contudo, em casos de extenso envolvimento periocular, a exenteração pode ser indicada.16

Os carcinomas basocelulares (CBCcarcinoma basocelulars) são neoplasias raras, benignas, multilobuladas e, geralmente, pigmentadas, presentes na pálpebra dos animais. Essas neoplasias surgem de células basais do epitélio e anexos.14

A lesão causada pelo CBCcarcinoma basocelular costuma ser arredondada e bem circunscrita, mas tem tendência a ulcerar, o que pode levar a uma suspeita de CCEcarcinoma de células escamosas.16 A diferenciação é feita por análise histológica, que revela epitélio acantótico com pontes intercelulares proeminentes.14

A excisão cirúrgica acompanhada da crioterapia é efetiva no tratamento do CBCcarcinoma basocelular.16

O mastocitoma é uma das neoplasias cutâneas mais comuns no cão e no gato.4,16 Ocasionalmente, neoplasias de mastócitos surgem nas pálpebras e na conjuntiva.14 Esses tumores podem se apresentar como massas únicas ou múltiplas e, normalmente, são lesões proliferativas nodulares; porém, podem ser difusas e infiltrativas. De maneira geral, mastocitomas têm comportamento benigno na maioria das espécies.14 Entretanto, em caninos, essa é a neoplasia palpebral com prognóstico mais desfavorável.14

O diagnóstico de mastocitoma pode ser realizado pela biópsia aspirativa com agulha fina (BAAF), e a análise histopatológica evidencia células redondas com citoplasma granular basofílico, comumente acompanhadas por eosinófilos e degeneração de colágeno.14

Em cães, há uma graduação morfológica que abrange desde o mastocitoma mais benigno (grau 1) até o mais maligno (grau 3). O mastocitoma de grau 1 é caracterizado por um nódulo circunscrito bem definido, localizado inteiramente dentro da derme. Apresenta padrões de uma neoplasia bem diferenciada, com nenhuma atividade mitótica. O mastocitoma de grau 2 manifesta características intermediárias entre o grau 1 e o 3. O mastocitoma de grau 3 estende-se profundamente no tecido subcutâneo e pode não estar presente na derme. Apresenta células anaplásicas, que podem não ser facilmente identificadas como mastócitos. Há intensa atividade mitótica.4

Em gatos, há uma especificação que divide o mastocitoma em típico e histiocítico. O mastocitoma típico é o mais comum, e o histiocítico acomete gatos jovens, é raro e regride sem a necessidade de terapia.4

O tumor de mastócitos em felinos é tipicamente pequeno, restrito à derme e morfologicamente semelhante ao mastocitoma de grau 1 em cães.4 Além disso, apesar de seu caráter benigno, essas neoplasias podem recorrer em outros locais do corpo e até mesmo envolver órgãos viscerais. Essas particularidades são mais comuns em felinos do que em caninos.4

O manejo cirúrgico dos mastocitomas palpebrais, de forma genérica, é complexo, em razão da dificuldade de obter margem de segurança suficiente nessa localização de maneira a preservar a função palpebral.4

Os papilomas palpebrais são comuns em cães jovens, com menos de 1 ano de idade.14

Os papilomas palpebrais são neoplasias, em sua maioria, benignas, que se manifestam como múltiplas lesões pedunculadas, com superfície áspera e aspecto de couve-flor. Consistem em um epitélio escamoso hiperplásico que envolve um núcleo fibrovascular.14

Em animais imunocompetentes, os papilomas palpebrais tendem a regredir sem a necessidade de intervenção cirúrgica. Costumam ser atribuídos à infecção pelo papilomavírus canino. Todavia, no que diz respeito ao acometimento de pálpebras e conjuntiva, achados recentes sugerem que a papilomatose nesses locais pode ser de origem viral ou não.17

Quando não são encontradas características morfológicas compatíveis com o efeito citopático do vírus, as massas são referidas como papilomas escamosos.14 Em um estudo com 17 cães portadores de papilomatose em pálpebras e conjuntiva, foi feita a análise morfológica, imuno-histoquímica e o sequenciamento genético por reação em cadeia da polimerase (PCR) das lesões. Em 15 deles, a etiologia viral não pôde ser comprovada, diferentemente dos quadros cutâneos e orais. A partir desses resultados, o papel do papilomavírus parece ser questionável nas lesões dessa região.18

Papilomas cutâneos são raros em felinos e manifestam-se clinicamente como massas alopécicas, bem circunscritas e pedunculadas.16

Os melanomas palpebrais são neoplasias originárias de melanócitos, que se apresentam como lesões redondas a ovais, de coloração marrom a enegrecida, e envolvem a pele palpebral de animais de meia idade a idosos.14

Os aspectos morfológicos dos melanomas palpebrais abrangem melanócitos pigmentados de formato redondo a fusiforme, com nucléolos proeminentes.14 Tumores cutâneos de melanócitos em cães são, quase sempre, benignos, sendo denominados melanocitomas. Em felinos, essas neoplasias são raras; porém, quando presentes, normalmente são malignas.4 Melanomas podem não ser pigmentados, levando a dificuldades no diagnóstico morfológico. Um auxílio pode ser o uso de marcadores imuno-histoquímicos.14

O tratamento indicado para os melanomas palpebrais é a excisão cirúrgica, que pode ser acompanhada de crioterapia.

O linfoma é a neoplasia hematopoiética mais comum em cães e gatos. Quando o globo ocular ou tecidos adjacentes, como as pálpebras e a conjuntiva, estão envolvidos, não são considerados sítios primários do tumor, e sim parte de uma doença sistêmica. O linfoma afeta animais de meia idade a idosos, tendo uma média de 9 anos de idade em cães e 8 anos em gatos, segundo estudos.19

A manifestação clínica mais comum do linfoma é o inchaço palpebral, que pode ser difuso ou focal, com ou sem blefarite associada. O diagnóstico é feito com base na morfologia celular, que pode ter arquitetura folicular ou difusa. Linfomas difusos são classificados pelo tamanho nuclear, que pode ser pequeno, misto ou grande. Os linfomas foliculares são categorizados em linfoma de células do manto, linfoma de células marginais e linfomas com padrão floral e de células grandes. A imuno-histoquímica pode auxiliar na diferenciação de células T, células B e variantes leucêmicas.14

Por se tratar de uma doença sistêmica, a terapia do linfoma não pode ser idealizada somente para as pálpebras. Genericamente, os linfomas de células B têm melhores taxas de resposta à quimioterapia em relação aos linfomas de células T. Além disso, os linfomas de grau intermediário a alto também respondem melhor à quimioterapia do que os linfomas de baixo grau.19

Em um estudo de 43 tumores palpebrais em felinos, apesar de raro, o linfoma palpebral foi relacionado a um prognóstico ruim, com a evolução da doença sistêmica culminando na morte ou eutanásia do animal acometido.12

O linfoma epiteliotrófico (Mycosis fungoides) é uma variação de linfoma, que se apresenta mimetizando uma blefaroconjuntivite em cães. A característica mais marcante dessa neoplasia é a invasão da epiderme e/ou epitélio folicular, podendo formar aglomerados celulares chamados de microabscessos de Pautrier.4

As neoplasias de bainha de nervo periférico (em inglês, peripheral nerve sheath tumors [PNSTs]), ou schwannomas, podem acometer as pálpebras, apresentando comportamento localmente agressivo e sendo firmes à palpação.14 Os felinos são particularmente mais predispostos do que os cães a desenvolverem schwannoma palpebral; porém, ainda assim, não é comum observar essa neoplasia na região periocular. A pálpebra superior é mais acometida do que a inferior, e a taxa de recorrência pode ser alta quando não há remoção completa da massa.12

Um estudo retrospectivo que avaliou 59 casos de PNST em 53 felinos, em várias partes do corpo, encontrou 43 formas benignas e 16 formas malignas da neoplasia. Entre as formas benignas, não foi constatada recorrência quando a massa foi completamente removida, e 27% dos tumores excisados sem margem de segurança recorreram. Entre as formas malignas, também não foi constatada recorrência quando a massa foi completamente removida, e 44% dos tumores excisados sem margem de segurança recorreram.20

O diagnóstico da PNST pode ser feito baseado nas características histológicas da lesão, com dois padrões estabelecidos: o Antoni A e o Antoni B. Células fusiformes, entrelaçadas entre si, com núcleos amplos e alongados, dispostos em fileiras organizadas, configuram o padrão Antoni A. Núcleos menores e células com menor organização configuram o padrão Antoni B.14 Entretanto, pode ser desafiador diferenciar histologicamente a PNST de outras neoplasias de células fusiformes, como os fibrossarcomas. A imuno-histoquímica pode ser necessária para obter maior certeza da origem neoplásica.

Apesar de metástases de PNST serem infrequentes, é importante que a neoplasia seja removida com margem de segurança, e talvez a enucleação seja indicada, em razão da possibilidade de recorrência e do caráter infiltrativo da PNST.4 É possível lançar mão do uso de terapias adjuvantes. A excisão cirúrgica com margens amplas, associada à radioterapia, é considerada a terapia padrão para sarcomas de tecidos moles em cães e gatos.21

O uso da excisão cirúrgica pode ser limitado próximo à superfície ocular, pelo risco de efeitos colaterais, como:21

  • dermatite;
  • conjuntivite;
  • ceratite;
  • irite;
  • ceratoconjuntivite seca;
  • úlcera de córnea;
  • formação de catarata.

Em um estudo com dois gatos, tratados por plesioterapia com estrôncio 90, que consiste na aplicação direta de radiação na superfície da neoplasia, foi obtido sucesso com a terapia em um período de 1.330 e 645 dias em cada caso, respectivamente. O estrôncio 90 sofre degradação β e passa a emitir partículas β, que possuem capacidade limitada de penetração no tecido irradiado (2 a 3mm). Com essa particularidade, uma grande dose de radiação pode ser aplicada na superfície sem afetar o tecido mais profundo.21

Os histiocitomas são neoplasias benignas, que têm origem dos macrófagos apresentadores de antígenos, conhecidos como células de Langerhans.4 Apresentam-se como massas bem circunscritas, lisas, de coloração rósea, com perda de pelos e, comumente, com uma leve depressão e ulceração central.14 Ocorrem principalmente em cães jovens, com menos de 3 anos de idade. Além disso, são tipicamente autolimitantes, sem necessidade de tratamento.4

As características microscópicas dos histiocitomas abrangem uma massa de histiócitos redondos a poliédricos, grandes e que se estendem através da epiderme até a derme.14 Há uma forma sistêmica de histiocitose, que acomete, especialmente, a raça Pastor de Bernese, mas que pode afetar também outras raças. As lesões oculares incluem massas palpebrais, exoftalmia, uveíte, descolamento de retina e glaucoma.4 As pálpebras apresentam nódulos, pápulas ou placas de forma recorrente ou persistente.3

A forma mais agressiva da doença é progressiva e fatal, com envolvimento de linfonodos, baço e medula óssea.3

Fibromas e fibrossarcomas são neoplasias originárias do tecido conjuntivo infrequentes em cães. Entretanto, quando estão presentes, podem ser localmente invasivas e apresentam-se como massas subcutâneas de crescimento lento.3 O fibrossarcoma compreende de 12 a 41% dos tumores cutâneos dos felinos e afeta gatos com idade média de 9,6 anos.22

O fibrossarcoma pode se apresentar de três formas principais: fibrossarcoma espontâneo (geralmente solitário), fibrossarcoma induzido por injeção e fibrossarcoma induzido pelo vírus do sarcoma felino (em inglês, feline sarcoma virus [FeSV]), que é uma forma mutante do vírus da leucemia felina (em inglês, feline leukemia virus [FeLV]).22

Em gatos idosos, o fibrossarcoma ocorre de maneira focal, com aspecto nodular e localização subcutânea, superfície alopécica e ulcerada. Gatos jovens estão mais predispostos a desenvolver fibrossarcoma multicêntrico, causado pelo FeSV.16 Entretanto, o relato de um caso na literatura evidencia a ocorrência desse tipo neoplásico em um felino negativo para FeLV e, portanto, para FeSV.22

O tricoblastoma é uma neoplasia que substitui o tecido da derme com um estroma celular distinto e ninhos de células epiteliais pouco diferenciadas remanescentes do epitélio de folículos pilosos. É tumor benigno que ocorre na cabeça e no pescoço de cães.4

O tricoepitelioma é uma neoplasia epitelial também de origem dos folículos pilosos. Contudo, esse tumor normalmente apresenta características variáveis de diferenciação celular.4

Hidrocistomas localizados nas glândulas apócrinas têm sido diagnosticados em gatos. Os cistos podem ser únicos ou múltiplos, macios e circunscritos (Figura 8).

FIGURA 8: Felino Himalaia, aos 2 anos de idade, diagnosticado com hidrocistoma apócrino. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Os hidrocistomas contêm um fluido, variando de translúcido a marrom em sua coloração, que consiste, predominantemente, em um infiltrado celular histiocítico.4,16 Há evidências de predisposição racial, com gatos da raça Persa sendo especialmente afetados. A causa da neoplasia é desconhecida; porém, duas teorias principais podem ser encontradas na literatura. Alguns autores acreditam que o cisto resulta de um quadro proliferativo, enquanto outros afirmam que surge de uma retenção de conteúdo glandular.23

Estudos desenvolvidos com o intuito de melhor caracterizar os cistadenomas evidenciaram que, provavelmente, o mecanismo proliferativo é a causa mais provável. Para isso, foi utilizado o antígeno Ki-67 como marcador de proliferação celular, e um aumento da sua expressão nas lesões foi observado.23

Os sinais clínicos do hidrocistoma dependerão do tamanho e da localização dos cistos e podem incluir blefarospasmo, lacrimejamento, hiperemia conjuntival e secreção ocular.24 O diagnóstico definitivo é feito por análise histopatológica. Entretanto, a citologia aspirativa por agulha fina pode auxiliar na diferenciação de neoplasias como o melanoma, que, por apresentar coloração escura, é o principal diagnóstico diferencial.24

As opções de tratamento do hidrocistoma são excisão cirúrgica, criocirurgia com uso de nitrogênio líquido e ablação química com uso de ácido tricloroacético.23 Dependendo da taxa de crescimento das lesões, da idade do paciente e da ausência de injúrias oculares causadas pelos cistos, é aconselhável a observação do tumor, sem a realização de um tratamento específico imediato.24

A recorrência do hidrocistoma após a excisão cirúrgica é bastante comum, cerca de 10 meses após o procedimento, em média.25 A ablação química é uma alternativa que visa a reduzir as taxas de recidiva.25

O ácido tricloroacético é um ácido forte que desnatura proteínas. Também é um agente queratolítico, que destrói todas as estruturas vivas ao nível da derme reticular e corrói a camada intermediária da pele e a membrana mucosa associada. Dessa maneira, tem sido amplamente empregado em pacientes humanos para o tratamento de lesões epidérmicas ou cutâneas benignas.25 Seu uso se prova efetivo também na medicina veterinária para o tratamento de hidrocistomas apócrinos em felinos. Inicialmente, é realizado o desbridamento da lesão para, após, ser aplicado o ácido tricloroacético na concentração de 20%.24,25 Em um estudo, foi comprovada a ausência de recidiva mesmo após 36 meses de acompanhamento.24

Hamartomas são massas benignas, formadas por tecido completamente diferenciado, não neoplásicas. São compostas por tecido conjuntivo colagenoso, tecido adiposo e, com certa frequência, tecido muscular esquelético.4 Em um estudo que caracterizou o hamartoma mesenquimal especificamente de pálpebras de cães, a idade dos cães afetados variou de 6 a 11 anos, o canto temporal foi particularmente predisposto, e as lesões variaram de 0,6 a 3cm de diâmetro.4

Quanto ao aspecto clínico dos hamartomas, as massas apresentaram-se de forma subcutânea, firmes, em alguns casos, aderidas à borda orbital subjacente e, em outros, soltas entre a pele e a conjuntiva palpebral. Histologicamente, todas tinham margens distintas, mas não estavam encapsuladas, e continham tecido conjuntivo de aspecto normal, rico em colágeno, com tecido adiposo em menor quantidade. A biópsia é o método diagnóstico de eleição, pois a aspiração por agulha fina e a citologia podem fornecer resultados inconclusivos.4

A excisão da massa leva à obtenção de sucesso no tratamento, na maioria dos casos.4

ATIVIDADES

12. Com relação às neoplasias palpebrais em cães e gatos, assinale a alternativa correta.

A) Em felinos, as neoplasias palpebrais são mais comuns do que em cães.

