Objetivos
Após o final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- compreender a evolução das técnicas de apendicectomia ao longo do tempo;
- identificar os benefícios e desafios das abordagens laparoscópica e robótica;
- reconhecer as situações especiais e contraindicações na cirurgia de apendicite;
- reconhecer as técnicas de dissecção e tratamento do coto apendicular na apendicectomia.
Esquema conceitual
Introdução
A apendicite aguda é a indicação mais comum para cirurgia abdominal de emergência nos Estados Unidos e no mundo em geral. Aproximadamente 180.000 adultos são submetidos à apendicectomia anualmente nos EUA.1,2 A probabilidade de que alguém seja submetido à apendicectomia em sua vida é 23%.3,4
A abordagem do acesso laparotômico para apendicectomia foi introduzida por Charles McBurney, em 1893, e serviu como padrão de abordagem por um século, até que Kurt Semm executou a primeira apendicectomia laparoscópica em 1981.5 Desde a sua introdução, a apendicectomia laparoscópica está associada à diminuição do risco de dor, a menos infecções e a menor tempo de internação hospitalar.6,7
A apendicectomia laparoscópica foi sugerida como abordagem padrão-ouro para o tratamento cirúrgico da apendicite aguda e crônica mais tarde, em 1997.8 Contudo, somente em 2016 é que a apendicectomia laparoscópica foi oficialmente estabelecida como padrão-ouro de atendimento por Guerico et al.9
Em 2008, foi descrita a primeira apendicectomia robótica por Akl et al. como uma apendicectomia incidental durante um procedimento eletivo cirúrgico ginecológico pélvico.8 Mais tarde, em 2013, Stephen Pereira realizou o primeiro trabalho assistido por apendicectomia robótica para apendicite aguda.10
A técnica cirúrgica endoscópica transluminal por orifícios naturais (NOTES) envolve o acesso à cavidade abdominal através de uma perfuração intencional de uma víscera (p.ex.: estômago, reto, vagina, bexiga urinária) com um endoscópio flexível para acessar a cavidade abdominal e realizar uma exploração intra-abdominal.
De maneira geral, ainda no Brasil, a apendicectomia é realizada por via convencional,11 embora não haja dúvida de que o padrão-ouro da abordagem dessa afecção seja a via minimamente invasiva, ou seja, videolaparoscopia. Para se ter uma noção de como isso deve ou pode ser executado, é necessário saber, em primeiro lugar, as posições em que o apêndice cecal pode ser encontrado com suas variações anatômicas.