Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

• descrever o processo histórico das doenças do trabalho;
• explicar os conceitos de doença do trabalho e doença profissional;
• classificar as doenças conforme os grupos de Schilling;
• explicar e exemplificar o adoecimento e o risco ocupacional no processo saúde/doença;
• apresentar o conceito e a elaboração de um programa de gestão para doenças do trabalho;
• descrever e analisar os principais aspectos de alguns programas específicos de gestão de doenças;
• identificar as principais medidas de proteção e prevenção na gestão das doenças do trabalho;
• demonstrar as boas práticas para a gestão das doenças.

Esquema conceitual

Introdução

O aumento da competitividade é uma certeza em um mundo cada vez mais globalizado e conectado, ao passo que novas tecnologias surgem de forma cada vez mais acelerada. Esses fatores impõem reestruturações rápidas de mercado e modificações das cadeias de negócios para se alinhar às novas demandas por produtividade e sustentabilidade. Isso também exige um dinamismo intenso das organizações e de suas diferentes áreas, que devem estar atentas às novas ferramentas que surgem para auxiliar na melhoria dos processos.¹

Nesse contexto, existem sistemas específicos de gestão, estruturados para o aumento da qualidade de produtos, serviços e processos; preocupação com meio ambiente; melhor relacionamento com a sociedade; saúde e segurança ocupacional; entre outros; que não apenas ajudam a alcançar maior rentabilidade, mas também a transformar as pressões de mercado em vantagens competitivas. Assim sendo, a saúde ocupacional é decisiva para as empresas, uma vez que esse sistema, em particular, promove a saúde e a satisfação dos trabalhadores, melhora os resultados operacionais e a imagem da organização, possibilitando novas oportunidades de crescimento.¹

Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimam que 2,34 milhões de pessoas morrem todos os anos em virtude de acidentes e doenças relacionados com o trabalho. A grande maioria (estima-se que sejam 2,02 milhões) morre de um vasto leque de doenças ligadas à sua atividade profissional. Todos os dias, 5.500 das 6.300 mortes estimadas relacionadas com o trabalho são causadas por diversos tipos de doenças profissionais. A OIT estima também que, todos os anos, ocorrem 160 milhões de casos de doenças não mortais ligadas à atividade profissional.²

Além desses números trágicos, as enfermidades ocupacionais, quando não letais, podem levar a situações difíceis para a população ativa, como a perda temporária ou permanente de saúde, diminuição do convívio social e lazer, redução da renda familiar etc. Esse mesmo problema, sob a perspectiva das empresas, pode significar redução da produtividade, aumento de absenteísmo, ações judiciais onerosas, perdas financeiras, piora da imagem, entre outros, levando também a uma menor capacidade de sustentação de empregos, tão importante para a economia de um país.²

Por isso mesmo, a gestão das doenças do trabalho também precisa ser pautada na melhoria dos processos laborais em seus vários aspectos, dentre eles criação de ambientes mais saudáveis; acesso à informação e à educação em saúde; desenvolvimento de habilidades para uma vida saudável; motivação dos trabalhadores; reorganização dos serviços de saúde; controle do absenteísmo.

Os custos das doenças profissionais e das doenças relacionadas ao trabalho podem levar os trabalhadores e suas famílias à pobreza, reduzir a produtividade e a capacidade de trabalho, e agravar drasticamente os gastos em cuidados de saúde. A OIT estima que os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais resultam em uma perda de 4% ao ano no produto interno bruto (PIB) mundial, ou cerca de 2,8 trilhões de dólares (com base no PIB de 2012), em custos diretos e indiretos com lesões e doenças.²