B) As neoplasias palpebrais em cães são, em sua maioria, benignas.

C) Em cães, a maioria dos casos de neoplasias palpebrais acomete cães jovens, com exceção dos papilomas e histiocitomas, que acometem principalmente cães idosos.

D) Em gatos, as neoplasias palpebrais são mais prevalentes em indivíduos do sexo feminino.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".


As neoplasias palpebrais em felinos são menos comuns do que nos cães, em maioria, malignas, e afetam mais gatos idosos do que gatos jovens. São mais frequentes em cães idosos, embora existam exceções, como papilomas e histiocitomas, que ocorrem com mais frequência em cães mais jovens. Não há predisposição sexual para o desenvolvimento de massas oculares em cães e gatos.

Resposta correta.


As neoplasias palpebrais em felinos são menos comuns do que nos cães, em maioria, malignas, e afetam mais gatos idosos do que gatos jovens. São mais frequentes em cães idosos, embora existam exceções, como papilomas e histiocitomas, que ocorrem com mais frequência em cães mais jovens. Não há predisposição sexual para o desenvolvimento de massas oculares em cães e gatos.

A alternativa correta e a "B".


As neoplasias palpebrais em felinos são menos comuns do que nos cães, em maioria, malignas, e afetam mais gatos idosos do que gatos jovens. São mais frequentes em cães idosos, embora existam exceções, como papilomas e histiocitomas, que ocorrem com mais frequência em cães mais jovens. Não há predisposição sexual para o desenvolvimento de massas oculares em cães e gatos.

13. Quanto à neoplasia palpebral mais comumente relatada em gatos, assinale a alternativa correta.

A) Fibrossarcoma.

B) Tricoepitelioma.

C) Melanoma.

D) CCEcarcinoma de células escamosas.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


O CCEcarcinoma de células escamosas tem predisposição para gatos brancos em razão da maior suscetibilidade a raios ultravioletas.

Resposta correta.


O CCEcarcinoma de células escamosas tem predisposição para gatos brancos em razão da maior suscetibilidade a raios ultravioletas.

A alternativa correta e a "D".


O CCEcarcinoma de células escamosas tem predisposição para gatos brancos em razão da maior suscetibilidade a raios ultravioletas.

14. Com relação às neoplasias das glândulas de Meibômio, assinale a alternativa correta.

A) Os tumores das glândulas de Meibômio são mais comuns em felinos e raros em cães.

B) Normalmente, as neoplasias das glândulas de Meibômio de cães são malignas.

C) Em cães, as principais neoplasias encontradas nas glândulas tarsais são os adenomas e os epiteliomas.

D) Os adenomas são neoplasias malignas, encontradas principalmente em cães jovens.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".


Os tumores das glândulas de Meibômio são mais frequentemente diagnosticados nas pálpebras de cães e raros em outras espécies. Embora possam apresentar crescimento rápido ou até mesmo características histologicamente malignas, o comportamento clínico tende a ser benigno. Os adenomas são neoplasias benignas encontradas nas glândulas tarsais, com grande frequência, em cães de idade média a avançada.

Resposta correta.


Os tumores das glândulas de Meibômio são mais frequentemente diagnosticados nas pálpebras de cães e raros em outras espécies. Embora possam apresentar crescimento rápido ou até mesmo características histologicamente malignas, o comportamento clínico tende a ser benigno. Os adenomas são neoplasias benignas encontradas nas glândulas tarsais, com grande frequência, em cães de idade média a avançada.

A alternativa correta e a "C".


Os tumores das glândulas de Meibômio são mais frequentemente diagnosticados nas pálpebras de cães e raros em outras espécies. Embora possam apresentar crescimento rápido ou até mesmo características histologicamente malignas, o comportamento clínico tende a ser benigno. Os adenomas são neoplasias benignas encontradas nas glândulas tarsais, com grande frequência, em cães de idade média a avançada.

15. Com relação aos epiteliomas, assinale a alternativa correta.

A) Os epiteliomas são compostos, em sua maior parte, por células glandulares totalmente diferenciadas.

B) Os epiteliomas quase sempre são desprovidos de pigmentação.

C) Os epiteliomas são menores, mais superficiais e mais externamente dispostos na margem palpebral quando comparados aos adenomas.

D) Embora sejam tumores benignos, os epiteliomas podem ser localmente agressivos e, em alguns casos, recorrer após excisão cirúrgica.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


Os epiteliomas são compostos, em sua maior parte, por células basais indiferenciadas, com rara diferenciação sebácea ou escamosa, e possuem maior tendência a serem pigmentados. Quando comparados aos adenomas, os epiteliomas são maiores e mais predispostos a estarem profundamente inseridos na margem palpebral.

Resposta correta.


Os epiteliomas são compostos, em sua maior parte, por células basais indiferenciadas, com rara diferenciação sebácea ou escamosa, e possuem maior tendência a serem pigmentados. Quando comparados aos adenomas, os epiteliomas são maiores e mais predispostos a estarem profundamente inseridos na margem palpebral.

A alternativa correta e a "D".


Os epiteliomas são compostos, em sua maior parte, por células basais indiferenciadas, com rara diferenciação sebácea ou escamosa, e possuem maior tendência a serem pigmentados. Quando comparados aos adenomas, os epiteliomas são maiores e mais predispostos a estarem profundamente inseridos na margem palpebral.

16. Com relação ao CCEcarcinoma de células escamosas, assinale a alternativa correta.

A) O CCEcarcinoma de células escamosas é uma neoplasia comum em cães, mas rara em felinos.

B) Em cães, o CCEcarcinoma de células escamosas apresenta-se exclusivamente na forma de lesões ulcerativas.

C) Em felinos, são fatores de risco comuns para CCEcarcinoma de células escamosas a exposição à radiação ultravioleta, a presença de pele não pigmentada ou pelagem clara e idade avançada.

D) O tratamento indicado para o CCEcarcinoma de células escamosas é a crioterapia, já que o tratamento cirúrgico não é considerado eficiente.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".


O CCEcarcinoma de células escamosas é uma neoplasia comum em felinos, mas rara em cães. Em gatos, tende a se manifestar como uma lesão ulcerativa, enquanto, em cães, pode apresentar superfície proliferativa ou ulcerativa. O tratamento do CCEcarcinoma de células escamosas consiste na remoção cirúrgica, que pode ser associada a técnicas como crioterapia, irradiação β, irradiação γ, hipertermia por radiofrequência, imunoterapia e quimioterapia intralesional. Em casos de extenso envolvimento periocular, a exenteração pode ser indicada.

Resposta correta.


O CCEcarcinoma de células escamosas é uma neoplasia comum em felinos, mas rara em cães. Em gatos, tende a se manifestar como uma lesão ulcerativa, enquanto, em cães, pode apresentar superfície proliferativa ou ulcerativa. O tratamento do CCEcarcinoma de células escamosas consiste na remoção cirúrgica, que pode ser associada a técnicas como crioterapia, irradiação β, irradiação γ, hipertermia por radiofrequência, imunoterapia e quimioterapia intralesional. Em casos de extenso envolvimento periocular, a exenteração pode ser indicada.

A alternativa correta e a "C".


O CCEcarcinoma de células escamosas é uma neoplasia comum em felinos, mas rara em cães. Em gatos, tende a se manifestar como uma lesão ulcerativa, enquanto, em cães, pode apresentar superfície proliferativa ou ulcerativa. O tratamento do CCEcarcinoma de células escamosas consiste na remoção cirúrgica, que pode ser associada a técnicas como crioterapia, irradiação β, irradiação γ, hipertermia por radiofrequência, imunoterapia e quimioterapia intralesional. Em casos de extenso envolvimento periocular, a exenteração pode ser indicada.

17. Quanto ao CBCcarcinoma basocelular, assinale a alternativa correta.

A) consiste em uma neoplasia maligna, comum em cães e gatos.

B) a neoplasia surge principalmente nas glândulas tarsais.

C) as lesões causadas geralmente são disformes e sem limites bem definidos.

D) um tratamento efetivo é a excisão cirúrgica acompanhada de crioterapia.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


O CBCcarcinoma basocelular é uma neoplasia rara, benigna, multilobulada e geralmente pigmentada, presente na pálpebra dos animais, a qual surge das células basais do epitélio e anexos. As lesões causadas por essa neoplasia caracterizam-se como arredondadas e bem circunscritas, mas com tendência à ulceração.

Resposta correta.


O CBCcarcinoma basocelular é uma neoplasia rara, benigna, multilobulada e geralmente pigmentada, presente na pálpebra dos animais, a qual surge das células basais do epitélio e anexos. As lesões causadas por essa neoplasia caracterizam-se como arredondadas e bem circunscritas, mas com tendência à ulceração.

A alternativa correta e a "D".


O CBCcarcinoma basocelular é uma neoplasia rara, benigna, multilobulada e geralmente pigmentada, presente na pálpebra dos animais, a qual surge das células basais do epitélio e anexos. As lesões causadas por essa neoplasia caracterizam-se como arredondadas e bem circunscritas, mas com tendência à ulceração.

18. Com relação à graduação morfológica dos mastocitomas em cães, assinale a alternativa correta.

A) O mastocitoma de grau 1 é considerado o mais maligno.

B) O mastocitoma de grau 1 apresenta células anaplásicas, que podem não ser facilmente identificadas como mastócitos, e intensa atividade mitótica.

C) Os mastocitomas de grau 2 caracterizam-se como nódulos circunscritos bem definidos e apresentam padrões de uma neoplasia bem diferenciada, com nenhuma atividade mitótica.

D) O mastocitoma de grau 3 estende-se profundamente no tecido subcutâneo e pode não estar presente na derme.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


A graduação morfológica dos mastocitomas em cães divide-se em três graus, sendo o grau 1 o mais benigno, caracterizado por um nódulo circunscrito bem definido, localizado inteiramente dentro da derme, que apresenta padrões de uma neoplasia bem diferenciada, com nenhuma atividade mitótica. O mastocitoma de grau 2 manifesta características intermediárias entre o grau 1 e 3, que se caracteriza por estender-se profundamente no tecido subcutâneo, pode não estar presente na derme e apresenta células anaplásicas, que podem não ser facilmente identificadas como mastócitos, e intensa atividade mitótica.

Resposta correta.


A graduação morfológica dos mastocitomas em cães divide-se em três graus, sendo o grau 1 o mais benigno, caracterizado por um nódulo circunscrito bem definido, localizado inteiramente dentro da derme, que apresenta padrões de uma neoplasia bem diferenciada, com nenhuma atividade mitótica. O mastocitoma de grau 2 manifesta características intermediárias entre o grau 1 e 3, que se caracteriza por estender-se profundamente no tecido subcutâneo, pode não estar presente na derme e apresenta células anaplásicas, que podem não ser facilmente identificadas como mastócitos, e intensa atividade mitótica.

A alternativa correta e a "D".


A graduação morfológica dos mastocitomas em cães divide-se em três graus, sendo o grau 1 o mais benigno, caracterizado por um nódulo circunscrito bem definido, localizado inteiramente dentro da derme, que apresenta padrões de uma neoplasia bem diferenciada, com nenhuma atividade mitótica. O mastocitoma de grau 2 manifesta características intermediárias entre o grau 1 e 3, que se caracteriza por estender-se profundamente no tecido subcutâneo, pode não estar presente na derme e apresenta células anaplásicas, que podem não ser facilmente identificadas como mastócitos, e intensa atividade mitótica.

19. Observe as afirmativas sobre os linfomas palpebrais.

I. Quando o globo ocular ou os tecidos adjacentes, como as pálpebras ou a conjuntiva, estão envolvidos, não são considerados sítios primários do tumor, mas sim parte de uma doença sistêmica.

II. Os linfomas afetam animais jovens, sendo a média de idade em cães de 2 anos e, em gatos, de 1 ano e meio.

III. A manifestação clínica mais comum do linfoma é o inchaço palpebral, que pode ser difuso ou focal.

IV. O tratamento do linfoma palpebral é realizado com radioterapia na região afetada.

Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I.

B) Apenas a I e a III.

C) Apenas a II.

D) Apenas a II e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".


O linfoma afeta animais de meia idade a idosos, tendo uma média de 9 anos de idade em cães e 8 anos em gatos. Como se trata de uma doença sistêmica, a sua terapia não pode ser pensada levando-se em consideração apenas as pálpebras.

Resposta correta.


O linfoma afeta animais de meia idade a idosos, tendo uma média de 9 anos de idade em cães e 8 anos em gatos. Como se trata de uma doença sistêmica, a sua terapia não pode ser pensada levando-se em consideração apenas as pálpebras.

A alternativa correta e a "B".


O linfoma afeta animais de meia idade a idosos, tendo uma média de 9 anos de idade em cães e 8 anos em gatos. Como se trata de uma doença sistêmica, a sua terapia não pode ser pensada levando-se em consideração apenas as pálpebras.

20. As glândulas de Moll são glândulas sudoríparas modificadas presentes nas pálpebras, e suas características histológicas sugerem que sejam glândulas apócrinas. O hidrocistoma palpebral apócrino surge a partir dessas glândulas e recebe esse nome pela semelhança com os hidrocistomas apócrinos de humanos. Com relação a essa neoplasia, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

A ocorrência é rara em gatos.

Não há predisposição racial.

Blefarospasmo, lacrimejamento, hiperemia conjuntival e secreção ocular são sinais clínicos que podem estar associados ao quadro.

Nem sempre será necessária a intervenção cirúrgica imediata, podendo haver o acompanhamento do caso.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) F — V — F — V

B) F — F — V — V

C) V — V — F — F

D) V — F — V — F

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".


O hidrocistoma palpebral apócrino consiste em uma formação benigna que pode estar presente na pálpebra de felinos. Estudos indicam predisposição racial, especialmente em gatos da raça Persa.

Resposta correta.


O hidrocistoma palpebral apócrino consiste em uma formação benigna que pode estar presente na pálpebra de felinos. Estudos indicam predisposição racial, especialmente em gatos da raça Persa.

A alternativa correta e a "B".


O hidrocistoma palpebral apócrino consiste em uma formação benigna que pode estar presente na pálpebra de felinos. Estudos indicam predisposição racial, especialmente em gatos da raça Persa.

