- Introdução
A hemostasia é um processo fisiológico mantido por uma complexa interação entre endotélio, plaquetas e fatores de coagulação. Em condições emergenciais e de desequilíbrio, pode culminar com a formação de trombos arteriais ou venosos, traduzindo-se na ocorrência de eventos coronarianos agudos, cerebrovasculares ou episódios de tromboembolismo. Nesse contexto, de forma adjuvante à terapia anticoagulante, os fármacos antiplaquetários destacam-se no manejo dessas condições.
Situações que cursam com lesão e descontinuidade do revestimento endotelial estimulam a adesão de plaquetas a proteínas da matriz subendotelial. Essa interação ativa sinais intracelulares que promoverão a liberação de ADP, adrenalina, serotonina, trombina e tromboxano A2, potentes agonistas da ativação plaquetária. Uma vez ativadas, ocorre a ligação dos complexos de glicoproteína IIb-IIIa ao fibrinogênio, constituindo-se na etapa final da agregação das plaquetas e geração do trombo.
Os fatores ativadores desse processo e seus receptores tornaram-se alvos para o desenvolvimento de agentes antitrombóticos. A medicina baseada em evidências possibilitou o advento, a implementação e o refinamento da abordagem terapêutica atual. Entretanto, mediante uma maior expectativa de vida da população e a coexistência de múltiplas comorbidades, deparamo-nos frequentemente com cenários clínicos em que o risco de complicações isquêmicas caminha lado a lado ao risco de complicações hemorrágicas. Assim, faz-se necessário um domínio pleno do arsenal antiplaquetário no que tange a sua indicação, dosagem e momento de administração.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:
- conhecer as principais indicações da terapia antiplaquetária no contexto das emergências médicas;
- reconhecer as diferentes classes de antiplaquetários, suas características farmacológicas e aplicabilidade clínica;
- diferenciar as particularidades que envolvem a dupla antiagregação plaquetária, seus componentes, momento da prescrição e duração;
- compreender os conceitos que regem a prática contemporânea quanto ao uso de antiplaquetários, sobretudo a individualização do tratamento e a busca pelo binômio eficácia e segurança.
- Esquema conceitual