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ASMA OCUPACIONAL: DIAGNÓSTICO, MANEJO E MEDIDAS PREVENTIVAS

Carlos Nunes Tietboehl Filho

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • identificar as atividades de trabalho que levam à asma ocupacional (AOasma ocupacional);
  • reconhecer as diferentes apresentações da AOasma ocupacional;
  • conduzir a investigação de uma suposta AOasma ocupacional;
  • estruturar a história de exposição ocupacional do paciente;
  • solicitar e interpretar os resultados dos testes diagnósticos;
  • adotar a conduta mais adequada diante de um caso confirmado;
  • promover as medidas de prevenção necessárias para proteger os expostos a agentes causais ou portadores de AOasma ocupacional.

Esquema conceitual

Introdução

A AOasma ocupacional é considerada, hoje, a principal doença respiratória relacionada ao trabalho. A sua importância se deve à prevalência elevada, ao potencial incapacitante e às repercussões econômicas e sociais que traz para a vida de trabalhadores e empregadores.

A associação entre trabalho e sintomas respiratórios foi mencionada pela primeira vez por Hipócrates (460–370 a.C.). Em 1713, Bernardino Ramazzini (1633–1714), em sua obra De Morbis Artificum Diatriba, descreveu diversas doenças respiratórias ocupacionais associadas a fatores nocivos presentes nos locais de trabalho.1

Com a Revolução Industrial iniciada no século XVIII, a economia agrária da Europa se transformou. Homens, mulheres e crianças provenientes do campo se empregaram na indústria têxtil e na metalurgia, onde adoeciam por ficarem expostos a poeiras orgânicas e fumos metálicos durante longas jornadas de trabalho. Mais tarde, com o desenvolvimento da tecnologia no século XX, um número crescente de outros agentes nocivos à saúde foi introduzido nos ambientes de trabalho.

Nos últimos 70 anos, foram publicados vários estudos de casos clínicos de asma relacionada ao trabalho (ARTasma relacionada ao trabalho) a partir da exposição a gases, fumaças e material particulado (aerodispersoides). O nexo causal entre agente e hospedeiro foi sendo pouco a pouco confirmado por meio de estudos experimentais em laboratório e, posteriormente, através de avaliações epidemiológicas transversais e longitudinais controladas em populações expostas.2

Os aerodispersoides são partículas sólidas, líquidas ou gasosas que ficam em suspensão no ar. A presença nos ambientes de trabalho decorre da transformação da matéria-prima ou adição de substâncias químicas ao processo de produção. As partículas que são inaladas e penetram nas vias aéreas inferiores têm diâmetro aerodinâmico equivalente menor que 10μm. Quando isso ocorre em indivíduos suscetíveis, os aerodispersoides provocam uma reação inflamatória na mucosa das vias aéreas inferiores que reduz o fluxo aéreo e se manifesta através de um quadro clínico característico, denominado asma.

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