Blefarites

Blefarite é a inflamação das pálpebras e das margens palpebrais.3

A blefarite pode ser uni ou bilateral, assim como pode estar relacionada a uma doença ocular localizada ou dermatológica sistêmica (Figura 9).3

FIGURA 9: Cão sem raça definida com blefarite severa. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Os sinais clínicos da blefarite normalmente incluem eritema, inchaço e alopecia periocular, geralmente acompanhados de blefarospasmo devido à dor. Dependendo da etiologia, a blefarite também pode ser pruriginosa. A cronicidade pode resultar em formação de cicatrizes, tendo, como consequência, o desenvolvimento de distorções palpebrais, tais como o entrópio e o ectrópio, culminando em lesões de córnea e conjuntiva de forma secundária.3

Calázio, hordéolo e meibomite

Calázio é o acúmulo da secreção das glândulas de Meibômio, que resulta em inflamação crônica e reação granulomatosa.3

A inflamação predispõe à infecção por bactérias como Staphylococcus sp. e, então, à formação de hordéolo.3

Também chamado de lipogranuloma, é comum o desenvolvimento do calázio ao redor de massas neoplásicas benignas com origem nas glândulas de Meibômio. Contudo, pode estar presente como uma massa inflamatória, nodular e brancacenta, sem o desenvolvimento de neoplasia, sendo, portanto, um diagnóstico diferencial de tumores de margem palpebral.4

O tratamento do calázio pode ser realizado por curetagem, com a cicatrização da ferida por segunda intenção, e uso de antibiótico tópico por 7 a 10 dias.3

Quando há infecção bacteriana envolvida na inflamação das glândulas palpebrais, trata-se de um caso de hordéolo.3

A infecção das glândulas de Moll e Zeis é chamada de hordéolo externo e caracteriza-se por abscessos únicos ou múltiplos dispostos no aspecto anterior da pálpebra. Hordéolo interno é o nome dado à infecção das glândulas de Meibômio, mais facilmente observado com a eversão cuidadosa da pálpebra, pois está localizado na região da placa tarsal.3 Essas condições são mais encontradas em cães jovens e raramente acometem felinos.16

A terapia indicada para hordéolo consiste em compressas de água morna e curetagem, com antibioticoterapia por 7 a 10 dias.3

Meibomite é o termo utilizado para a inflamação palpebral envolvendo as glândulas de Meibômio. É normalmente relacionada com a infecção por Staphylococcus sp., que pode causar necrose tecidual pela liberação de toxinas.26

A meibomite pode ser uni ou bilateral, normalmente leva a inchaço acentuado, dor e blefarospasmo. Com a cronicidade, pode causar distorção palpebral e redução ou ausência de liberação do conteúdo lipídico que compõe o filme lacrimal, configurando uma ceratoconjuntivite seca qualitativa.3

A associação de antibiótico sistêmico e corticoides é aconselhável no tratamento da meibomite em razão do caráter infeccioso.26 Compressas de água morna também podem auxiliar no alívio dos sintomas.3

Blefarites imunomediadas

As blefarites imunomediadas que afetam cães e gatos podem ser divididas em:

  • celulite juvenil;
  • blefarite alérgica aguda;
  • dermatite atópica (blefarite alérgica crônica);
  • blefarite bacteriana;
  • blefarite micótica;
  • blefarite parasitária.

Celulite juvenil

A celulite juvenil é uma afecção granulomatosa e pustulosa de face, pavilhão auricular e linfonodos submandibulares de cães jovens.26

A celulite juvenil manifesta-se como um inchaço agudo da face, envolvendo principalmente pálpebras, lábios e focinho. As lesões podem estar presentes em outras partes do corpo, como:26

  • patas;
  • abdome;
  • tórax;
  • vulva;
  • prepúcio;
  • ânus.

As pálpebras apresentam-se dolorosas; porém, geralmente, não há prurido.26

A idade dos cães acometidos pela celulite juvenil varia de 3 semanas a 8 meses, e um ou mais filhotes de uma mesma ninhada podem ser afetados. Embora não se saiba a causa exata da doença, suspeita-se de uma disfunção imune, pois a resposta das lesões à terapia com glicocorticoides é excelente. As raças predispostas são:26

  • Dachshund;
  • Golden Retriever;
  • Labrador Retriever;
  • Setter Gordon;
  • Lhasa Apso.

O diagnóstico definitivo da celulite juvenil só pode ser realizado com exame citológico e histopatológico. A avaliação citológica revela inflamação piogranulomatosa sem a presença de microrganismos.26

A terapia deve iniciar o mais cedo possível, para evitar a distorção palpebral causada pela formação de cicatrizes.26

Doses imunossupressoras de corticosteroides e, se houver contaminação secundária, antibióticos de uso sistêmico são indicados para o tratamento da celulite juvenil.26

Blefarite alérgica aguda

A blefarite alérgica aguda pode ocorrer em qualquer idade, em cães atópicos e não atópicos.26

A blefarite alérgica aguda é caracterizada por um edema palpebral de início agudo, com hiperemia e prurido. Pode ser consequência da exposição local a um alérgeno ou de uma resposta generalizada.3

As causas de blefarite alérgica aguda podem ser:3,26

  • pólen de plantas;
  • medicamentos tópicos;
  • picadas de insetos;
  • reação pós-vacinal.

A blefarite alérgica aguda é autolimitante e, por essa razão, normalmente não requer tratamento. Contudo, o tutor deve ser instruído a evitar o contato do animal com o alérgeno, caso ele seja identificado. Se a inflamação for acentuada, é importante proteger o olho do animal, pois a tendência de autotrauma é alta.26

A administração de corticoides tópicos ou sistêmicos pode ser indicada de acordo com o agravamento dos sinais da blefarite alérgica aguda.26

Dermatite atópica (blefarite alérgica crônica)

Atopia é o termo utilizado para descrever a capacidade de produzir uma reação imune contra alérgenos ambientais comuns. Consiste em uma resposta IgE exagerada, que leva ao dano tecidual por reação de hipersensibilidade do tipo I.26

Os alérgenos podem ou não ser sazonais, e os sinais clínicos, portanto, podem estar presentes somente em algumas épocas do ano. A raça West Highland White Terrier é particularmente predisposta.3 Os sinais clínicos abrangem:26

  • hiperemia;
  • blefarospasmo;
  • eritema;
  • crostas;
  • escoriações;
  • ulcerações.

Em casos crônicos, com fricção persistente dos olhos, pode ocorrer blefarite bacteriana marginal secundária, envolvimento corneano e comprometimento visual secundário. A inflamação das glândulas de Meibômio devida à blefarite pode levar à alteração da composição de seu conteúdo, ocasionando a evaporação acelerada do líquido lacrimal e configurando ceratoconjuntivite seca qualitativa.26

O diagnóstico da dermatite atópica baseia-se no histórico, no exame físico e no uso de testes intradérmicos e oculares. O maior desafio é identificar o alérgeno, que, se descoberto, deve ser evitado.26

Na dermatite atópica, o prurido ocular pode ser reduzido com o uso de compressas frias, e lubrificantes tópicos podem ser aplicados para corrigir a evaporação acelerada do filme lacrimal. Em casos mais graves, o uso de glicocorticoides tópicos ou sistêmicos e antibióticos é indicado, bem como o uso do colar elizabethano para evitar autotrauma. As pomadas de dexametasona e prednisona são bastante úteis nessas situações.26

Blefarite bacteriana

A blefarite bacteriana caracteriza-se por uma inflamação superficial difusa das pálpebras, por piogranulomas subcutâneos ou, ainda, por meibomite.3

Os sinais clínicos de blefarite bacteriana são:3

  • hiperemia;
  • inchaço;
  • formação de crostas;
  • ulceração da pele e da margem palpebral;
  • alopecia;
  • fibrose.

Em cães filhotes, pode ocorrer uma blefarite purulenta, que faz parte de um quadro de piodermite juvenil. Toda a pele da cabeça pode estar afetada com múltiplos abscessos, geralmente causados por bactérias do gênero Staphylococcus sp.3

O tratamento da blefarite bacteriana consiste em altas doses de antibióticos sistêmicos, e antibióticos tópicos auxiliam na proteção da superfície ocular. Em cães adultos, a blefarite é causada principalmente por bactérias do gênero Staphylococcus sp. e Streptococcus sp. O tratamento é realizado com antibióticos tópicos ou sistêmicos, com base em resultados de cultura e antibiograma.3

Em felinos, as blefarites bacterianas são mais frequentes quando associadas a brigas, com formação de abscessos discretos e celulite difusa.16

A cultura e o antibiograma mostram-se bastante relevantes quando é levado em consideração o aumento da resistência bacteriana a antimicrobianos nos últimos anos.27

Em um estudo recente, swabs conjuntivais de 72 cães e 24 gatos afetados por conjuntivite/blefarite, ceratite ou uveíte foram coletados, com o objetivo de identificar a presença de Staphylococcus pseudintermedius resistente à meticilina (MRSP). Foram positivas para S. pseudintermedius 39,5% das amostras, das quais 94,7% em cães e 5,3% em gatos. Entre as amostras positivas, 7,9% eram de MRSP, sendo 5,3% provenientes de casos de conjuntivite/blefarite de cães.27

Blefarite micótica

Fungos como Microsporum canis, Microsporum gypseum ou Trichophyton são responsáveis por uma condição denominada dermatofitose e podem colonizar os folículos pilosos da pele palpebral, resultando em dermatite focal. A doença clínica é mais comum em felinos; porém, não é rara em cães.4

As lesões da blefarite micótica consistem em áreas alopécicas circulares, ovais ou com formato irregular. Também são hiperêmicas e crostosas, e é frequente observar foliculite associada.16 O diagnóstico é confirmado pela coloração de Gram ou Giemsa de raspados cutâneos ou pela cultura fúngica em ágar Sabouraud.3

No tratamento da blefarite micótica, pode ser utilizada iodopovidona para higienização em conjunto com um antifúngico tópico. Em casos de infecção persistente, o uso de antifúngicos sistêmicos é recomentado.3

Em felinos, leveduras de Cryptococcus neoformans podem causar blefarite. Embora essa apresentação seja incomum, a blefarite pode ser o único sinal clínico.28

Blefarite parasitária

Em cães, as sarnas demodécica e sarcóptica podem afetar as pálpebras, causando sinais como hiperemia, alopecia, prurido e complicações por infecções bacterianas secundárias.3 Demodex canis é o agente etiológico predominante da demodicose em cães.4

As sarnas habitam os folículos pilosos, causando secreção excessiva de queratina e, como consequência, dermatite granulomatosa.4 Em gatos, embora incomum, a demodicose localizada pode ocorrer.3 Os agentes etiológicos envolvidos são Demodex cati e Demodex gatoi.4 Os sinais clínicos são alopecia periocular, eritema, descamação, crostas e, por vezes, prurido. A leishmaniose também pode ter repercussões nas pálpebras de cães e gatos e causar blefarite. As lesões variam de formação de granulomas nodulares discretos a dermatite com alopecia, edema difuso e ulcerações cutâneas.3

Blefarites autoimunes

As blefarites autoimunes que acometem cães e gatos são

  • blefarite ulcerativa crônica do canto medial inferior;
  • pênfigo;
  • síndrome uveodermatológica;
  • lúpus.

Blefarite ulcerativa crônica do canto medial inferior

A blefarite ulcerativa crônica do canto medial inferior acomete principalmente cães das raças Pastor Alemão, Dachshund de pelo longo e Poodle Toy e em miniatura.3

No Pastor Alemão, a blefarite de canto medial pode ser acompanhada por ceratite superficial crônica e infiltrado de células plasmáticas na membrana nictitante. No Dachshund de pelo longo, pode ocorrer ceratite punctata superficial de maneira concomitante ao quadro de blefarite.3 A margem do canto lateral também pode ser afetada, e a condição é normalmente bilateral. A biópsia revela infiltrados linfocitários e plasmocitários. Hiperplasia glandular sebácea também pode estar presente.26

O tratamento da blefarite ulcerativa crônica do canto medial inferior geralmente é efetivo com o uso de antibióticos e corticoides oftálmicos.26

Pênfigo

Pênfigo é um complexo de doenças autoimunes que envolvem a produção de anticorpos contra a matriz intracelular da epiderme, causando inflamação e ulceração das pálpebras, quando estão envolvidas.3

No pênfigo foliáceo, vulgar e eritematoso, as lesões faciais geralmente envolvem as pálpebras. O pênfigo foliáceo é o tipo mais comum desse complexo e, possivelmente, a dermatose autoimune mais comum no cão e no gato. Pode ser subdividido em doença espontânea, induzida por medicamentos ou associada à inflamação crônica. Entretanto, clinicamente, essas condições são indistinguíveis.26

O diagnóstico do pênfigo baseia-se no histórico do animal, no exame físico e nos achados histopatológicos.26

O tratamento do pênfigo consiste na administração de corticoides tópicos e sistêmicos a longo prazo e pode ser reforçado com terapia imunossupressora em casos refratários.26

Síndrome uveodermatológica

A síndrome uveodermatológica, ou síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada, é uma doença autoimune que acomete cães e em que os melanócitos são as células-alvo. Uveíte anterior, coriorretinite e descolamento de retina são os sinais clínicos oftálmicos mais frequentes em humanos, e a apresentação em cães é bastante semelhante.26

Os cães são tipicamente afetados pela síndrome uveodermatológica na idade adulta, e as lesões oculares normalmente precedem as lesões dermatológicas, localizadas nas junções mucocutâneas. Além dos sinais intraoculares, as pálpebras também são acometidas, apresentando ulceração, hipopigmentação e crostas.26 O diagnóstico baseia-se nos sinais clínicos e na análise histopatológica.26 A perda de pigmentação do focinho e das pálpebras, muitas vezes, é o primeiro sinal clínico reconhecido pelo tutor.3

As raças mais predispostas à síndrome uveodermatológica são, entre outras:3

  • Akita;
  • Husky Siberiano;
  • Golden Retriever;
  • Samoieda;
  • Rottweiler;
  • Chow Chow;
  • Pastor de Shetland.

O tratamento indicado para síndrome uveodermatológica é composto por corticoides e imunossupressores.26

O prognóstico da síndrome uveodermatológica a longo prazo é desfavorável.26

Lúpus

O lúpus eritematoso é um distúrbio autoimune incomum de cães, gatos e humanos. Pode se apresentar de forma localizada, recebendo o nome de lúpus eritematoso discoide, ou de forma sistêmica, recebendo o nome de lúpus eritematoso sistêmico. A etiologia exata é desconhecida, mas, em humanos, todas as formas são caracterizadas por uma variedade de autoanticorpos contra antígenos nucleares com ou sem deposição de complexos imunes. A exposição ao sol agrava a doença, sugerindo que a fotossensibilidade tem um papel na patogênese.26

Os sinais clínicos da forma localizada de lúpus incluem dermatite facial com crostas, despigmentação, erosões e úlceras, que afetam predominantemente a região do focinho. Contudo, lesões palpebrais e orais também podem estar presentes. Já na forma sistêmica, febre, poliartrite, proteinúria e doença de pele são os sinais. O diagnóstico consiste na avaliação do histórico do animal, no exame físico, na biópsia de pele e no teste para detecção de anticorpos antinucleares (em inglês, antinuclear antibodies [ANAs]) na forma sistêmica.26

O lúpus pode ser tratado evitando-se a exposição à luz solar intensa e usando-se medicamentos imunossupressores tópicos ou sistêmicos. A terapia varia significativamente em cada caso.26

Trauma

Lacerações palpebrais podem ocorrer por conta de arranhões, mordidas ou objetos inanimados, como arame farpado. Elas são divididas em parciais ou de espessura total, marginais ou não marginais e podem incluir o canal lacrimal.3

As pálpebras são bastante vascularizadas; portanto, lesões causam hemorragia abundante. Todavia, essa extensa vascularização também protege o tecido de isquemia e necrose.3

O tratamento das lacerações palpebrais consiste na reparação cirúrgica para restabelecer a integridade da margem palpebral acometida.3

No pós-operatório, a aplicação de antibiótico tópico na ferida e no olho é indicada, e, havendo contaminação evidente, cultura bacteriana e teste de sensibilidade a antimicrobianos são requeridos.3 Além disso, é provável que a ferida em processo de cicatrização cause irritação; assim, o uso do colar elizabethano é recomendado.

Afecções de terceira pálpebra

As afecções de terceira pálpebra que acometem cães e gatos são

  • eversão da cartilagem;
  • prolapso da glândula;
  • protusões;
  • neoplasias;
  • trauma e corpos estranhos.

Eversão da cartilagem da terceira pálpebra

A terceira pálpebra possui uma lâmina de cartilagem em formato de T, que promove sua sustentação. A eversão dessa cartilagem é uma condição uni ou bilateral, mais comumente reconhecida em cães jovens e de raças grandes, como:29

  • São Bernardo;
  • Dogue Alemão;
  • Pastor Alemão;
  • Weimaraner.

A eversão da cartilagem da terceira pálpebra também pode acometer felinos; porém, é menos frequente. As diferenças anatômicas e histológicas entre as cartilagens da terceira pálpebra de gatos e cães podem explicar a escassez de casos em gatos em comparação com os inúmeros trabalhos que descrevem eversão da cartilagem da terceira pálpebra em cães. A dobra de cartilagem geralmente ocorre perto do “pescoço do T”, permitindo que a borda anterior da terceira pálpebra desvie inadequadamente para fora ou, de forma infrequente, para dentro, em direção à córnea.29

A eversão da cartilagem é facilmente diferenciada de um prolapso da glândula lacrimal da terceira pálpebra pela convexidade brilhante da cartilagem, que fica bastante visível através da superfície conjuntival.29

O tratamento mais empregado para correção da eversão da cartilagem da terceira pálpebra é a excisão da porção dobrada da cartilagem.2

Prolapso da glândula da terceira pálpebra

O prolapso da glândula lacrimal nictitante, ou, em inglês, cherry eye, é a afecção mais comum da terceira pálpebra em cães.2 Em comparação aos cães, esse quadro é incomum em gatos.16 A patogênese do distúrbio não é bem determinada. No entanto, acredita-se que resulte de fraqueza na ligação do tecido conjuntivo entre a membrana nictitante e os tecidos periorbitais.2

Clinicamente, a glândula da terceira pálpebra prolapsada manifesta-se como uma massa avermelhada que emerge da margem da membrana nictitante (Figura 10).

FIGURA 10: Cão da raça Shih Tzu, aos 6 meses de idade, com prolapso unilateral da glândula da terceira pálpebra. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Caso a exposição seja crônica, a glândula pode tornar-se inflamada, ressecada, inchada, e infecções secundárias podem ocorrer. O prolapso unilateral é mais comum, embora também possa ser bilateral. O acometimento bilateral pode ser simultâneo ou pode haver a ocorrência do prolapso em um olho para, em algumas semanas ou meses depois, haver o prolapso da glândula contralateral.30

Em cães, são consideradas predispostas para prolapso da glândula da terceira pálpebra as raças:30

  • Cocker Spaniel Inglês;
  • Cocker Spaniel Americano;
  • Boston Terrier;
  • Pequinês;
  • Beagle;
  • Basset Hound;
  • Buldogue Inglês;
  • Lhasa Apso;
  • Shih Tzu.

Acredita-se que haja predisposição genética para prolapso da glândula da terceira pálpebra em cães braquicefálicos.30 Em gatos, a maioria dos casos foi descrita no Birmanês, embora o gato doméstico de pelo curto e o Persa também possuam casos descritos na literatura.31 No que tange à idade dos animais, em cães, é mais frequente que o prolapso da glândula ocorra até 1 ano de vida; contudo, animais adultos podem ser acometidos.30 Em felinos, a idade pode variar de 2,5 a 6 anos, conforme estudos descritos na literatura.31 Em gatos filhotes, somente foram relatados casos em que haviam anormalidades oculares congênitas de forma concomitante ao prolapso.31

Deve-se ressaltar que, especialmente em animais idosos, o prolapso da glândula da membrana nictitante é diagnóstico diferencial de neoplasia.30

A remoção da glândula prolapsada está contraindicada para evitar ceratoconjuntivite seca.30,31

O tratamento preconizado para o prolapso é o reposicionamento da glândula da terceira pálpebra. Para tanto, inúmeras técnicas estão disponíveis e têm sido utilizadas com ótimos resultados.30 A mais amplamente empregada é a de Morgan.

Protrusão da terceira pálpebra

A protrusão da terceira pálpebra é uma condição frequentemente diagnosticada em cães e gatos. Essa afecção pode ser um sinal de alterações em outras áreas do globo ocular e anexos ou, até mesmo, de doenças sistêmicas. Entre as causas de protrusão da membrana nictitante que são ocasionadas por doenças relacionadas a ela, estão:32

  • as neoplasias;
  • o prolapso da glândula lacrimal;
  • o cisto lacrimal;
  • a eversão da cartilagem;
  • as doenças inflamatórias;
  • o trauma.

Existem, ainda, diversas causas de protrusão não relacionadas à terceira pálpebra. A dor ocular promove uma retração ativa do globo, permitindo o deslizamento da membrana nictitante sobre o olho. A enoftalmia é desencadeada por qualquer condição em que o animal apresente um globo ocular menor do que o normal. A protrusão por enoftalmia pode ser uni ou bilateral. Por exemplo, a atrofia ocular geralmente repercutirá em protrusão unilateral, enquanto a perda de gordura retrobulbar, em animais mais velhos, em protrusão bilateral.32

Em quadros de doenças inflamatórias ou neoplasias que cursem com exoftalmia, frequentemente se observa protrusão unilateral da terceira pálpebra. Além disso, a protrusão também pode ser desencadeada por doenças sistêmicas como a raiva, o tétano, a histiocitose e o linfoma. Ainda, a administração de medicamentos pode causar protrusão temporária da terceira pálpebra, a exemplo de tranquilizantes com fenotiazina.32

Embora se trate, principalmente, de um problema estético, a protrusão, às vezes, causa conjuntivite e epífora.2

Quando protusa, a membrana nictitante pode ser encurtada cirurgicamente para retornar a uma posição mais normal, caso o problema não se resolva com o tempo.2

Em animais que apresentam uma das margens da terceira pálpebra pigmentada e a outra não, uma ilusão de óptica pode fazer parecer que a margem não pigmentada esteja se projetando anormalmente.2

Em felinos, a protrusão bilateral da terceira pálpebra, sem outras anormalidades oculares concomitantes, é bastante comum. Essa condição pode estar associada a doenças sistêmicas, desidratação ou, em gatos idosos, perda da gordura orbital ou massa muscular.16

Em quadros de protrusão bilateral idiopática, sem outros sinais, o tratamento não é indicado, pois a situação tende a se resolver sem intervenção, mesmo que leve algumas semanas.16

Síndrome de Horner

A síndrome de Horner ocorre quando há perda da inervação simpática para o globo ocular e seus anexos.16

Os sinais clínicos resultantes da síndrome de Horner em cães e gatos incluem miose, ptose palpebral, enoftalmia e protrusão da terceira pálpebra.33 A miose e a protrusão da terceira pálpebra são os sinais mais frequentes em gatos.16

A inervação simpática do globo ocular abrange um sistema complexo de neurônios de primeira, segunda e terceira ordem, e, visto que lesões em qualquer um desses neurônios podem culminar na síndrome de Horner, a localização da lesão pode ser um desafio.33

Os neurônios de primeira ordem são os neurônios motores superiores, que têm sua origem no hipotálamo e no tronco encefálico rostral e seguem na medula espinhal para fazer sinapses com os corpos dos neurônios de segunda ordem, que são os neurônios motores inferiores pré-ganglionares. Os neurônios de segunda ordem estão dispostos na substância cinzenta dos primeiros três segmentos da medula espinhal torácica e se conectam ao tronco simpático, realizando sinapse no gânglio cervical cranial. Os neurônios pós-ganglionares são chamados de neurônios de terceira ordem e se juntam ao ramo oftálmico do nervo trigêmeo, sendo responsáveis pela inervação do músculo dilatador da íris e da musculatura lisa periorbital.33

Na síndrome de Horner, a presença de sinais neurológicos pode auxiliar na detecção da localização da lesão. A síndrome vestibular periférica e a otite média podem sugerir uma lesão em neurônios de terceira ordem, por exemplo. Já sinais como alteração do estado mental, ataxia e cegueira podem sugerir lesão em neurônios de primeira ordem. Porém, cerca da metade dos animais com síndrome de Horner não apresenta sinais neurológicos óbvios.33 Em casos de trauma, os sinais clínicos associados à lesão do sistema nervoso serão mais óbvios e urgentes, e a síndrome de Horner acaba se tornando uma preocupação secundária.34

Algumas causas da síndrome de Horner são:16,34

  • traumas envolvendo a cabeça;
  • traumas envolvendo a medula espinhal;
  • doenças do plexo braquial;
  • doenças que afetam tecidos moles do pescoço;
  • otites;
  • cirurgias no pescoço;
  • fraturas ósseas.

Contudo, em grande parte dos animais com síndrome de Horner aparentemente de origem dos neurônios de terceira ordem, nenhuma causa subjacente pode ser identificada. Assim, esses casos têm sido referidos como síndrome de Horner idiopática. A síndrome de Horner idiopática é geralmente unilateral; entretanto, pode ser bilateral e é particularmente prevalente na raça Golden Retriever.34

O diagnóstico da síndrome de Horner deve ser baseado em exame físico, neurológico e oftálmico. Podem ser feitos, também, exame otológico e exames de imagem para identificar lesões ou descartar neoplasias cervicais ou mediastinais.33 Qualquer animal que apresente anisocoria deve ter a síndrome de Horner como diagnóstico diferencial. Alguns testes podem ser realizados visando ao diagnóstico nesse sentido. O teste de dilatação da pupila em miose no escuro é o mais importante.34

A pupila miótica não se dilata de maneira substancial no escuro, enquanto a pupila contralateral, de tamanho normal, se dilata. A síndrome de Horner é a única causa neurológica de anisocoria que se torna mais pronunciada no escuro. Além disso, a pupila normal deve se contrair quando exposta a uma fonte de luz. As lesões do nervo oculomotor podem apresentar anisocoria, mas, nesses casos, a pupila maior não contrai quando uma luz incide sobre ela.34

Com o objetivo de localizar a lesão, ainda pode ser realizado um teste farmacológico. A lógica dos testes farmacológicos na síndrome de Horner reside no desenvolvimento de hipersensibilidade por denervação ocular nos pacientes acometidos. A hipersensibilidade por denervação ocorre quando há uma interrupção da inervação em um órgão-alvo ou músculo liso, o que resulta na perda das enzimas degradadoras no local da sinapse, tornando o receptor sináptico altamente sensível aos seus agonistas.34

Na síndrome de Horner, o teste farmacológico consiste na instilação de 1% de fenilefrina tópica em ambos os olhos. Quanto menos tempo a pupila demorar para dilatar, mais próxima à íris está a lesão. Uma dilatação em menos de 20 minutos é sugestiva de lesão de neurônios de terceira ordem. Uma dilatação entre 20 e 45 minutos é sugestiva de lesão de neurônios de segunda ordem. Por fim, uma dilatação de 60 a 90 minutos é sugestiva de lesão de neurônios de primeira ordem ou de ausência de lesão na inervação simpática.34

Na síndrome de Horner, o tratamento, muitas vezes, não é necessário, sendo a síndrome idiopática frequentemente um quadro em que há resolução espontânea dentro de alguns meses. Contudo, a resolução do quadro está diretamente ligada à causa e à sua gravidade. Algumas lesões, como as que causam destruição do gânglio cervical cranial, são permanentes. A aplicação ou não de tratamento dependerá de cada caso.33

Síndrome de Haw

A síndrome de Haw é uma afecção observada em felinos jovens, e é caracterizada pela protrusão súbita e bilateral da terceira pálpebra, que pode estar associada, ou não, a um quadro de doença gastrintestinal ou parasitária.35

Na síndrome de Haw, os sinais clínicos do sistema digestivo podem estar presentes antes da protusão da membrana nictitante, o que é um indicativo de que possa se tratar de uma alteração no sistema nervoso simpático de forma generalizada. Entretanto, a causa específica do quadro é desconhecida. Não são relatadas outras alterações, tais como miose, enoftalmia e alterações neurológicas, o que permite uma diferenciação de quadros de síndrome de Horner e disautonomia felina.35

Quando é feita a instilação de fármacos simpatomiméticos, a alteração tende a ser corrigida momentaneamente, de modo semelhante ao que acontece nos casos de síndrome de Horner, e é utilizada como diagnóstico.35

O tratamento da síndrome de Haw consiste na instilação de epinefrina de 1 a 2%; porém, somente nos casos em que a protrusão da membrana nictitante provoque obstrução da visão do animal acometido. Caso contrário, o tratamento não é indicado, e a condição é autolimitante.35

Disautonomia

A disautonomia em animais domésticos é caracterizada pela degeneração neuronal do sistema nervoso autônomo, envolvendo sistema simpático e parassimpático.36 A doença foi relatada pela primeira vez no início de 1900, em cavalos. Após, em 1982, Key e Gaskell relataram cinco casos de felinos do Reino Unido com sinais clínicos de disfunção do sistema nervoso autônomo. Por isso, em gatos, essa afecção também é chamada de síndrome de Key-Gaskell. A causa da disautonomia é desconhecida.36

Os sinais clínicos de disautonomia são semelhantes em cães e gatos e abrangem depressão, hiporexia ou anorexia, disfagia, regurgitação ou vômito, constipação, pupilas dilatadas e não responsivas ao estímulo luminoso, protrusão da membrana nictitante, focinho e boca secos, produção lacrimal reduzida, bradicardia e megaesôfago. Esses sinais geralmente progridem em um período de 48 horas, podendo variar.36

A obtenção de um diagnóstico antemortem definitivo depende da análise histopatológica de biópsias intestinais de espessura total, incluindo o plexo mesentérico. Caso contrário, o diagnóstico dependerá da identificação histológica de lesões patognomônicas na medula espinhal, nos gânglios autonômicos e/ou nos núcleos do tronco encefálico; entretanto, essas lesões não podem ser identificadas em um período antemortem.36

Nem sempre é possível realizar análise histopatológica; portanto, é importante que o clínico descarte diagnósticos diferenciais. A pilocarpina é um agente parassimpatomimético de ação direta que estimula os receptores colinérgicos na íris, causando miose quando instilada sobre a superfície ocular.36

Na disautonomia, há degeneração dos neurônios pós-ganglionares, o que resulta em maior sensibilidade a agentes como a pilocarpina. Ou seja, após a instilação de solução oftálmica de pilocarpina diluída (0,05 a 0,1%), a ocorrência de miose é consistente com disautonomia e reflete hipersensibilidade induzida por denervação do músculo ciliar da íris para os agonistas parassimpáticos.36

Não há um tratamento definitivo para a doença, e tratamentos de suporte para cada caso devem ser utilizados.36

O prognóstico da disautonomia é considerado desfavorável, e a mortalidade é tida como alta.36 Todavia, um estudo de casos recente trouxe dados que asseguram que alguns animais podem sobreviver a essa doença e ter um bom prognóstico a longo prazo.36

Neoplasias da terceira pálpebra

Tumores da terceira pálpebra em cães e gatos são incomuns e, geralmente, malignos. Eles ocorrem em animais mais velhos e podem surgir dos tecidos conjuntival ou glandular.9 Em cães, foram relatadas como neoplasias primárias:37

  • adenoma;
  • adenocarcinoma;
  • CCEcarcinoma de células escamosas;
  • melanoma;
  • melanocitoma;
  • papiloma;
  • fibroma;
  • hemangioma;
  • hemangiossarcoma;
  • lipoma;
  • mastocitoma;
  • plasmocitoma;
  • mioepitelioma.

O linfoma multicêntrico é a neoplasia secundária mais frequente; porém, há um relato na literatura de um cão da raça Cocker Spaniel que foi diagnosticado com linfoma primário de terceira pálpebra. Em felinos, foram reportados, na literatura, como neoplasias primárias de membrana nictitante:38

  • mastocitoma;
  • hemangioma;
  • hemangiossarcoma;
  • fibrossarcoma;
  • adenocarcinoma;
  • melanoma;
  • linfoma.

O CCEcarcinoma de células escamosas é mais frequentemente associado a um acometimento secundário por extensão das pálpebras superior e inferior.16 A exposição à radiação ultravioleta está relacionada ao desenvolvimento de neoplasias da superfície ocular em cães e gatos.37

A maioria das neoplasias origina-se dos tecidos conjuntival e linfoide ou do estroma da substância própria. As que se originam na glândula da terceira pálpebra são menos comuns e incluem:38

  • adenocarcinoma;
  • adenoma;
  • plasmocitoma;
  • mioepitelioma;
  • linfoma.

Os sinais clínicos das neoplasias de terceira pálpebra abrangem protrusão da membrana nictitante, hiperemia, espessamento, epífora, desconforto ocular, conjuntivite e presença de uma massa, que pode apresentar coloração variada de acordo com o tipo de tumor e ser facilmente observada ou não. O diagnóstico definitivo é baseado na análise histopatológica de uma biópsia incisional ou excisional.37 Além disso, a análise imuno-histoquímica pode auxiliar em alguns casos específicos.

Como forma de tratamento das neoplasias de terceira pálpebra, dependendo da extensão da massa, a excisão somente da porção afetada ou a excisão completa da terceira pálpebra podem ser realizadas.16 Contudo, se a invasão local for extensa, a exenteração deve ser considerada.9

Para a excisão completa, são feitas a extensão da terceira pálpebra, a colocação de pinças hemostáticas curvas em sua base e a remoção com tesoura de Metzenbaum. Toda a cartilagem e a glândula devem ser removidas. A conjuntiva e as camadas mais profundas devem ser fechadas com sutura absorvível para ajudar a prevenir o prolapso da gordura orbital e manter a posição normal do globo ocular.9

Para a excisão parcial, a massa deve ser completamente removida, com margem de segurança, usando tesoura de tenotomia. A ferida cirúrgica não é suturada e deverá cicatrizar por segunda intenção.37 É importante ressaltar que, em razão da substancial colaboração da glândula da membrana nictitante com a produção lacrimal, a excisão completa pode predispor à ceratoconjuntivite seca. Portanto, o diagnóstico e o tratamento precoces são imprescindíveis para a manutenção da saúde ocular como um todo.37

É possível utilizar terapias adjuvantes para neoplasias de terceira pálpebra, a exemplo da crioterapia. O tratamento pós-operatório consiste no uso de antibióticos tópicos e anti-inflamatórios não esteroides por 2 semanas, acompanhados do uso de colar elizabethano.9,37 A utilização de laser de gás carbônico (CO2) para cauterização da ferida cirúrgica é uma alternativa à excisão completa tradicional. Na aplicação dessa técnica, a hemorragia observada foi mínima ou ausente, e a cicatrização da conjuntiva foi feita por segunda intenção.39

Adenocarcinoma da terceira pálpebra

O adenocarcinoma é a neoplasia mais comum da glândula da terceira pálpebra em cães e gatos.38 Possui aparência lobulada, lisa, firme e rosada. Esse tumor é localmente invasivo, podendo deslocar o globo ocular. A recorrência local é frequente após a excisão cirúrgica. Além disso, também podem ocorrer metástases, que afetam principalmente pulmões e linfonodos regionais.12

Os diagnósticos diferenciais de adenocarcinoma incluem cisto lacrimal, CCEcarcinoma de células escamosas e inflamação granulomatosa.40

O adenocarcinoma é uma neoplasia que apresenta reação inflamatória linfoplasmocitária, e o uso de anti-inflamatórios no período pré-cirúrgico pode auxiliar na redução de suas dimensões, facilitando a remoção.40

Embora a glândula nictitante execute um papel imprescindível na produção do filme lacrimal, é recomendada a excisão completa da terceira pálpebra na presença de adenocarcinoma. Contudo, quando a massa é extensa e causa dúvidas em relação à sua infiltração na órbita, é interessante a realização de exames de imagem, como a ultrassonografia. Em casos de envolvimento de outras estruturas orbitais, a exenteração é recomendada.40

Neoplasias do endotélio vascular

As neoplasias do endotélio vascular abrangem o hemangioma e o hemangiossarcoma.14

Os hemangiomas são neoplasias benignas que consistem em capilares bem diferenciados, células fusiformes hipercromáticas pleomórficas e feixes de colágeno hialinizado bem proeminentes. Os hemangiossarcomas são neoplasias malignas que consistem em células endoteliais pouco diferenciadas, com falta de capilares bem desenvolvidos e alto grau de invasividade.14

Os hemangiomas e os hemangiossarcomas acometem principalmente cães e equinos. Contudo, há relatos em felinos descritos na literatura.14 A membrana nictitante e a conjuntiva bulbar temporal são os locais mais frequentemente acometidos.14

A aparência clínica do tumor do endotélio vascular é semelhante no hemangioma e no hemangiossarcoma e consiste em uma massa vermelha, geralmente pequena, exofítica, friável e que sangra facilmente ao manuseio (Figura 11).4,37

FIGURA 11: Cão da raça Boxer, aos 3 anos de idade, diagnosticado com hemangiossarcoma da terceira pálpebra. Observa-se massa avermelhada na face palpebral da terceira pálpebra. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Em razão de sua semelhança clínica, a diferenciação entre hemangioma e hemangiossarcoma é feita pela análise histopatológica. Alguns fatores que auxiliam no diagnóstico são o grau de diferenciação dos vasos sanguíneos, a presença de características anaplásicas nas células neoplásicas e o grau de infiltração.4 Quando a diferenciação celular entre hemangioma e hemangiossarcoma é muito baixa, o diagnóstico pode requerer imuno-histoquímica com marcadores do fator VIII, que está presente no endotélio vascular.14

A exposição à radiação ultravioleta predispõe ao desenvolvimento de hemangiomas e hemangiossarcomas.4,37

O tratamento das neoplasias do endotélio vascular depende da extensão e da infiltração do tumor; porém, de maneira geral, baseia-se na remoção cirúrgica. A excisão pode ser associada à crioterapia.37

Trauma e corpos estranhos

Traumas que afetam o canto medial do olho podem resultar em lacerações na terceira pálpebra. Lesões pequenas cicatrizam espontaneamente; contudo, lesões mais extensas devem ser suturadas.2

Na abordagem de traumas, é importante tomar cuidado para não deixar suturas ou nós onde possam ter contato com a córnea para evitar possíveis úlceras.2

Corpos estranhos alojados na terceira pálpebra podem causar ulceração persistente da córnea, bem como inflamação.2

Sinais clínicos frequentemente observados diante da presença de corpos estranhos são:2

  • epífora;
  • blefarospasmo;
  • protrusão da membrana nictitante;
  • desconforto ocular grave.

Os corpos estranhos incluem gramados, sementes ou outro material vegetal, geralmente estão pouco incorporados e podem ser removidos com uma pinça após a instilação de um anestésico tópico.2

ATIVIDADES

21. Com relação ao calázio, ao hordéolo e à meibomite, assinale a alternativa correta.

A) O tratamento do calázio é feito por meio de curetagem, com a cicatrização da ferida por segunda intenção e uso de antibiótico tópico por 7 a 10 dias.

B) O hordéolo interno é a infecção das glândulas de Moll e Zeis.

C) A infecção das glândulas de Meibômio é chamada de hordéolo externo.

D) O tratamento da meibomite consiste em compressas de água morna e curetagem, com antibioticoterapia por 7 a 10 dias.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".


O hordéolo consiste na infecção bacteriana que ocasiona inflamação das glândulas palpebrais. Quando a infecção ocorre nas glândulas de Moll e Zeis, é chamada de hordéolo externo; quando a infecção acomete as glândulas de Meibômio, caracteriza hordéolo interno. A meibomite é a inflamação palpebral envolvendo as glândulas de Meibômio, e o seu tratamento, por se tratar de doença infecciosa, consiste na associação de antibiótico sistêmico e corticoides, podendo também ser utilizadas compressas de água morna para alívio dos sintomas.

Resposta correta.


O hordéolo consiste na infecção bacteriana que ocasiona inflamação das glândulas palpebrais. Quando a infecção ocorre nas glândulas de Moll e Zeis, é chamada de hordéolo externo; quando a infecção acomete as glândulas de Meibômio, caracteriza hordéolo interno. A meibomite é a inflamação palpebral envolvendo as glândulas de Meibômio, e o seu tratamento, por se tratar de doença infecciosa, consiste na associação de antibiótico sistêmico e corticoides, podendo também ser utilizadas compressas de água morna para alívio dos sintomas.

A alternativa correta e a "A".


O hordéolo consiste na infecção bacteriana que ocasiona inflamação das glândulas palpebrais. Quando a infecção ocorre nas glândulas de Moll e Zeis, é chamada de hordéolo externo; quando a infecção acomete as glândulas de Meibômio, caracteriza hordéolo interno. A meibomite é a inflamação palpebral envolvendo as glândulas de Meibômio, e o seu tratamento, por se tratar de doença infecciosa, consiste na associação de antibiótico sistêmico e corticoides, podendo também ser utilizadas compressas de água morna para alívio dos sintomas.

22. Com relação à celulite juvenil, assinale a alternativa correta.

A) A doença geralmente acomete cães idosos.

B) A doença manifesta-se como um inchaço agudo da face, envolvendo principalmente as pálpebras, os lábios e o focinho.

C) As pálpebras mostram-se dolorosas e há ocorrência prurido.

d) Trata-se de uma doença que ocorre sobretudo em cães das raças Pastor Alemão e Dobermann.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".


A celulite juvenil acomete cães jovens. As pálpebras apresentam-se dolorosas; porém, geralmente não há prurido. As raças predispostas à ocorrência da celulite juvenil são Dachshund, Golden Retriever, Labrador Retriever, Setter Gordon e Lhasa Apso.

Resposta correta.


A celulite juvenil acomete cães jovens. As pálpebras apresentam-se dolorosas; porém, geralmente não há prurido. As raças predispostas à ocorrência da celulite juvenil são Dachshund, Golden Retriever, Labrador Retriever, Setter Gordon e Lhasa Apso.

A alternativa correta e a "B".


A celulite juvenil acomete cães jovens. As pálpebras apresentam-se dolorosas; porém, geralmente não há prurido. As raças predispostas à ocorrência da celulite juvenil são Dachshund, Golden Retriever, Labrador Retriever, Setter Gordon e Lhasa Apso.

23. Com relação à dermatite atópica, assinale a alternativa correta.

A) Os sinais clínicos estão presentes durante o ano inteiro.

B) Cães da raça West Highland White Terrier são particularmente predispostos à doença.

C) O diagnóstico é realizado por meio unicamente de exames laboratoriais, já que outros testes não conseguem identificar a doença nem o alérgeno causador.

D) O único tratamento eficaz para a doença consiste no uso de compressas quentes e de pomadas de prednisona.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".


Na dermatite atópica, os alérgenos podem ou não ser sazonais, e os sinais clínicos, portanto, podem estar presentes somente em algumas épocas do ano. O diagnóstico baseia-se no histórico, no exame físico e no uso de testes intradérmicos e oculares, sendo o maior desafio a identificação do alérgeno, que, se descoberto, deve ser evitado. O tratamento pode ser realizado com compressas frias para reduzir o prurido ocular, e lubrificantes tópicos podem ser aplicados para corrigir a evaporação acelerada do filme lacrimal. Em casos mais graves, o uso de glicocorticoides tópicos ou sistêmicos e antibióticos é indicado, bem como o uso do colar elizabethano para evitar autotrauma. As pomadas de dexametasona e prednisona são bastante úteis nessas situações.

Resposta correta.


Na dermatite atópica, os alérgenos podem ou não ser sazonais, e os sinais clínicos, portanto, podem estar presentes somente em algumas épocas do ano. O diagnóstico baseia-se no histórico, no exame físico e no uso de testes intradérmicos e oculares, sendo o maior desafio a identificação do alérgeno, que, se descoberto, deve ser evitado. O tratamento pode ser realizado com compressas frias para reduzir o prurido ocular, e lubrificantes tópicos podem ser aplicados para corrigir a evaporação acelerada do filme lacrimal. Em casos mais graves, o uso de glicocorticoides tópicos ou sistêmicos e antibióticos é indicado, bem como o uso do colar elizabethano para evitar autotrauma. As pomadas de dexametasona e prednisona são bastante úteis nessas situações.

A alternativa correta e a "B".


Na dermatite atópica, os alérgenos podem ou não ser sazonais, e os sinais clínicos, portanto, podem estar presentes somente em algumas épocas do ano. O diagnóstico baseia-se no histórico, no exame físico e no uso de testes intradérmicos e oculares, sendo o maior desafio a identificação do alérgeno, que, se descoberto, deve ser evitado. O tratamento pode ser realizado com compressas frias para reduzir o prurido ocular, e lubrificantes tópicos podem ser aplicados para corrigir a evaporação acelerada do filme lacrimal. Em casos mais graves, o uso de glicocorticoides tópicos ou sistêmicos e antibióticos é indicado, bem como o uso do colar elizabethano para evitar autotrauma. As pomadas de dexametasona e prednisona são bastante úteis nessas situações.

24. Com relação às blefarites bacterianas, assinale a alternativa correta.

A) Os sintomas são inchaços e ulceração da pele das pálpebras, mas não há formação de crostas nem alopecia.

B) Em cães, a doença afeta apenas indivíduos adultos.

C) Em felinos, a blefarite bacteriana geralmente está associada a brigas e se caracteriza por formação de abscessos discretos e celulite difusa.

D) O tratamento é realizado por meio de compressas mornas e glicocorticoides sistêmicos.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".


Os sinais clínicos das blefarites bacterianas são hiperemia, inchaço, formação de crostas, ulceração da pele e da margem palpebral, alopecia e fibrose. A blefarite bacteriana afeta tanto cães adultos quanto filhotes. O tratamento é realizado com antibióticos tópicos ou sistêmicos, baseado em resultados de cultura e antibiograma.

Resposta correta.


Os sinais clínicos das blefarites bacterianas são hiperemia, inchaço, formação de crostas, ulceração da pele e da margem palpebral, alopecia e fibrose. A blefarite bacteriana afeta tanto cães adultos quanto filhotes. O tratamento é realizado com antibióticos tópicos ou sistêmicos, baseado em resultados de cultura e antibiograma.

A alternativa correta e a "C".


Os sinais clínicos das blefarites bacterianas são hiperemia, inchaço, formação de crostas, ulceração da pele e da margem palpebral, alopecia e fibrose. A blefarite bacteriana afeta tanto cães adultos quanto filhotes. O tratamento é realizado com antibióticos tópicos ou sistêmicos, baseado em resultados de cultura e antibiograma.

25. Quanto à blefarite micótica, assinale a alternativa correta.

A) A doença é comum em felinos e não afeta cães.

B) As lesões não apresentam crostas nem perda de pelos ou de cílios.

C) O diagnóstico é feito mediante inspeção visual e cultura em laboratório.

D) No tratamento, pode-se utilizar iodopovidona para higienização em conjunto com um antifúngico tópico e antifúngicos sistêmicos em caso de infecção persistente.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


A blefarite micótica é uma doença mais comum em felinos, mas é também frequente em cães. As suas lesões são áreas alopécicas circulares, ovais ou com formato irregular, as quais são hiperêmicas e crostosas, e é frequente a observação de foliculite associada. O diagnóstico é confirmado pela coloração de Gram ou Giemsa de raspados cutâneos ou pela cultura fúngica em ágar Sabouraud.

Resposta correta.


A blefarite micótica é uma doença mais comum em felinos, mas é também frequente em cães. As suas lesões são áreas alopécicas circulares, ovais ou com formato irregular, as quais são hiperêmicas e crostosas, e é frequente a observação de foliculite associada. O diagnóstico é confirmado pela coloração de Gram ou Giemsa de raspados cutâneos ou pela cultura fúngica em ágar Sabouraud.

A alternativa correta e a "D".


A blefarite micótica é uma doença mais comum em felinos, mas é também frequente em cães. As suas lesões são áreas alopécicas circulares, ovais ou com formato irregular, as quais são hiperêmicas e crostosas, e é frequente a observação de foliculite associada. O diagnóstico é confirmado pela coloração de Gram ou Giemsa de raspados cutâneos ou pela cultura fúngica em ágar Sabouraud.

26. Com relação à eversão da cartilagem da terceira pálpebra, assinale a alternativa correta.

A) É uma condição sempre unilateral.

B) É uma doença que acomete cães idosos de raças pequenas.

C) Apesar de comum em cães, acomete principalmente felinos.

D) Pode ser diferenciada de um prolapso da glândula lacrimal da terceira pálpebra pela convexidade brilhante da cartilagem, que fica bastante visível através da superfície conjuntival.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


A eversão da lâmina de cartilagem em formato de T, que promove a sustentação da terceira pálpebra, é uma condição uni ou bilateral, mais comumente reconhecida em cães jovens e de raças grandes. Pode acometer felinos, mas com menos frequência, provavelmente em razão das diferenças anatômicas e histológicas entre as cartilagens da terceira pálpebra de gatos e cães.

Resposta correta.


A eversão da lâmina de cartilagem em formato de T, que promove a sustentação da terceira pálpebra, é uma condição uni ou bilateral, mais comumente reconhecida em cães jovens e de raças grandes. Pode acometer felinos, mas com menos frequência, provavelmente em razão das diferenças anatômicas e histológicas entre as cartilagens da terceira pálpebra de gatos e cães.

A alternativa correta e a "D".


A eversão da lâmina de cartilagem em formato de T, que promove a sustentação da terceira pálpebra, é uma condição uni ou bilateral, mais comumente reconhecida em cães jovens e de raças grandes. Pode acometer felinos, mas com menos frequência, provavelmente em razão das diferenças anatômicas e histológicas entre as cartilagens da terceira pálpebra de gatos e cães.

27. Quanto ao prolapso da glândula da terceira pálpebra, assinale a alternativa correta.

A) É uma afecção comum em felinos, mas extremamente rara em cães.

B) É mais comum que ocorra unilateralmente.

C) Tanto em cães quanto em gatos, ocorre apenas em animais idosos.

D) O tratamento indicado na maioria dos casos é a remoção da glândula prolapsada.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".


O prolapso da glândula é a afecção mais comum da terceira pálpebra em cães, sendo relativamente incomum em gatos. Em cães, é mais frequente que o prolapso da glândula ocorra até 1 ano de vida; contudo, animais adultos podem ser acometidos. Em felinos, a idade pode variar de 2,5 a 6 anos, conforme estudos descritos na literatura, e, em gatos filhotes, somente foram relatados casos em que havia anormalidades oculares congênitas de forma concomitante ao prolapso. A remoção da glândula prolapsada é contraindicada para evitar ceratoconjuntivite seca, e o tratamento preconizado é o reposicionamento da glândula da terceira pálpebra.

Resposta correta.


O prolapso da glândula é a afecção mais comum da terceira pálpebra em cães, sendo relativamente incomum em gatos. Em cães, é mais frequente que o prolapso da glândula ocorra até 1 ano de vida; contudo, animais adultos podem ser acometidos. Em felinos, a idade pode variar de 2,5 a 6 anos, conforme estudos descritos na literatura, e, em gatos filhotes, somente foram relatados casos em que havia anormalidades oculares congênitas de forma concomitante ao prolapso. A remoção da glândula prolapsada é contraindicada para evitar ceratoconjuntivite seca, e o tratamento preconizado é o reposicionamento da glândula da terceira pálpebra.

A alternativa correta e a "B".


O prolapso da glândula é a afecção mais comum da terceira pálpebra em cães, sendo relativamente incomum em gatos. Em cães, é mais frequente que o prolapso da glândula ocorra até 1 ano de vida; contudo, animais adultos podem ser acometidos. Em felinos, a idade pode variar de 2,5 a 6 anos, conforme estudos descritos na literatura, e, em gatos filhotes, somente foram relatados casos em que havia anormalidades oculares congênitas de forma concomitante ao prolapso. A remoção da glândula prolapsada é contraindicada para evitar ceratoconjuntivite seca, e o tratamento preconizado é o reposicionamento da glândula da terceira pálpebra.

28. A protrusão da terceira pálpebra é uma condição que pode ter associação com alterações oculares, fora do globo ocular e até mesmo sistêmicas. É necessário estar atento a outros sinais clínicos que possam auxiliar no diagnóstico diferencial. Com relação a essa afecção, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

Miose, ptose palpebral, enoftalmia e protrusão da terceira pálpebra são os sinais clássicos da síndrome de Horner, caracterizada pela perda da inervação simpática para o globo ocular e seus anexos.

A síndrome de Horner é a única causa neurológica de anisocoria que se torna mais pronunciada no escuro.

Quanto aos testes farmacológicos, em casos de suspeita de síndrome de Horner ou síndrome de Haw, o colírio instilado é a pilocarpina, enquanto, em casos de disautonomia, a fenilefrina é empregada.

Na disautonomia, que consiste na degeneração neuronal do sistema nervoso autônomo, envolvendo sistema simpático e parassimpático, os sinais oculares incluem pupilas dilatadas e não responsivas ao estímulo luminoso, protrusão da membrana nictitante e redução da produção lacrimal.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) F — V — F — F

B) V — F — V — V

C) V — V — F — V

D) F — F — V — F

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".


Nas síndromes de Horner e Haw, o princípio do teste farmacológico é o mesmo, e o colírio utilizado é à base de fenilefrina e epinefrina respectivamente. A diferença é que se espera a dilatação da pupila na primeira e a correção da posição da terceira pálpebra na segunda. Em quadros de disautonomia, ocorre a degeneração neuronal do sistema nervoso autônomo, envolvendo sistema simpático e parassimpático. Há degeneração dos neurônios pós-ganglionares, o que resulta em maior sensibilidade a agentes como a pilocarpina. Ou seja, após a instilação de solução oftálmica de pilocarpina diluída, a ocorrência de miose é consistente com o diagnóstico de disautonomia, somada aos sinais clínicos que levaram a essa suspeita.

Resposta correta.


Nas síndromes de Horner e Haw, o princípio do teste farmacológico é o mesmo, e o colírio utilizado é à base de fenilefrina e epinefrina respectivamente. A diferença é que se espera a dilatação da pupila na primeira e a correção da posição da terceira pálpebra na segunda. Em quadros de disautonomia, ocorre a degeneração neuronal do sistema nervoso autônomo, envolvendo sistema simpático e parassimpático. Há degeneração dos neurônios pós-ganglionares, o que resulta em maior sensibilidade a agentes como a pilocarpina. Ou seja, após a instilação de solução oftálmica de pilocarpina diluída, a ocorrência de miose é consistente com o diagnóstico de disautonomia, somada aos sinais clínicos que levaram a essa suspeita.

A alternativa correta e a "C".


Nas síndromes de Horner e Haw, o princípio do teste farmacológico é o mesmo, e o colírio utilizado é à base de fenilefrina e epinefrina respectivamente. A diferença é que se espera a dilatação da pupila na primeira e a correção da posição da terceira pálpebra na segunda. Em quadros de disautonomia, ocorre a degeneração neuronal do sistema nervoso autônomo, envolvendo sistema simpático e parassimpático. Há degeneração dos neurônios pós-ganglionares, o que resulta em maior sensibilidade a agentes como a pilocarpina. Ou seja, após a instilação de solução oftálmica de pilocarpina diluída, a ocorrência de miose é consistente com o diagnóstico de disautonomia, somada aos sinais clínicos que levaram a essa suspeita.

29. Com relação ao adenocarcinoma da terceira pálpebra, assinale a alternativa correta.

A) É a neoplasia mais comum da glândula da terceira pálpebra em cães e gatos.

B) A aparência é de uma lesão irregular de coloração branca ou cinzenta.

C) É um tumor pouco invasivo, que geralmente não apresenta metástases.

D) O tratamento é realizado com quimioterapia, e a remoção da glândula nictitante é contraindicada.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".


O adenocarcinoma apresenta-se com aparência lobulada, lisa, firme e rosada, sendo um tumor localmente invasivo, que pode deslocar o globo ocular. A recorrência local é frequente após a excisão cirúrgica, e, além disso, podem ocorrer metástases, principalmente nos pulmões e nos linfonodos regionais. Embora a glândula nictitante execute um papel imprescindível na produção do filme lacrimal, é recomendada a excisão completa da terceira pálpebra. Contudo, quando a massa é extensa e causa dúvidas em relação à sua infiltração na órbita, é interessante a realização de exames de imagem, como a ultrassonografia. Em casos de envolvimento de outras estruturas orbitais, a exenteração é recomendada.

Resposta correta.


O adenocarcinoma apresenta-se com aparência lobulada, lisa, firme e rosada, sendo um tumor localmente invasivo, que pode deslocar o globo ocular. A recorrência local é frequente após a excisão cirúrgica, e, além disso, podem ocorrer metástases, principalmente nos pulmões e nos linfonodos regionais. Embora a glândula nictitante execute um papel imprescindível na produção do filme lacrimal, é recomendada a excisão completa da terceira pálpebra. Contudo, quando a massa é extensa e causa dúvidas em relação à sua infiltração na órbita, é interessante a realização de exames de imagem, como a ultrassonografia. Em casos de envolvimento de outras estruturas orbitais, a exenteração é recomendada.

A alternativa correta e a "A".


O adenocarcinoma apresenta-se com aparência lobulada, lisa, firme e rosada, sendo um tumor localmente invasivo, que pode deslocar o globo ocular. A recorrência local é frequente após a excisão cirúrgica, e, além disso, podem ocorrer metástases, principalmente nos pulmões e nos linfonodos regionais. Embora a glândula nictitante execute um papel imprescindível na produção do filme lacrimal, é recomendada a excisão completa da terceira pálpebra. Contudo, quando a massa é extensa e causa dúvidas em relação à sua infiltração na órbita, é interessante a realização de exames de imagem, como a ultrassonografia. Em casos de envolvimento de outras estruturas orbitais, a exenteração é recomendada.

30. Acerca das neoplasias de endotélio vascular, assinale a alternativa correta.

A) Os hemangiomas são neoplasias malignas, enquanto os hemangiossarcomas são, em geral, benignos.

B) Os hemangiomas caracterizam-se por serem células endoteliais pouco diferenciadas, com falta de capilares bem desenvolvidos e alto grau de invasividade.

C) A diferenciação entre hemangioma e hemangiossarcoma é fácil, pois, ao contrário do que ocorre com o hemangioma, o hemangiossarcoma sangra facilmente ao manuseio.

D) O tratamento depende da extensão e da infiltração do tumor e baseia-se na remoção cirúrgica, por vezes, acompanhada de crioterapia.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".


Os hemangiomas são neoplasias benignas que consistem em capilares bem diferenciados, células fusiformes hipercromáticas pleomórficas e feixes de colágeno hialinizado bem proeminentes, enquanto os hemangiossarcomas são neoplasias malignas que consistem em células endoteliais pouco diferenciadas, com falta de capilares bem desenvolvidos e alto grau de invasividade. A aparência clínica de ambos os tipos neoplásicos é semelhante, consistindo em uma massa vermelha, geralmente pequena, exofítica, friável e que sangra facilmente ao manuseio. Por essa semelhança, a diferenciação dos dois tipos tumorais é feita pela análise histopatológica.

Resposta correta.


Os hemangiomas são neoplasias benignas que consistem em capilares bem diferenciados, células fusiformes hipercromáticas pleomórficas e feixes de colágeno hialinizado bem proeminentes, enquanto os hemangiossarcomas são neoplasias malignas que consistem em células endoteliais pouco diferenciadas, com falta de capilares bem desenvolvidos e alto grau de invasividade. A aparência clínica de ambos os tipos neoplásicos é semelhante, consistindo em uma massa vermelha, geralmente pequena, exofítica, friável e que sangra facilmente ao manuseio. Por essa semelhança, a diferenciação dos dois tipos tumorais é feita pela análise histopatológica.

A alternativa correta e a "D".


Os hemangiomas são neoplasias benignas que consistem em capilares bem diferenciados, células fusiformes hipercromáticas pleomórficas e feixes de colágeno hialinizado bem proeminentes, enquanto os hemangiossarcomas são neoplasias malignas que consistem em células endoteliais pouco diferenciadas, com falta de capilares bem desenvolvidos e alto grau de invasividade. A aparência clínica de ambos os tipos neoplásicos é semelhante, consistindo em uma massa vermelha, geralmente pequena, exofítica, friável e que sangra facilmente ao manuseio. Por essa semelhança, a diferenciação dos dois tipos tumorais é feita pela análise histopatológica.

31. Observe as afirmativas sobre os traumas e os corpos estranhos na terceira pálpebra.

I. Até mesmo lesões pequenas na terceira pálpebra devem ser suturadas.

II. A presença de corpos estranhos alojados na terceira pálpebra pode ocasionar inflamação e ulceração persistente da córnea.

III. Geralmente, os corpos estranhos alojados na terceira pálpebra estão pouco incorporados e podem ser removidos com uma pinça após a instilação de um anestésico tópico.

Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I.

B) Apenas a I e a II.

C) Apenas a II e a III.

D) Apenas a III.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".


Traumas no canto medial do olho podem resultar em lacerações na terceira pálpebra, as quais, caso sejam pequenas, cicatrizam espontaneamente. Já lesões mais extensas devem ser suturadas, devendo-se ter o cuidado de não deixar suturas ou nós onde possam ter contato com a córnea para evitar possíveis úlceras.

Resposta correta.


Traumas no canto medial do olho podem resultar em lacerações na terceira pálpebra, as quais, caso sejam pequenas, cicatrizam espontaneamente. Já lesões mais extensas devem ser suturadas, devendo-se ter o cuidado de não deixar suturas ou nós onde possam ter contato com a córnea para evitar possíveis úlceras.

A alternativa correta e a "C".


Traumas no canto medial do olho podem resultar em lacerações na terceira pálpebra, as quais, caso sejam pequenas, cicatrizam espontaneamente. Já lesões mais extensas devem ser suturadas, devendo-se ter o cuidado de não deixar suturas ou nós onde possam ter contato com a córnea para evitar possíveis úlceras.

Caso clínico

Um cão macho, da raça Beagle, com 2 anos de idade, foi encaminhado ao Serviço de Oftalmologia Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com histórico de uma “massa avermelhada” no olho direito (OD) há 10 dias. Além disso, o tutor relatou que não havia feito nenhum tratamento até o momento. No exame clínico geral, não foram notadas alterações evidentes no paciente.

No exame oftálmico, foi possível observar hiperemia conjuntival, desconforto ocular, secreção ocular, epífora e lesão na córnea do olho esquerdo (OE). O teste da lágrima de Schirmer em ambos os olhos foi de 18mm/min. Com tonômetro de rebote, foi feita a avaliação da pressão intraocular. Em ambos os olhos, a pressão intraocular estava normal. Com uma lâmpada de fenda portátil, foi possível observar prolapso da glândula da terceira pálpebra no OD. A Figura 12 ilustra o aspecto da alteração no OD. No OE, não foram observadas alterações oculares.

FIGURA 12: Cão da raça Beagle com 2 anos de idade. Observa-se o aspecto da glândula da terceira pálpebra prolapsada. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

ATIVIDADES

32. Na situação apresentada no caso clínico, qual tratamento deve ser indicado?

Confira aqui a resposta

Na situação descrita no caso clínico, é indicada a cirurgia para o reposicionamento da glândula prolapsada.

Resposta correta.


Na situação descrita no caso clínico, é indicada a cirurgia para o reposicionamento da glândula prolapsada.

Na situação descrita no caso clínico, é indicada a cirurgia para o reposicionamento da glândula prolapsada.

Tratamento

Foi indicado o reposicionamento cirúrgico da glândula prolapsada. Três dias antes do procedimento cirúrgico, foi prescrito colírio antibiótico à base de tobramicina e dexametasona a cada 4 horas, durante 7 dias. O paciente foi encaminhado para coleta de sangue. O hemograma e os exames bioquímicos estavam dentro da normalidade. O paciente foi submetido à anestesia geral e, com auxílio de microscópio cirúrgico e instrumental adequado, foi realizado reposicionamento cirúrgico da glândula prolapsada. Durante todo o procedimento cirúrgico, o paciente recebeu, por via intravenosa, Ringer com lactato de sódio.

Foi prescrito analgésico sistêmico durante 5 dias e indicado colar elisabetano durante 7 dias. O paciente era examinado regularmente, e não foi observada recidiva em até 60 dias após o procedimento (Figura 13).

FIGURA 13: Paciente do caso clínico 2 meses após o procedimento cirúrgico. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

ATIVIDADES

33. Na situação descrita no caso clínico, por que não deve ser feita a remoção cirúrgica da glândula prolapsada?

Confira aqui a resposta

A glândula da terceira pálpebra não deve ser removida, pois é responsável pela produção de cerca de 45% da porção aquosa da lágrima. A glândula deve sempre ser reposicionada para mantê-la na sua posição anatômica. A remoção da glândula da terceira pálpebra predispõe o paciente à ceratoconjuntivite seca.

Resposta correta.


A glândula da terceira pálpebra não deve ser removida, pois é responsável pela produção de cerca de 45% da porção aquosa da lágrima. A glândula deve sempre ser reposicionada para mantê-la na sua posição anatômica. A remoção da glândula da terceira pálpebra predispõe o paciente à ceratoconjuntivite seca.

A glândula da terceira pálpebra não deve ser removida, pois é responsável pela produção de cerca de 45% da porção aquosa da lágrima. A glândula deve sempre ser reposicionada para mantê-la na sua posição anatômica. A remoção da glândula da terceira pálpebra predispõe o paciente à ceratoconjuntivite seca.

34. Qual é o prognóstico da afecção do paciente do caso clínico?

Confira aqui a resposta

O prognóstico da afecção do paciente do caso clínico é favorável. Trata-se de uma afecção benigna frequentemente diagnosticada em cães.

Resposta correta.


O prognóstico da afecção do paciente do caso clínico é favorável. Trata-se de uma afecção benigna frequentemente diagnosticada em cães.

O prognóstico da afecção do paciente do caso clínico é favorável. Trata-se de uma afecção benigna frequentemente diagnosticada em cães.

Conclusão

As afecções das pálpebras e da terceira pálpebra são frequentemente diagnosticadas em cães e gatos. Além do desconforto ocular, essas lesões podem levar à perda da visão e à necessidade, muitas vezes, de remoção do globo ocular. Portanto, é extremamente importante que o médico veterinário esteja informado a respeito das principais afecções das pálpebras e da terceira pálpebra que acometem cães e gatos.

Atividades: Respostas

Atividade 1 // Resposta: D

Comentário: A pálpebra superior é mais móvel e cerca de 2 a 5mm mais extensa do que a pálpebra inferior. As pálpebras superior e inferior são divididas em quatro camadas:

  • pele, a mais externa;
  • camada muscular, que abriga o músculo orbicular;
  • terceira camada, composta pelo estroma e pelo tarso, ou placa tarsal;
  • camada mais interna, formada pela conjuntiva palpebral.

Atividade 2 // Resposta: D

Comentário: O fechamento palpebral ocorre em decorrência da contração do músculo orbicular. A abertura da pálpebra superior ocorre, principalmente, pelo relaxamento do músculo orbicular acompanhado da contração do músculo elevador palpebral superior juntamente com o músculo levantador medial do ângulo do olho, também conhecido como músculo de Müller, e outros músculos superficiais da face. O músculo malar realiza a abertura da pálpebra inferior.

Atividade 3 // Resposta: A

Comentário: A conjuntivite neonatal não é sinônimo de anquilobléfaro, mas sim um possível diagnóstico diferencial. Nela, além de não ocorrer a abertura da fissura palpebral, também há a ocorrência de aumento de volume no local devido ao acúmulo de exsudato. O tratamento do anquilobléfaro inicialmente se dá por meio de massagem na área da fissura palpebral, de maneira gentil e cuidadosa, até desfazer a aderência e, caso essa conduta não dê resultado, utiliza-se uma pinça mosquito para realizar a separação. Em alguns casos, pode ser necessária uma incisão.

Atividade 4 // Resposta: C

Comentário: A agenesia palpebral é uma afecção congênita mais frequentemente diagnosticada em felinos. A região mais afetada em gatos é a porção lateral da pálpebra superior. Com relação ao tratamento da agenesia palpebral, quando o defeito é pequeno e não causa desconforto ocular, preconiza-se o uso tópico de lubrificantes oculares. No entanto, em casos mais graves, em que existe desconforto e dano a estruturas adjacentes, será necessária intervenção cirúrgica para reconstrução palpebral.

Atividade 5 // Resposta: D

Comentário: Apesar de rara em gatos, a distiquíase pode afetar essa espécie. Os animais com distiquíase são predispostos a ter cílios ectópicos na conjuntiva. Os cílios ectópicos emergem na conjuntiva palpebral e estão em contato direto com a córnea. Dessa forma, estão quase sempre associados à irritação da superfície ocular.

Atividade 6 // Resposta: C

Comentário: Apesar de ser rara, a distiquíase pode acometer gatos. Normalmente, acomete as pálpebras bilateralmente, e a pálpebra superior é mais afetada do que a inferior. Para o tratamento da distiquíase, são utilizados alguns procedimentos cirúrgicos, como eletroepilação, crioterapia e eletrocauterização.

Atividade 7 // Resposta: A

Comentário: Os cílios são frequentemente encontrados na conjuntiva da pálpebra superior, em posição de 12 horas, podendo também ocorrer em outras localizações. Essa condição afeta principalmente cães das raças Pequinês, Shih Tzu, Cavalier King Charles Spaniel, Boxer, Buldogue Inglês, Poodle e Jack Russell Terrier. O tratamento dos cílios ectópicos consiste na ressecção do cílio conjuntamente com seu folículo.

Atividade 8 // Resposta: D

Comentário: A triquiase ocorre em muitas raças braquicefálicas de forma hereditária. Em raças como Shih Tzu, Lhasa Apso e Pequinês, a presença de dobras nasais com pelos é uma característica desejável como padrão de raça. Essa conformação pode ou não acarretar problemas futuros.

Atividade 9 // Resposta: D

Comentário: Em animais muito jovens com entrópio severo, especialmente aqueles com menos de 12 semanas de vida, quando não há possibilidade de aguardar o seu desenvolvimento sem grandes riscos de dano ocular, opta-se pela realização da blefaropexia temporária.

Atividade 10 // Resposta: A

Comentário: A apresentação clínica chamada de olho de diamante ocorre em casos mais severos, quando a região central da pálpebra inferior está evertida e, por sua longa extensão (macrobléfaro), ocorre, também, a inversão dos cantos lateral e medial, caracterizando entrópio nesses locais. O tratamento do ectrópio nem sempre é cirúrgico, podendo ser feito pelo uso de colírios lubrificantes a longo prazo em casos leves. Quando há necessidade de cirurgia, preferencialmente se aguarda o crescimento completo do esqueleto do animal, por volta dos 2 a 2,5 anos de vida. A correção em “excesso” pode ocasionar entrópio, condição ainda mais nociva do que o ectrópio para a superfície ocular. A técnica cirúrgica mais empregada no tratamento do ectrópio é a de Kuhnt-Szymanowski. Vale lembrar que, em quadros mais complexos, é necessário pensar em modificações e associações, sendo importante a experiência do cirurgião.

Atividade 11 // Resposta: C

Comentário: As raças predispostas a macrobléfaro são as grandes e gigantes, enquanto o microbléfaro acomete normalmente raças pequenas, como o Pinscher em miniatura, e raças grandes, como o Chow Chow. O entrópio de pálpebra superior ou inferior geralmente acompanha casos de microbléfaro.

Atividade 12 // Resposta: B

Comentário: As neoplasias palpebrais em felinos são menos comuns do que nos cães, em maioria, malignas, e afetam mais gatos idosos do que gatos jovens. São mais frequentes em cães idosos, embora existam exceções, como papilomas e histiocitomas, que ocorrem com mais frequência em cães mais jovens. Não há predisposição sexual para o desenvolvimento de massas oculares em cães e gatos.

Atividade 13 // Resposta: D

Comentário: O CCEcarcinoma de células escamosas tem predisposição para gatos brancos em razão da maior suscetibilidade a raios ultravioletas.

Atividade 14 // Resposta: C

Comentário: Os tumores das glândulas de Meibômio são mais frequentemente diagnosticados nas pálpebras de cães e raros em outras espécies. Embora possam apresentar crescimento rápido ou até mesmo características histologicamente malignas, o comportamento clínico tende a ser benigno. Os adenomas são neoplasias benignas encontradas nas glândulas tarsais, com grande frequência, em cães de idade média a avançada.

Atividade 15 // Resposta: D

Comentário: Os epiteliomas são compostos, em sua maior parte, por células basais indiferenciadas, com rara diferenciação sebácea ou escamosa, e possuem maior tendência a serem pigmentados. Quando comparados aos adenomas, os epiteliomas são maiores e mais predispostos a estarem profundamente inseridos na margem palpebral.

Atividade 16 // Resposta: C

Comentário: O CCEcarcinoma de células escamosas é uma neoplasia comum em felinos, mas rara em cães. Em gatos, tende a se manifestar como uma lesão ulcerativa, enquanto, em cães, pode apresentar superfície proliferativa ou ulcerativa. O tratamento do CCEcarcinoma de células escamosas consiste na remoção cirúrgica, que pode ser associada a técnicas como crioterapia, irradiação β, irradiação γ, hipertermia por radiofrequência, imunoterapia e quimioterapia intralesional. Em casos de extenso envolvimento periocular, a exenteração pode ser indicada.

Atividade 17 // Resposta: D

Comentário: O CBCcarcinoma basocelular é uma neoplasia rara, benigna, multilobulada e geralmente pigmentada, presente na pálpebra dos animais, a qual surge das células basais do epitélio e anexos. As lesões causadas por essa neoplasia caracterizam-se como arredondadas e bem circunscritas, mas com tendência à ulceração.

Atividade 18 // Resposta: D

Comentário: A graduação morfológica dos mastocitomas em cães divide-se em três graus, sendo o grau 1 o mais benigno, caracterizado por um nódulo circunscrito bem definido, localizado inteiramente dentro da derme, que apresenta padrões de uma neoplasia bem diferenciada, com nenhuma atividade mitótica. O mastocitoma de grau 2 manifesta características intermediárias entre o grau 1 e 3, que se caracteriza por estender-se profundamente no tecido subcutâneo, pode não estar presente na derme e apresenta células anaplásicas, que podem não ser facilmente identificadas como mastócitos, e intensa atividade mitótica.

Atividade 19 // Resposta: B

Comentário: O linfoma afeta animais de meia idade a idosos, tendo uma média de 9 anos de idade em cães e 8 anos em gatos. Como se trata de uma doença sistêmica, a sua terapia não pode ser pensada levando-se em consideração apenas as pálpebras.

Atividade 20 // Resposta: B

Comentário: O hidrocistoma palpebral apócrino consiste em uma formação benigna que pode estar presente na pálpebra de felinos. Estudos indicam predisposição racial, especialmente em gatos da raça Persa.

Atividade 21 // Resposta: A

Comentário: O hordéolo consiste na infecção bacteriana que ocasiona inflamação das glândulas palpebrais. Quando a infecção ocorre nas glândulas de Moll e Zeis, é chamada de hordéolo externo; quando a infecção acomete as glândulas de Meibômio, caracteriza hordéolo interno. A meibomite é a inflamação palpebral envolvendo as glândulas de Meibômio, e o seu tratamento, por se tratar de doença infecciosa, consiste na associação de antibiótico sistêmico e corticoides, podendo também ser utilizadas compressas de água morna para alívio dos sintomas.

Atividade 22 // Resposta: B

Comentário: A celulite juvenil acomete cães jovens. As pálpebras apresentam-se dolorosas; porém, geralmente não há prurido. As raças predispostas à ocorrência da celulite juvenil são Dachshund, Golden Retriever, Labrador Retriever, Setter Gordon e Lhasa Apso.

Atividade 23 // Resposta: B

Comentário: Na dermatite atópica, os alérgenos podem ou não ser sazonais, e os sinais clínicos, portanto, podem estar presentes somente em algumas épocas do ano. O diagnóstico baseia-se no histórico, no exame físico e no uso de testes intradérmicos e oculares, sendo o maior desafio a identificação do alérgeno, que, se descoberto, deve ser evitado. O tratamento pode ser realizado com compressas frias para reduzir o prurido ocular, e lubrificantes tópicos podem ser aplicados para corrigir a evaporação acelerada do filme lacrimal. Em casos mais graves, o uso de glicocorticoides tópicos ou sistêmicos e antibióticos é indicado, bem como o uso do colar elizabethano para evitar autotrauma. As pomadas de dexametasona e prednisona são bastante úteis nessas situações.

Atividade 24 // Resposta: C

Comentário: Os sinais clínicos das blefarites bacterianas são hiperemia, inchaço, formação de crostas, ulceração da pele e da margem palpebral, alopecia e fibrose. A blefarite bacteriana afeta tanto cães adultos quanto filhotes. O tratamento é realizado com antibióticos tópicos ou sistêmicos, baseado em resultados de cultura e antibiograma.

Atividade 25 // Resposta: D

Comentário: A blefarite micótica é uma doença mais comum em felinos, mas é também frequente em cães. As suas lesões são áreas alopécicas circulares, ovais ou com formato irregular, as quais são hiperêmicas e crostosas, e é frequente a observação de foliculite associada. O diagnóstico é confirmado pela coloração de Gram ou Giemsa de raspados cutâneos ou pela cultura fúngica em ágar Sabouraud.

Atividade 26 // Resposta: D

Comentário: A eversão da lâmina de cartilagem em formato de T, que promove a sustentação da terceira pálpebra, é uma condição uni ou bilateral, mais comumente reconhecida em cães jovens e de raças grandes. Pode acometer felinos, mas com menos frequência, provavelmente em razão das diferenças anatômicas e histológicas entre as cartilagens da terceira pálpebra de gatos e cães.

Atividade 27 // Resposta: B

Comentário: O prolapso da glândula é a afecção mais comum da terceira pálpebra em cães, sendo relativamente incomum em gatos. Em cães, é mais frequente que o prolapso da glândula ocorra até 1 ano de vida; contudo, animais adultos podem ser acometidos. Em felinos, a idade pode variar de 2,5 a 6 anos, conforme estudos descritos na literatura, e, em gatos filhotes, somente foram relatados casos em que havia anormalidades oculares congênitas de forma concomitante ao prolapso. A remoção da glândula prolapsada é contraindicada para evitar ceratoconjuntivite seca, e o tratamento preconizado é o reposicionamento da glândula da terceira pálpebra.

Atividade 28 // Resposta: C

Comentário: Nas síndromes de Horner e Haw, o princípio do teste farmacológico é o mesmo, e o colírio utilizado é à base de fenilefrina e epinefrina respectivamente. A diferença é que se espera a dilatação da pupila na primeira e a correção da posição da terceira pálpebra na segunda. Em quadros de disautonomia, ocorre a degeneração neuronal do sistema nervoso autônomo, envolvendo sistema simpático e parassimpático. Há degeneração dos neurônios pós-ganglionares, o que resulta em maior sensibilidade a agentes como a pilocarpina. Ou seja, após a instilação de solução oftálmica de pilocarpina diluída, a ocorrência de miose é consistente com o diagnóstico de disautonomia, somada aos sinais clínicos que levaram a essa suspeita.

Atividade 29 // Resposta: A

Comentário: O adenocarcinoma apresenta-se com aparência lobulada, lisa, firme e rosada, sendo um tumor localmente invasivo, que pode deslocar o globo ocular. A recorrência local é frequente após a excisão cirúrgica, e, além disso, podem ocorrer metástases, principalmente nos pulmões e nos linfonodos regionais. Embora a glândula nictitante execute um papel imprescindível na produção do filme lacrimal, é recomendada a excisão completa da terceira pálpebra. Contudo, quando a massa é extensa e causa dúvidas em relação à sua infiltração na órbita, é interessante a realização de exames de imagem, como a ultrassonografia. Em casos de envolvimento de outras estruturas orbitais, a exenteração é recomendada.

Atividade 30 // Resposta: D

Comentário: Os hemangiomas são neoplasias benignas que consistem em capilares bem diferenciados, células fusiformes hipercromáticas pleomórficas e feixes de colágeno hialinizado bem proeminentes, enquanto os hemangiossarcomas são neoplasias malignas que consistem em células endoteliais pouco diferenciadas, com falta de capilares bem desenvolvidos e alto grau de invasividade. A aparência clínica de ambos os tipos neoplásicos é semelhante, consistindo em uma massa vermelha, geralmente pequena, exofítica, friável e que sangra facilmente ao manuseio. Por essa semelhança, a diferenciação dos dois tipos tumorais é feita pela análise histopatológica.

Atividade 31 // Resposta: C

Comentário: Traumas no canto medial do olho podem resultar em lacerações na terceira pálpebra, as quais, caso sejam pequenas, cicatrizam espontaneamente. Já lesões mais extensas devem ser suturadas, devendo-se ter o cuidado de não deixar suturas ou nós onde possam ter contato com a córnea para evitar possíveis úlceras.

Atividade 32

RESPOSTA: Na situação descrita no caso clínico, é indicada a cirurgia para o reposicionamento da glândula prolapsada.

Atividade 33

RESPOSTA: A glândula da terceira pálpebra não deve ser removida, pois é responsável pela produção de cerca de 45% da porção aquosa da lágrima. A glândula deve sempre ser reposicionada para mantê-la na sua posição anatômica. A remoção da glândula da terceira pálpebra predispõe o paciente à ceratoconjuntivite seca.

Atividade 34

RESPOSTA: O prognóstico da afecção do paciente do caso clínico é favorável. Trata-se de uma afecção benigna frequentemente diagnosticada em cães.

Referências

1. Samuelson DA. Ophthalmic anatomy. In: Gelatt K, Gilger BC, Kern TJ, editors. Veterinary ophthalmology. 5th ed. Ames: Wiley-Blackwell; 2013. p. 39–170.

2. Hendrix DVH. Diseases and surgery of the canine conjunctiva and nictitating membrane. In: Gelatt K, Gilger BC, Kern TJ, editors. Veterinary ophthalmology. 5th ed. Ames: Wiley-Blackwell; 2013. p. 945–75.

3. Stades FC, van der Woerdt A. Diseases and surgery of the canine eyelid. In: Gelatt K, Gilger BC, Kern TJ, editors. Veterinary ophthalmology. 5th ed. Ames: Wiley-Blackwell; 2013. p. 832–93.

4. Dubielzig RR, Ketring KL, Albert DM. Diseases of the eyelids and conjunctiva. In: Dubielzig RR, Ketring KL, McLellan GJ, Albert DM, editors. Veterinary ocular pathology: a comparative review. Philadelphia: Saunders; 2010. p. 143–99.

5. Gómez AP, Mazzucchelli S, Scurrell E, Smith K, Lacerda RP. Evaluation of partial tarsal plate excision using a transconjunctival approach for the treatment of distichiasis in dogs. Vet Ophthalmol. 2020 May;23(3):506–14. https://doi.org/10.1111/vop.12748

6. Laus JL, Vicentini FAM, Bolzan AA, Galera PD, Sanches RC. Método de stades para correção da triquíase-entrópio da pálpebra superior: resultados e acompanhamento de 21 casos. Cienc Rural. 2000 Jul–Ago;30(4):651–54. https://doi.org/10.1590/S0103-84782000000400015

7. Serrano C, Rodríguez J. Nonsutured hotz-celsus technique performed by CO2 laser in two dogs and two cats. Vet Ophthalmol. 2014 May;17(3):228–32. https://doi.org/10.1111/vop.12093

8. Saraiva IQ, Delgado E. Congenital ocular malformations in dogs and cats: 123 cases. Vet Ophthalmol. 2020 Nov;23(6):964–78. https://doi.org/10.1111/vop.12836

9. Aquino SM. Management of eyelid neoplasms in the dog and cat. Clin Tech Small Anim Pract. 2007 May;22(2):46–54. https://doi.org/10.1053/j.ctsap.2007.03.001

10. Olbertz L. Levantamento clínico-epidemiológico com análise morfológica das principais neoplasias oculares em cães [dissertação]. Curitiba: Universidade Federal do Paraná; 2012.

11. Hesse KL, Fredo G, Guimarães LLB, Reis MO, Pigatto JAT, Pavarini SP, et al. Neoplasmas oculares e de anexos em cães e gatos no Rio Grande do Sul: 265 casos (2009 -2014). Pesq Vet Bras. 2015 Jan;35(1):49–54. https://doi.org/10.1590/S0100-736X2015000100011

12. Newkirk KM, Rohrbach BW. A retrospective study of eyelid tumors from 43 cats. Vet Pathol. 2009 May;46(5):916–27. https://doi.org/10.1354/vp.08-VP-0205-N-FL

13. Maggs DJ. Eyelids. In: Maggs DJ, Miller PE, Ofri R, editors. Slatter’s fundamentals of veterinary ophthalmology. 5th ed. Philadelphia: Saunders; 2013. p. 110–39.

14. Grahn BH, Peiffer RL. Veterinary ophthalmic pathology. In: Gelatt K, Gilger BC, Kern TJ, editors. Veterinary ophthalmology. 5th ed. Ames: Wiley-Blackwell; 2013. p. 435–523.

15. Wiggans KT, Hoover CE, Ehrhart EJ, Wobeser BK, Cohen LB, Gionfriddo JR. Malignant transformation of a putative eyelid papilloma to squamous cell carcinoma in a dog. Vet Ophthalmol. 2013 July;12(1):105–12. https://doi.org/10.1111/j.1463-5224.2012.01062.x

16. Stiles J. Feline ophthalmology. In: Gelatt K, Gilger BC, Kern TJ, editors. Veterinary ophthalmology. 5th ed. Ames: Wiley-Blackwell; 2013. p. 1477–85.

17. Beckwith-Cohen B, Teixeira LBC, Ramos-Vara JA, Dubielzig RR. Squamous papillomas of the conjunctiva in dogs. Vet Pathol. 2014 Oct;52(4):676–80. https://doi.org/10.1177/0300985814556185

18. Lange CE, Jennings SH, Diallo A, Lions J. Canine papillomavirus types 1 and 2 in classical papillomas: High abundance, different morphological associations and frequent co-infections. Vet J. 2019 Aug;250:1–5. https://doi.org/10.1016/j.tvjl.2019.05.016

19. Ota-Kurori J, Ragsdale JM, Bawa B, Wakamatsu M, Kurori K. Intraocular and periocular lymphoma in dogs and cats: a retrospective review of 21 cases (2001–2012). Vet Ophthalmol. 2014 Nov;17(6):389–96. https://doi.org/10.1111/vop.12106

20. Schulman FY, Johnson TO, Facemire PR, Fanburg-Smith JC. Feline peripheral nerve sheath tumors: histologic, immunohistochemical, and clinicopathologic correlation (59 tumors in 53 cats). Vet Pathol. 2009 July;46(6):1166–80. https://doi.org/10.1354/vp.08-VP-0327-S-FL

21. Berlato D, Serras AR, Riera MM, Rasotto R. Marginal resection and adjuvant strontium plesiotherapy in the management of feline eyelid malignant peripheral nerve sheath tumours: two cases. J Feline Med Surg. 2016 July;2(2):2055116916674863. https://doi.org/10.1177/2055116916674863

22. White ME, Yang C, Hokamp JA, Wellman ML. Fibrosarcoma with sarcomatosis and metastasis in a FeLV-negative cat. Vet Clin Pathol. 2020 Mar;49(1):143–46. https://doi.org/10.1111/vcp.12842

23. Giudice C, Muscolo MC, Rondena M, Crotti A, Grieco V. Eyelid multiple cysts of the apocrine gland of Moll in Persian cats. J Feline Med Surg. 2009 Jun;11(6):487–91. https://doi.org/10.1016/j.jfms.2008.11.006

24. Pigatto JAT, Albuquerque L, Becker MB, Silva TC, Driemeier D. Eyelid apocrine hidrocystomas in a cat. Act Scient Vet. 2016 Jul;44(1):128–31. https://doi.org/10.22456/1679-9216.84705

25. Yang SH, Liu CH, Hsu CD, Yeh LS, Lin CT. Use of chemical ablation with trichloroacetic acid to treat eyelid apocrine hidrocystomas in a cat. J Am Vet Med Assoc. 2007 Apr;230(8):1170–3. https://doi.org/10.2460/javma.230.8.1170

26. Peña MT, Leiva M. Canine conjunctivitis and blepharitis. Vet Clin North AM Small Anim Pract. 2008 Mar;38(2):233–49. https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2007.12.001

27. Soimala T, Lübke-Becker A, Hanke D, Eichhorn I, Febler A, Schwarz S et al. Molecular and phenotypic characterization of methicillin-resistant Staphylococcus pseudintermedius from ocular surfaces of dogs and cats suffering from ophthalmological diseases. Vet Microbiol. 2020 May;244:108687. https://doi.org/10.1016/j.vetmic.2020.108687

28. Pimenta P, Alves-Pimenta S, Barros J, Pereira MJ, Maltez L, Maduro AP et al. Blepharitis due to Cryptococcus neoformans in a cat from northern Portugal. JFMS Open Rep. 2015 Jul;1(2):2055116915593963. https://doi.org/10.1177/2055116915593963

29. Allbaugh RA, Sthur CM. Thermal cautery of the canine third eyelid for treatment of cartilage eversion. Vet Ophthtalmol. 2013 Sep;16(5):392–5. https://doi.org/10.1111/vop.12012

30. Mazzucchelli S, Vaillant MD, Wéverberg F, Arnold-Tavernier H, Honneger N, Payen G, et al. Retrospective study of 155 cases of prolapse of the nictitating membrane gland in dogs. Vet Rec. 2012 Apr;70(17):443–45. https://doi.org/10.1136/vr.100587

31. Chahory S, Crasta M, Trio S, Clerc B. Three cases of prolapse of the nictitans gland in cats. Vet Ophthalmol. 2004 Nov–Dec;7(6):417–19. https://doi.org/10.1111/j.1463-5224.2004.04039.x

32. Cooper S. The canine third eyelid. UK Vet Comp Anim. 2010 July;15:52–7.

33. Antunes MIPP, Borges AS. Síndrome de Horner em cães e gatos. Vet Zootec. 2011 Set;18(3):339–46.

34. Penderis J. Diagnosis of horner’s syndrome in dogs and cats. In Pract. 2015 Mar;37(3):107–19. https://doi.org/10.1136/inp.h861

35. Corrêa LFD, Santalucia S, Oliveira MT, Souza FW, Pohl VH, Feranti JPS, et al. Síndrome de haw em gatos. Act Scient Vet. 2014;42:1–4.

36. Clarke KE, Sorrell S, Breheny C, Jepson R, Adamantos S, Milne EM, et al. Dysautonomia in 53 cats and dogs: retrospective review of clinical data and outcome. Vet Rec. 2020 Dec;187(12):e118. https://doi.org/10.1136/vr.105258

37. Pigatto JAT, Albuquerque L, Voll J, Driemeier D. Hemangiosarcoma of the third eyelid in a dog. Act Scient Vet. 2015 Jul;43(91):1–4.

38. Dees DD, Schobert CS, Dubielzig RR, Stein TJ. Third eyelid gland neoplasms of dogs and cats: a retrospective histopathologic study of 145 cases. Vet Ophthalmol. 2016 Mar;19(2):138–43. https://doi.org/10.1111/vop.12273

39. Dees DD, Knollinger AM, MacLaren NE. Carbon dioxide (CO2) laser third eyelid excision: surgical description and report of 7 cases. Vet Ophthalmol. 2015 Sept;18(5):381–84. https://doi.org/10.1111/vop.12211

40. Mathes RL, Carmichael KP, Peroni J, Moore PA. Primary lacrimal gland adenocarcinoma of the third eyelid in a horse. Vet Ophthalmol. 2011 Jan;14(1):48–54. https://doi.org/10.1111/j.1463-5224.2010.00840.x

Como citar a versão impressa deste documento

Pigatto JAT, Silva AF, Bettio M. Afecções das pálpebras em cães e gatos. In: Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais; Roza MR, Oliveira ALA, organizadores. PROMEVET Pequenos Animais: Programa de Atualização em Medicina Veterinária: Ciclo 7. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2021. p. 9–69. (Sistema de Educação Continuada a Distância; v. 1). https://doi.org/10.5935/978-65-5848-354-0.C0002

×
Avalie esse conteúdo